Para algumas mães, o Dia das Mães não é feito de flores, mas de silêncio. É o dia em que o amor permanece, mas o colo fica vazio. Quando a ordem natural da vida se inverte e o filho parte antes da mãe, o mundo parece perder o compasso. Ainda assim, essas mães seguem sendo mães com um amor que não tem fim, mesmo que a presença física tenha cessado.
É isso que tem vivido a mãe, Morgana Curcino. A sua filha Ashley faleceu no dia 29/02/2024 aos 22 anos de idade, menos de um mês depois de passar por transplante de medula óssea, do qual Morgana foi doadora. Ela vinha lutando contra infecções desde fevereiro de 2022, mas somente em novembro de 2023 recebeu o diagnóstico de uma doença genética rara. Menos de quatro meses após o diagnóstico ela faleceu.
A reportagem do Jornal Cidades do Vale entrevistou Morgana. Confira na íntegra o sentimento, e como tem sido esses momentos difíceis na vida dela:
JCV - Quais são as lembranças mais bonitas que você guarda dela?
Morgana: Guardo a lembrança de uma filha muito amorosa, carinhosa, muito presente. Ela era muito ligada a nós. Não saía sozinha, sempre conosco. Uma menina simples, muito forte, resiliente, de muita luz, com muita força, fé e serenidade. Muito dedicada aos estudos, muito educada e dócil com todos que convivia.
JCV - Como você tem se sentido ultimamente?
Morgana: Perder um filho é a maior dor do mundo! Mas eu não perdi minha filha, eu a ganhei por 22 anos! Por 22 anos Deus me emprestou uma filha maravilhosa! Sinto muita saudade dela todos os dias, a cada segundo do meu dia. Estou em busca do meu autoconhecimento, porque depois que uma mãe devolve um filho para Deus, ela não se reconhece mais, ela precisa se reencontrar com ela mesma. Estou vivendo um dia de cada vez. Alguns dias com muita paz, outros dias com muita dor.
JCV - O que tem te ajudado a seguir em frente nos dias mais difíceis?
Morgana: Deus, a espiritualidade, meus outros dois filhos e ela, minha doce filha. Dois meses após a partida dela eu comecei a trabalhar e isso também tem me ajudado muito a me manter em pé. Também faço terapia.
JCV - Tem algo que você gostaria que as pessoas entendessem melhor sobre a sua dor?
Morgana: Sim. Quem perde os pais é órfão. Quem perde o companheiro (a) é viúva (o). Mas quem perde um filho, é o que? Não existe nome, é uma dor sem nome. Gostaria que a sociedade compreendesse que não existe superação para a morte de um filho. Existe um recomeço, mas superação, não. Não tem como superar a partida de um filho. Você supera uma separação, a perda de um emprego, de algo material. Mas a morte de um filho não. Gostaria muito que as pessoas aprendessem a respeitar a dor de uma mãe e de um pai e que não os julgassem.
JCV - Como você gostaria que sua filha seja lembrada?
Morgana: Quero que ela seja lembrada como uma menina resiliente, forte, determinada, dócil, educada. Minha filha enfrentou a doença dela de cabeça erguida, estudou doente, fez o Enem durante o tratamento, debilitada. No último Enem dela, faltou apenas 50 pontos para a aprovação em Medicina que ela tanto sonhava. Que os jovens possam se espelhar na força e determinação que ela tinha, que mesmo em meio a tantas dificuldades nunca deixou de lutar e de acreditar na cura dela.
JCV -O que mudou na sua forma de ver a vida depois da partida da sua filha?
Morgana: Aprendi que estamos aqui só de passagem e que nada aqui é nosso, tudo nos é emprestado. Bens materiais não possuem valor algum, são só coisas que nos são emprestadas para usufruirmos enquanto estivermos aqui. Aprendi que devemos auxiliar quem precisa e que sempre terá alguém do nosso lado precisando de ajuda, seja de um abraço, seja de uma peça de roupa ou de um alimento. Hoje tenho consciência de que a minha vida não será mais a mesma e de que meu sorriso não terá mais a mesma alegria, porque falta um pedaço meu aqui. Depois de um acontecimento desses não tem mais como ser 100% feliz, mas 60% eu acredito que dê e eu vou em busca disso. Hoje estou me permitindo viver intensamente o meu luto, acredito que não podemos pular isso.
JCV - Quais foram os momentos mais difíceis desse processo de luto?
Morgana: O dia da despedida e o dia a dia. A ausência física dela no dia a dia dói demais. O acordar pela manhã é muito difícil, sair da cama e enfrentar o dia sem ela. Chegar em casa à tardinha e não a encontrar é sempre muito difícil. As datas comemorativas também são parte muito difícil neste processo.
JCV - Você encontrou apoio em alguma rede, grupo ou espiritualidade?
Morgana: Sim. Assim que tudo aconteceu, busquei ajuda psicológica e faço acompanhamento até hoje. Também comecei a participar de grupos de mães enlutadas, onde todas compartilham suas histórias e experiências. Comecei a ler muitos livros de autoajuda e livros espíritas. Passei a frequentar as missas. Busco inspiração em outras mães que já passaram por isso. Converso muito com outras mães enlutadas. Me inspiro muito na Cissa Guimarães e na Ana Carolina Oliveira (mãe da Isabela Nardoni).
JCV - Como tem sido manter viva a memória dela no dia a dia?
Morgana: Eu faço questão. Sempre gostei muito de fotografia, sempre tive fotos dos meus filhos pela casa, sempre gostei de registrar todos os momentos deles e depois que tudo aconteceu espalhei mais fotos pela casa. Também sempre gostei muito de postar nas redes sociais e de escrever e isso se intensificou com a partida dela. Através das redes sociais consigo expressar a minha dor e manter a memória dela viva. Penso em quem sabe um dia, escrever um livro sobre ela e que possa servir para acalentar os corações de outras mães.
JCV - Como é para você seguir sendo mãe todos os dias, dividindo o luto com o amor e os cuidados pelos outros filhos?
Morgana: É difícil explicar... Ser mãe todos os dias depois da perda é como aprender a viver com uma parte de mim faltando, é um exercício constante de amor e força. É um grande desafio, um desafio diário, porque a gente fica tão focada na nossa dor, naquela ausência do filho que partiu, que corremos o risco de acabar deixando os outros filhos de lado. Eu sempre dividi essa preocupação com a minha psicóloga, esse medo de acabar negligenciando o meu papel de mãe com os meus outros filhos. O luto está sempre ali, às vezes ele me engole, outras vezes ele só me acompanha. Ao mesmo tempo, meus filhos que estão aqui me puxam para a vida, eles são luz e motivo para continuar. Eles precisam de mim, e eu preciso deles. Cuidar deles, vê-los crescer, rir e sonhar, me lembra que o amor é maior que a dor. O amor que sinto por eles me dá forças, mesmo nos dias em que tudo parece pesado demais. Eu aprendi que posso sentir saudade e amor ao mesmo tempo. Posso chorar por quem se foi e sorrir por quem está aqui. E é assim que eu sigo: um dia de cada vez, tentando ser a melhor mãe que consigo ser, mesmo com o coração em pedaços. É difícil, mas também é uma forma de honrar quem partiu e valorizar intensamente quem está comigo.
JCV - Algo que tu queira acrescentar:
Morgana: A vida aqui é uma passagem, é muito rápida e nos pega de surpresa muitas vezes. A gente nunca pensa que as coisas vão acontecer com a gente. Eu nunca imaginei que um dia Deus me pediria um dos meus filhos de volta. Se você tem algo para resolver com alguém, resolva enquanto ainda há tempo, peça desculpas, abrace, diga que ama. Minha filha sabia o quanto eu a amava. Ela foi embora sabendo disso, sabendo que eu sempre fiz tudo e faria muito mais. Vivemos sempre numa correria, como se não fossemos morrer um dia e esquecemos do quão preciosa a vida é. A minha filha queria muito viver, lutou muito até o último segundo. Tinha sonhos e planos para ela e para nós. Eu aprendi muito com ela e tenho certeza do nosso reencontro. Enquanto esse dia não chega, eu vou seguir minha caminhada honrando a memória dela.
A mamãe de Agudo, Roberta Schmengler, 24 anos, viveu o primeiro Dia das Mães, ao lado do pequeno Gonçalo Schmengler Franke, com 14 dias de vida nesta segunda -feira (12). Roberta, a Beta, é filha da Márcia Schmengler, irmã da Amanda, e viveu a experiência de ser mãe. Em entrevista à reportagem, ela contou que sempre quis ter um filho. “Falava para a minha mãe que meu sonho era ter minha família. Esse era um pensamento meu. Muitos pensam em adquirir bens materiais, mas eu sempre tive esse desejo de ter meu filho. Claro, não foi planejado, mas aconteceu, e, desde o primeiro dia, ele foi muito amado”, relatou.
Roberta e Felipe Franke, o pai do Gonçalo, lembram como foi a descoberta da gravidez. “A Roberta começou a sentir uns sintomas: muito sono, uns desejos estranhos, tipo comer doce com salgado. Eu fiquei observando e pensei: isso aí não está normal. Aí conversamos e, no domingo, dia 8 de setembro de 2024, ela fez o teste. Isso está muito vivo na minha memória, foi à noite. Eu fiquei no quarto, e ela veio. Até pensou em fazer surpresa, mas não conseguiu. Chegou e disse que tinha dado positivo. Não tivemos reação, só rimos, e, a partir daí, começou um misto de sentimentos”, contou Felipe.
Após o positivo no teste de farmácia, Roberta contou que fez o exame de sangue para ter certeza. “Os testes de farmácia estão cada vez mais certeiros, mas, claro, a gente fez o de sangue, e confirmou. Então, fui procurar os médicos, fazer os exames, o pré-natal, acompanhar o desenvolvimento do bebê. Até então não sabíamos o sexo, mas sempre tive a convicção de que era um menino. O Felipe achava que era menina, mas, no fim, veio o Gonçalo.”
Roberta relatou que o período da gravidez foi tranquilo. “Sentia só muita dor de cabeça e azia. Foi isso que mais senti. De resto, parecia tudo normal. Claro, fui sentindo com o tempo a mudança no corpo, a barriga crescendo. Mas posso dizer que, comparado com outras mamães, foi bem tranquilo. No final, sim, fiquei bastante inchada, mas isso faz parte”, disse ela.
Em relação ao parto, Beta disse que já havia decidido que seria cesárea. “Isso ficou definido desde o começo. Procuramos um plano de saúde e já organizamos tudo. Queria ganhar em Agudo, mas infelizmente não fechou a equipe. Então, ele nasceu no Hospital de Caridade São Roque, em Faxinal do Soturno, onde fomos bem tratados, com um atendimento diferenciado. Não estava nervosa, até chegar no bloco cirúrgico. Inclusive, minha pressão subiu muito, mas depois, com medicação, deu tudo certo. E às 8h34 do dia 28 de abril, o Gonçalo veio ao mundo com 3.640g e 49cm”, lembrou ela.
A chegada de Gonçalo, de acordo com a mãe Roberta, foi emocionante. “Foi muito natural. Pedi para colocar uma música, a equipe que me atendeu me passou muita tranquilidade, e o Felipe esteve ao meu lado o tempo todo. Fiquei consciente, e, quando ouvi o choro dele, pensei: agora eu sou mãe. É um sentimento inexplicável. A gente sente muita coisa ao mesmo tempo, felicidade, medo. Eu estava na expectativa de ver ele. É um momento que eu nunca vou esquecer. Foi então que levaram ele, fizeram o que era necessário, e logo depois o Felipe me trouxe ele. Então, o meu filho estava comigo. O nosso primeiro contato foi lindo.”
Gonçalo tem 11 dias de vida, completados nesta sexta-feira, e, nesse tempo, os papais relatam os desafios e o sentimento de estar com ele. “Claro, não é simples. É tudo novo, a gente se preocupa, quer cuidar, mas estamos vivendo os nossos melhores 11 dias da vida. Tudo compensa quando olhamos para ele. Estamos recebendo muito carinho de familiares, amigos. Esse apoio também é importante. Vamos aprendendo todos os dias com cada descoberta. É uma fase desafiadora, mas de muito amor”, disse Felipe.
Por fim, Roberta ressalta a importância de escolher um pai parceiro. “O Felipe é um paizão. Ele sempre gostou de criança, como eu. Então, ele tem feito tudo: dá banho, troca, faz comida, limpa a casa. Enfim, é um momento de muita cumplicidade entre nós também. Porque eu venho de uma cesárea e mesmo estando tudo bem, fico um pouco limitada e ele comigo me dá mais segurança. Sabemos que tem muita coisa pela frente, mas vamos sempre fazer o melhor pelo nosso filho”, concluiu.
Um acidente com ônibus da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), ocorrido na sexta-feira (4), em Imigrante, no Vale do Taquari, vitimou sete pessoas, entre elas, a bancária Flavia Marcuzzo Dotto, 44 anos, de Vale Vêneto, distrito de São João do Polêsine. Na sexta-feira, Flavia viajava no ônibus do Colégio Politécnico como aluna do curso de Paisagismo.
A prima segunda e comadre, Jussara Maria Bortoluzzi, disse à reportagem do Jornal Cidades do Vale que o momento é muito difícil. “Nós éramos comadres, amigas, confidentes, uma irmã, pois só tínhamos irmãos homens, então tínhamos essa cumplicidade de irmãs mesmo”, contou ela.
Questionada como era a Flavia no dia a dia, Jussara a descreve como sendo um ser de luz. “A Flávia era luz, uma fortaleza, mesmo quando parecia estar fragilizada. Era muito bom estar perto da Flavia e amar a Flávia. Como me disse o irmão dela depois que recebemos a trágica notícia: ‘Ju, quem amou, amou’, porque quem a conheceu não tinha como não amá-la. Onde ela chegava, brilhava, contagiava com seu sorriso, que era lindo. Ela era linda, alegre, essa era a Flavia. Sempre de bem com a vida, contagiando quem estava ao redor. E guerreira perante a criação de seus filhos e cuidando dos familiares. Que ela cumpriu a missão dela brilhantemente”.
A comadre conta que a relação era de muitos encontros. “Tínhamos relação de irmãs, de se falar e se ver para o mate, ou o vinho, ou um espumante, sempre que dava, mas principalmente o mate. Ela amava seu chimarrão. Quando íamos para algum lugar, ela sempre dizia: ‘Eu levo o mate, comadre’. Morávamos próximas em Santa Maria e também de nossos pais em Vale Vêneto. E também de viagens, fizemos várias viagens juntas, e, de novo, a Flavia era nossa guia: fazia o roteiro, nossa historiadora (comprava livros dos lugares que íamos visitar para sabermos a história antes), organizava tudo, comprava as passagens, os tickets de trem, metrô, reserva de hotéis, tudo organizado. Ela amava viajar. E eu conheci todos os lugares que sonhei conhecer porque ela se empenhou em organizar. Eu só embarquei e fui, e por isso sou eternamente grata”, relembra Jussara.
Jussara conta que conhecia Flavia desde criança. “A gente se conhecia desde criança, porque quando eu estudava, tinha meus dez, onze anos, eu parava na casa da avó dela, em Vale Vêneto, porque era mais perto do colégio para estudar. Então, o avô dela era irmão da minha avó, então eu parava para estudar. Ela era uma bebê, e eu conhecia a Flávia. A Flavinha era linda, era uma boneca. A gente foi crescendo e, no final de semana, sempre no Vale, ela vinha, e eu ficava esperando para a gente brincar. Na faculdade, cursamos o mesmo curso, eu antes e ela depois, Ciências Contábeis, na Universidade Federal de Santa Maria. Ela casou e veio a família dela, e eu fui dinda, e veio crescendo assim até sexta passada. Essa amizade, essa cumplicidade de viagens... então a gente se conheceu muito criança ainda, antes dos meus 10 anos. A nossa diferença de idade é de cinco anos, ela 44, eu 49.”
Em relação ao sonho de Flavia, Jussara conta que era construir uma casa em Vale Vêneto. “Ela queria morar em Vale Vêneto. Como ela dizia: ‘Minha tranquilidade, minha paz, meu chimarrão, na minha casa, no meu canto, em Vale Vêneto.’ Esse era o sonho dela, recente assim, e acho que ela já estava quase concretizando. Ela estava vendo já local, projeto, então era um sonho já muito palpável na vida dela. Também fazer a faculdade de Paisagismo. Ela me contou uma semana antes que ela ia fazer alguma coisa por ela, que ela gostava, que era a faculdade de Paisagismo, que ela iria iniciar em março, final de março, e estava empolgadíssima, já tinha comprado um livro de plantas, porque ela amava plantas. E então esse era o sonho recente que ela estava realizando: o da faculdade e o da casa em Vale Vêneto.”
Jussara diz que tem sido difícil aceitar o que aconteceu. “É como um pesadelo. A gente tenta aceitar, por ela, mas ainda é difícil. Ela tinha uma presença tão forte, tão cheia de luz, que parece que, a qualquer momento, vai voltar. Mesmo depois de termos nos despedido, ainda espero ouvir sua voz: ‘Oi, comadre! Vai passar aqui hoje?’ A ausência dela ainda não foi assimilada. A dor é grande, constante, e todos sentimos isso. Esperamos que, com o tempo, essa dor vire saudade. Mas, por enquanto, parece que ela ainda está por aqui, e que a qualquer instante vai aparecer com aquele jeitinho doce e meigo de sempre.”
A notícia do falecimento de Flavia chegou a Jussara por meio do irmão dela, que atua junto com ela na Prefeitura de Polêsine. “Quis o destino que ele estivesse perto de mim nesse momento. Almoçamos juntos, ele foi ao banheiro e voltou branco, e não conseguia se expressar. Quando me mostrou o acidente no celular, eu não estava entendendo, e ele me disse: ‘A Flávia estava nesse ônibus.’ Eu até então não sabia que ela tinha viajado. E, a partir daí, começamos a ligar e ficamos sem informações. Sabíamos que ela tinha ido na viagem, mas a universidade não confirmava nada. O irmão ligava para o celular dela e ninguém atendia. Então foi uma tarde de desespero. Passado das 18h, recebemos a confirmação do falecimento”, contou.
Colegas do banco de Faxinal do Soturno lembram com muito carinho da Flavia.
Flavia Marcuzzo Dotto iniciou sua trajetória no Banrisul em 14/12/2009, na Agência Baltazar Garcia, em Porto Alegre. Visando conciliar a sua atividade profissional com a vida pessoal, transferiu-se para a Agência de Faxinal do Soturno em 1º/03/2012. Em pouco tempo, sua competência ficou evidenciada. No mesmo ano, foi selecionada para desempenhar uma função especializada junto à Plataforma da Pessoa Jurídica de Grandes Empresas na Superintendência Fronteira, em Santa Maria, onde ficou por aproximadamente seis anos. Sempre na busca de novos desafios, transferiu-se para o atendimento da pessoa física em 2018. Pelo notável desempenho, em 2021, foi selecionada para a função de Operadora de Negócios da pessoa física, retornando para a Agência Faxinal do Soturno como responsável pelo gerenciamento de uma carteira de 650 clientes. Em 07/2022, retornou para a AG Medianeira, em Santa Maria, no desempenho da mesma função.
Marcos Cezar Roggia Ragagnin e Sandra Streppel:
“O que falar da nossa amada colega e amiga Flavia Marcuzzo Dotto? Nem todas as palavras do mundo seriam suficientes para expressar o quanto ela era especial, fora da curva, extraordinária. Só de tocar no teu nome, a voz já embarga e o peito aperta. Viveu uma vida pessoal e profissional plena, buscava descansar principalmente aos finais de semana em Vale Vêneto, onde recebia amigos e compartilhava bons momentos junto à família. Estava em um momento muito feliz da sua vida, retomando os estudos através do curso de Paisagismo — um sonho e um hobby que se concretizavam. Era uma mãe, esposa, irmã, filha e amiga exemplar, sempre pronta e preocupada em ajudar todos ao seu redor. Apaixonada por viagens, sempre organizando e pensando o próximo destino. Mulher forte, determinada e inquieta, sempre disposta a aprender e a reunir as pessoas que gostava. Deixou marcas profundas na vida de quem teve a honra de conviver contigo. Teu legado e tua energia contagiante jamais serão esquecidos. Ficam as boas lembranças e a certeza de que cumpriu sua jornada com maestria. Um exemplo a ser seguido de resiliência e empatia. Só podemos dizer que sentiremos muitas saudades... Zela por nós e pela tua família aí de cima. Você era luz, e como você sempre dizia em momentos difíceis: ‘Acalma teu coração’.”
Nilza De David Chelotti, amiga e colega da Flavia:
“É difícil colocar em palavras o que sentimos quando alguém tão especial parte. Flávia não era apenas uma colega — foi uma amiga generosa, uma presença luminosa e constante em nossas vidas. Sua partida deixa um vazio profundo, mas também uma imensa gratidão por termos compartilhado com ela tantos momentos maravilhosos, de alegria e leveza. Flavinha tinha esse dom raro de transformar o ambiente ao seu redor com um sorriso, com uma palavra de apoio, com o seu jeito acolhedor e cheio de luz. Era daquelas pessoas que escutava de verdade, que enxergava além das aparências e que sabia estar presente de forma íntegra e sincera. A sua amizade foi um presente que levaremos para sempre no coração. É impossível não sentir saudade — da sua risada, das conversas, dos abraços, da força tranquila que transmitia mesmo nos momentos difíceis. Mas escolhemos lembrar da Flávia com a ternura que ela nos ensinou: celebrando sua vida, sua coragem, sua sensibilidade e a beleza que espalhou por onde passou. Seguiremos em frente, levando um pouco da sua luz em cada gesto de carinho, em cada ato de gentileza. E guardaremos com afeto a memória de quem soube ser colega, amiga, companheira e inspiração. Obrigada, Flavia, por tudo o que você foi e continuará sendo em nós. Com amor e saudade.”
Nas águas da Barragem da Usina de Itaúba, em Pinhal Grande, há um pescador que se destaca não apenas pelo ofício, mas pela companhia inusitada que leva a cada jornada. Silvio Dias, mais conhecido como Bodinho, é um verdadeiro ribeirinho. Com a sua canoa e uma tripulação fiel, ele sai pelo rio ao lado de seus oito companheiros inseparáveis – mas não são humanos, e sim cães aventureiros.
Bingo, Mana, O Mano, Chico, Princesa, Cólera, Beto Vem e Colerinha são os parceiros fiéis de Bodinho. Sem nunca terem recebido qualquer tipo de treinamento, os cachorros aprenderam sozinhos a se equilibrar na canoa e a embarcar nas pescarias diárias. “Ninguém ensinou, eles aprenderam por conta própria”, conta Bodinho com orgulho, enquanto observa a tropa navegadora tomar posição para mais um dia de pesca.
Além de viver da pesca, Bodinho também é um grande defensor da natureza. Para ele, preservar o rio e seus arredores é tão essencial quanto garantir o peixe do dia. E com uma tripulação dessas, a pesca nunca é solitária – pelo contrário, é uma verdadeira aventura, onde lealdade e amizade navegam juntas pelas águas de Itaúba.
O faxinalense Pedro Afonso Scapin Belbon Taborda, 10 anos, foi selecionado para compor a base da Chapecoense, em Chapecó (SC). Filho de Neide Scapin e de Nicksandro Taborda, Pedro joga futebol desde seus quatro anos de idade, seu maior incentivador e admirador foi seu pai Nicksandro. Em entrevista ao Jornal Cidades do Vale, Neide contou como é a convivência do filho no dia-a-dia e a sua paixão pelo futebol. Confira a entrevista na íntegra.
JCV - Como é o Pedro no cotidiano, na escola?
Neide - Pedro, é um guri exemplar, um coração gigante, muito dedicado, mas bastante genioso, à semana dele aqui no Sul já era puxada, fazia personal três vezes na semana, duas horas de inglês semanal, treinava no Cruzeiro com o prof. Jorge 2 vezes na semana, estudava no Adelina, das 07h às 11h30. Alimentação regrada. Sempre que podia, estava com uma bola debaixo do braço. Guri determinado com seus objetivos, na escola sempre foi bem, acredita em Deus, ama sua família, leal com os amigos, apaixonado pelos primos e pela mana Renata.
JCV - Quando o Pedro se interessou pelo futebol?
Neide - Pedro joga futebol desde seus quatro anos de idade, seu maior incentivador e admirador é seu pai, Nicksandro. Na escolinha da Chapecoense de Santa Maria, coordenada pelo professor e técnico Tiago Duarte e seus assistentes Gleisson Vasconcelos e Elisandro Dalanora. Muito competitivo, não entra em campo para perder. No decorrer destes 06 anos de jogador da Chapecoense de Santa Maria, conquistou vários títulos de campeão, das sub´s quais ele representou, este ano foi campeão com a equipe da Escolinha Chapecoense de Santa Maria, na Copa PRS, marcando seus 08 gols. Na copa de aniversário da Chapecoense, dia 08 de março, marcou seus 06 gols, nesta trajetória conquistou suas 20 medalhas algumas delas entre artilheiro, jogador destaque e goleador.
JCV - Para qual time ele torce (Grêmio, Inter ou pra própria Chape)?
Neide - Colorado de alma e coração e claro o time da Chapecoense.
JCV - Como chegou o convite pra jogar na Chapecoense?
Neide - Tiago Duarte, o técnico dele, encaminhou para uma avaliação de três dias em Chapecó, no final da copa de aniversário da escolinha da chape, dia 08 de março após receber o troféu de campeão da sub 11, fomos para Chapecó, Pedro, pai e mãe. Lá ele participou de avaliações com a corporação técnica responsável. Voltamos para o sul , cheios de alegria de poder participar com ele em um momento muito importante da vida dele, e aguardando o resultado que só iria sair dia 14 de março. Na terça-feira dia 14 veio o resultado. Recebemos a notícia de que o Pedro havia passado nas avaliações, e que na quinta feira às 14h era para se apresentar em Chapecó.
JCV - Qual foi a reação da família?
Neide - Um misto de muitas emoções, entre alegrias um tanto de preocupação, pela mudança repentina, mas soubemos administrar o momento e apoiar ele, em conversa perguntei se ele estava preparado, me respondeu com segurança que sim, que ele iria, e daria o melhor dele como sempre, e que Deus havia ouvido suas orações, isso nos tranquilizou, e seguimos para Chapecó na quinta-feira, para ver moradia e colégio, ele seguiu dizendo, nunca foi sorte sempre foi Deus.
JCV - Com quem o Pedro vai morar em Chapecó?
Neide - Vai morar com o pai. Ele será acompanhado em todos os momentos, pela sua família.
JCV - Como está o coração de mãe? Tranquilo?
Neide - Mesmo sabendo que faz parte da vida e por ele ter apenas 10 anos de idade, o coração apertado, misturado de orgulho e saudade. Entre nós existe um amor imenso que supera qualquer distância. Todos os dias nos falamos e ele está super seguro, focado.
O ditado popular: ‘O cachorro é o melhor amigo do homem’, foi mais uma vez comprovado na localidade de Val Veronês, interior de Faxinal do Soturno. Com 80 anos, Nelson Minuzzi, faleceu no início do mês, e a reação do cachorro Lobinho, chamou a atenção. O animal acompanhou toda a cerimônia de despedida e foi ao cemitério acompanhar o enterro, daquele que diariamente convivia com ele, e era o responsável pela sua alimentação.
O sobrinho, Sérgio Minuzzi, contou para a reportagem do Jornal Cidades do Vale, que o cachorro, com frequência vai até o cemitério. “O tio Nelson, dava comida para ele todos os dias, faz uns três anos mais ou menos que ele convivia com a gente. Pegamos na comunidade de Guarda-Mor, bem pequeno, e até achei que não ia crescer tanto, mas cresceu, e se apegou muito a nós, e quando o tio faleceu, ele sentiu, acompanhou o velório, vai às vezes lá no cemitério”, contou.
No dia 8 de março é comemorado o Dia Internacional da Mulher. A data celebra as muitas conquistas femininas ao longo dos últimos séculos, mas também serve como um alerta sobre os graves problemas de gênero que persistem em todo o mundo. O Dia Internacional da Mulher é comemorado mundialmente no dia 8 de março, porque em 1917 milhares de mulheres se reuniram no protesto na Rússia que ficou conhecido como "Pão e Paz". Nesse protesto, as mulheres reivindicaram melhores condições de trabalho e de vida, lutaram contra a fome e a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). A comemoração do Dia Internacional da Mulher frisa a importância da mulher na sociedade e a história da luta pelos seus direitos. A reportagem do Jornal Cidades do Vale, buscou homenagear as mulheres por meio de três figuras que se destacam em seus locais de atuação, na região. A empresária e cantora Juliana Dalmolin Spanevello, a presidente da Câmara de Vereadores de Agudo, Graciela de Lima Barchet e a ex-presidente da Associação das Trabalhadoras Rurais de Paraíso do Sul, Líria Catarina Weise Parreira.
Saiba mais sobre a rotina de Juliana Dalmolin Spanevello
JCV - Como foi o despertar para a música? Que idade começou?
Juliana - Comecei cedo, desde muito pequena fui incentivada pela família, fazia aulas, participava do CTG até que com 11 anos de idade comecei a participar de festivais de música, e a partir daí nunca mais parei.
JCV - Quais foram os maiores desafios que você enfrentou como mulher no meio artístico?
Juliana - Sempre me identifiquei com músicas gaúchas mais campeiras, embora no meio musical gaúcho existia uma cultura de só serem destinados pra mulheres, os temas mais delicados. Talvez romper com o que era esperado de uma menina que se propunha a cantar música gaúcha e poder cantar as coisas que eu gostava e que me de fato me emocionavam, tenha sido um dos grandes desafios.
JCV - Como você vê a evolução da representatividade feminina na arte?
Juliana - A nossa geração faz parte de uma mudança cultural muito grande que vem acontecendo ao longo do tempo da representatividade da mulher, não só na arte, mas em todas as frentes. Não me sinto à vontade quando me é dado um espaço por ser mulher. Quero estar nos espaços por minhas competências, habilidades e talentos. Aprendemos ao longo do tempo a nos posicionar, e aprendemos a ter coragem e resiliência, e a não desistir diante dos desafios. Acho que cada vez mais testemunharemos mulheres brilhantes nos inspirando através de seus projetos pessoais, profissionais e de vida, por assumirem as rédeas de suas vidas com dedicação.
JCV - Como foi a inserção no mundo empresarial?
Juliana - Desde muito pequena estive junto, especialmente com meu pai, o acompanhando nas suas atividades. Era muito divertido brincar em meio aos baldes de lubrificantes do depósito, ou na rampa do posto, brincar na calculadora, organizar as gavetas... com o passar do tempo, ainda bem jovem, sempre tive alguma tarefa ou responsabilidade, por menor que fosse dentro dos negócios. Com o passar do tempo as responsabilidades foram aumentando, e o que era brincadeira na infância se tornou aprendizado, e vontade de aprender e realizar, produzir. Graças à abertura e suporte que sempre tive do meu pai, que segue atuante nos negócios, tenho a oportunidade de estar em constante aprendizado.
JCV - Como você avalia a importância da presença feminina na liderança empresarial?
Juliana - Ao meu ver, as mulheres tendem a trazer um estilo de liderança mais colaborativo, empático e orientado para o desenvolvimento de equipes, e das pessoas envolvidas no negócio. A presença feminina como liderança nos negócios, acaba também inspirando outras mulheres a buscarem crescimento profissional. Líderes femininas, por suas habilidades, tendem a promover ambientes de trabalho que buscam contemplar o equilíbrio entre performance e qualidade de vida, e tudo isso traz bons resultados e impacta positivamente o negócio como um todo.
JCV - Como conciliar os lugares que ocupa, empresária, mãe, esposa e artista?
Juliana - Conciliar todos esses papéis é um grande desafio, e a verdade é que não existe uma fórmula perfeita. Durante muito tempo, tentei dar conta de tudo, e isso sempre gerava ansiedade e frustração. Entendi que buscar equilíbrio não significa fazer tudo ao mesmo tempo, e sim estabelecer prioridades em cada momento. Algumas vezes, minha atenção está mais voltada para os negócios; em outras, para minha família ou para minha carreira artística. O mais importante foi aceitar que não preciso ser perfeita em todas as áreas, dou o meu melhor e busco estar presente onde sou mais necessária. Ter essa consciência, e lembrar disso todos os dias, já traz mais leveza e permite que eu aproveite cada fase sem culpa.
JCV - Que conselho você daria às novas gerações de mulheres?
Juliana - Talvez não seja "conselho" a palavra porque me sinto "aprendiz". Mas tem algo que aprendi e gostaria de compartilhar, e que talvez possa contribuir: não tentem ser tudo ao mesmo tempo e nem se cobrem por isso. Muitas vezes sentimos a pressão de expectativas irreais... mas ao meu ver, o verdadeiro sucesso está em encontrar nosso próprio equilíbrio, respeitando nossos limites e nossas escolhas. Sejam firmes nos seus propósitos, saibam a hora de dizer sim e, principalmente, a hora de dizer não. E lembrem-se: vocês não precisam provar nada para ninguém, apenas estejam alinhadas com seus propósitos, e ao que realmente querem construir.
JCV - Qual mulher te inspira e por quê?
Juliana - Como uma pessoa extremamente observadora que sou, busco aprender muito com todas as pessoas que convivo. Acho que quando estamos com esse olhar, encontramos inspiração de inúmeras formas, no dia a dia, em cada troca que temos. Encontro inspiração na figura da minha avó Maria, na minha mãe... cada uma delas imprimiu em mim alguns traços de personalidade que me tornaram a mulher que sou hoje. E atualmente, a minha maior busca, é melhorar enquanto ser humano e profissional, para ser uma boa referência e inspiração das duas joias mais preciosas da minha vida: minhas filhas.
Saiba mais sobre a rotina da presidente da Câmara de Vereadores de Agudo, Graciela de Lima Barchet
JCV - O que motivou a entrada na política?
Graciela - O desejo de poder ajudar e fazer ainda mais pelas pessoas como já o fiz ao longo dos 28 anos de serviço público, somado aos pedidos e apoio direto do povo para que eu concorresse ao cargo público.
JCV - Quais foram os maiores desafios que surgiram no início na política?
Graciela - A adaptação inicial ao pouco tempo para campanha eleitoral ao meu perfil e ideologia de fazer uma nova política diferente do atual modelo, cada visita eram longas e produtivas conversas, o que impediu de fazer mais visitas ao final, bem como conciliar atividades profissionais e pessoais junto da campanha.
JCV - Você teve alguma inspiração feminina na política?
Graciela - Além da motivação de lideranças locais, a delegada e prefeita reeleita de Santana do Livramento, Ana Tarouco foi uma forte influência e inspiração.
JCV - Que barreiras ainda precisam ser superadas para aumentar a presença feminina na política?
Graciela - As pessoas precisam acreditar que as mulheres estão cada vez mais fortes, capacitadas e prontas para exercerem suas tarefas com excelência, em lugares onde antes eram somente para homens, hoje as mulheres estão presentes na liderança de grandes empresas e organizações, e cada vez mais estará sendo protagonista no meio político, existe ainda muito receio e preconceito em relação às mulheres também na política, e vou lutar muito para que isso mude, espero ser inspiração para outras mulheres entrarem na política e transformar ainda mais nossa sociedade.
JCV - Qual conselho daria para outras mulheres que desejam entrar na política?
Graciela - Acredite sempre no seu potencial, não se subestime, a mulher tem um grande poder transformador na sociedade e muito a contribuir com políticas públicas voltadas ao desenvolvimento econômico, social, bem estar e cultural para a sociedade, a mulher é imprescindível para a nova política.
JCV - Como conciliar a vida pessoal e a vida pública?
Graciela - Minha única promessa durante a campanha foi de que eu iria me dedicar exclusivamente a política, abri mão da minha profissão pela convicção de me dedicar ao trabalho de vereadora integralmente, isso implica em dar expediente regularmente na Câmara e realizar atividades externas no atendimento às pessoas, esse é o meu compromisso, trabalho exclusivo a população que me elegeu e paga meu salário, minha vida pessoal que se mistura muito nas atividades da política consigo conciliar de boa.
JCV -O que a sociedade pode fazer para apoiar mais mulheres na política?
Graciela - Valorizar e enaltecer o grande potencial técnico e pessoal das mulheres, que cada vez mais estão ocupando grandes cargos nas organizações empresariais, instituições, associações e cargos públicos. A sociedade precisa enxergar o valor das mulheres, valorizar sua excelência pelo mérito e não por moda ou imposição, acabou o tempo que as mulheres na política era apenas para completar a cota feminina, as mulheres vieram e estão para não mais serem apenas coadjuvantes, mas sim para serem protagonistas.
JCV - Você pensa em se candidatar a cargos mais altos no futuro?
Graciela - O futuro na política depende muito do que fizemos acontecer no presente, tenho muito que aprender e a fazer, tenho ações e projetos a executar neste mandato, mas humildemente julgo ter capacitação, propósitos e muita coragem suficiente para enfrentar grandes desafios dentro da política caso o povo assim entender e quiser, entrego nas mãos de Deus e isso o tempo irá dizer e mostrar.
JCV - Algo que queira acrescentar
Não existe a real democracia sem as mulheres, a história mostra ainda uma sociedade patriarcal, e precisamos enfrentar e mudar esse cenário. Acredito muito no poder da mulher, e defendo cada vez mais sua participação e ocupação dos cargos públicos por todos os méritos e valores justamente conquistados.
Saiba a rotina da ex-presidente da Associação das Trabalhadoras Rurais de Paraíso do Sul, Líria Catarina Weise Parreira
JCV - Como foi o começo da sua participação na Associação das Trabalhadoras Rurais?
Líria - Eu já participava com o grupo na Comunidade São José do Rincão do Pinhal. Depois, quando passei a morar em Paraíso do Sul, recebi o convite da Emater para formar um grupo na Boa Vista. Daí então formamos o Unidas Venceremos e, mais tarde, presidi a Associação das Trabalhadoras Rurais por oito anos. Hoje, ainda temos o Grupo Unidas Venceremos e eu faço parte da diretoria da Associação.
JCV - A importância da Associação para as demais mulheres que vivem no meio rural?
Líria - Uma organização capaz de transformar a vida da mulher rural, dando a elas protagonismo, formando líderes em suas comunidades. Oportunizando ainda momentos de lazer e cultura.
JCV - Como foi ser mulher e assumir a liderança de um grupo que mudou a vida de muitas mulheres?
Líria - No início foi um grande desafio, pois era um grupo novo. Com o passar do tempo e sempre com o apoio da Emater, mais mulheres foram aderindo a ideia e participando dos eventos e cursos.
JCV - Como a comunidade enxerga o papel das mulheres na agricultura e o que ainda precisa mudar?
Líria - Acredito que, hoje, a comunidade consegue entender melhor o valor da mulher na agricultura. Nem sempre foi assim, tivemos muitos desafios, entre eles, a própria aposentadoria da mulher rural que foi resultado de muita luta. Eu mesma participei da Marcha das Margaridas em Brasília, quando lutamos pelos nossos direitos, demonstrando a necessidade de união e a força da mulher rural. Ela é braço forte que ajuda na lavoura e na manutenção do lar, além de cuidar dos filhos. Creio que nos grupos, as mulheres conseguem entender o quanto é importante a sua valorização, a necessidade de cuidar de si, da sua autoestima e de estar envolvida nas causas da comunidade.
JCV - Que conselho você daria às novas gerações de mulheres?
Líria - Que valorizem a experiência das suas avós e mães, mas que nunca percam a vontade de progredir, de buscar novos conhecimentos. Sejam "teimosas", nem tudo conseguimos na primeira tentativa, mas é a nossa capacidade de persistir em nossos sonhos que irá fazer a diferença.
JCV - Qual mulher te inspira e por quê?
Líria - Minha falecida mãe. A sua luta para criação dos filhos e todo amor que deu à família foi exemplo pra mim. Ela sempre gostou de ver a casa cheia, estar com os filhos e netos, dando carinho e atenção. Foi uma mulher incrível que nunca perdeu os seus valores e a sua fé.
JCV - Algo que queira acrescentar:
Líria - Lutem sempre. Existe sempre outro dia, outras pessoas e novas oportunidades
O município de Agudo vive mais uma edição do Natal Luz. O que chama a atenção no município é a ornamentação natalina que fica durante o mês todo. São centenas de luzinhas e enfeites colocados no entorno da prefeitura, na Praça da Emancipação, na Praça Padre Francisco Schuster e ao longo da Avenida Concórdia. Parte do trabalho de decoração é realizado há mais de 20 anos pelas Voluntárias do Natal. O projeto iniciou no governo de Ari Alves da Anunciação, em 2004, no gabinete da primeira-dama da época, Geni Marta. Para entender mais sobre o projeto, a reportagem do Jornal Cidades do Vale conversou com Amália Lúcia Friedrich, 95 anos, e Amália Frida Raddatz Schmengler, 94 anos, que são voluntárias no projeto desde o início.
Amália Lúcia, mesmo antes de se aposentar do seu trabalho na Escola Dom Érico Ferrari, onde atuava como serviços gerais, já colaborava com a confecção dos enfeites natalinos. “Foi uma ideia que surgiu da dona Marta, que deu certo e foi sendo abraçada pelas mulheres conforme o projeto foi acontecendo. No começo não tinha tantos enfeites como hoje, isso foi aumentando ano a ano. As voluntárias também foram vindo aos poucos”, lembrou ela.
A outra Amália já tinha experiência em costura e tricô e isso ajudou na confecção dos enfeites. “A gente se juntava e cada uma fazia e ensinava o que sabia. Eu sempre costurei e fazia tricô para vender, então já conseguia ajudar em alguma coisa. Fazíamos muitas coisas com litrões, tecidos, para decorar o município”, contou ela.
Para Amália Lúcia, participar do grupo é uma diversão até hoje. “Eu sempre gostei, desde o começo. A gente se reunia, fazia os enfeites, era tudo muito bonito como é hoje. Muitas mulheres vieram, depois desistiram, mas eu continuo e vou seguir até quando eu puder vir. O que vou fazer em casa? Ficar olhando para as paredes, aí a gente enlouquece. Tem que se manter na atividade até quando pode”, disse.
Atualmente, o grupo de voluntárias conta com mais de 30 integrantes de todas as idades, que ao longo do ano realizam encontros todas as quartas-feiras para a confecção das peças decorativas. O trabalho inicia sempre em março e finaliza em dezembro com a realização do Natal Luz no município, que ainda conta com o trabalho de servidores de outras secretarias.
Novembro Azul é uma campanha de conscientização dedicada à saúde do homem, com foco principal na prevenção e diagnóstico precoce do câncer de próstata. A reportagem do Jornal Cidades do Vale conta, nesta edição, a luta contra o câncer vencida por Elio Dalmollin, 73 anos, morador de Faxinal do Soturno. Ele foi diagnosticado com câncer em 2007, quando tinha 56 anos.
Elio conta que fazia de forma rotineira o exame de próstata, mas que naquela época não haviam campanhas e não se falava muito sobre o assunto na mídia. “A gente não tinha tantas informações, tantos estímulos assim como temos hoje para a realização dos exames. Eu fazia de forma rotineira, por mim mesmo, e mesmo assim não foi dessa forma que descobri a doença”.
De acordo com ele, uma dor no braço foi o caminho para a descoberta da doença. “Sentia muita dor no braço, parecia que formigava, então procurei o médico e disse: 'doutor, acho que tô infartando'. Ele disse que não, mas que ia pedir alguns exames de rotina. Isso em torno de quatro meses depois de eu ter feito o exame do PSA. Então pedi que ele incluísse na lista de exames o PSA de novo, e ele fez isso. Quando veio o resultado, percebi uma alteração, ainda dentro da normalidade, mas era uma diferença significativa do último exame que havia feito e nem tinha tanto tempo assim. Então fiquei com aquilo na cabeça: como poderia ter alterado tanto em tão pouco tempo? Fui para casa e aquilo ficou na minha cabeça”.
Passado um tempo, Elio, não convencido, procurou um urologista, um especialista na área. “Procurei o médico e relatei sobre a alteração. Ele então fez o exame de toque e constatou alguns nódulos, e a partir daí pediu uma biópsia. Fiz, e quando veio o resultado ele me disse que eu deveria fazer uma cirurgia, mas não havia me falado da gravidade. Saí do consultório tranquilo, pensei: 'quando passar o tempo de colheita vou fazer essa cirurgia'. E em casa deixei o resultado do exame atirado na gaveta. Um tempo depois peguei e fui ler. Lá vi escrito carcinoma e lembrei que havia lido em um livro essa palavra. Fui procurar no dicionário e aí entendi a gravidade, que se tratava de câncer e também entendi porque o médico queria que a cirurgia fosse logo”.
Com o conhecimento do diagnóstico, Elio fez a cirurgia e depois passou por 43 sessões de radioterapia. “Fiz as rádios em Porto Alegre, minha irmã morava lá, era mais fácil o acesso porque as sessões eram diárias e, felizmente, depois desse tratamento nunca mais tive alteração”, ressaltou ele.
Ele conta que saber do câncer o abalou um pouco, mas que sabia que precisava lutar para vencer a doença. “Naquela época, quando se falava em câncer, as pessoas entendiam como sentença de morte. Não vou dizer que não senti nada, claro, mas muito guardei para mim. Por alguns momentos achei que minha vida estava no fim, mas graças a Deus e com o tratamento, já se passaram mais de 10 anos, e o médico me diz que eu estou curado”, afirmou.
Finalizando, Elio destaca a importância dos exames preventivos. “Existe ainda preconceito do homem em relação ao exame, mas tenho certeza que ninguém vai perder a masculinidade por isso, e sim podem salvar suas vidas. Claro que é desconfortável, mas esse é o único jeito de ter o diagnóstico mais preciso. Então façam, não somente esses, outros também. Os homens precisam cuidar da sua saúde. Tem coisas que precisam ser descobertas cedo para ter tratamento, cura. Então eu digo para todos que procurem se prevenir e deixem esse preconceito bobo de lado”, concluiu ele.
O Dia do Músico é comemorado em 22 de novembro. A data foi escolhida por ser o dia dedicado a Santa Cecília, padroeira dos músicos na tradição cristã. Santa Cecília é associada à música porque, segundo a história, durante seu martírio, ela teria cantado hinos a Deus, simbolizando a conexão entre música e espiritualidade.
Nesse dia, músicos profissionais e amadores são homenageados por sua contribuição à cultura e à sociedade. É também uma oportunidade para valorizar a arte musical em suas diversas formas, destacando sua importância na expressão emocional, nas celebrações de tradições e na construção de identidades culturais.
Para marcar a data, o Jornal Cidades do Vale conta parte da história do músico Delano Karsburg, 53 anos, morador de Paraíso do Sul, filho de Florindo Ivan (In Memoriam). Delano cresceu no meio musical. “Desde criança, eu já convivia com a música, via os ensaios do meu pai e do seu conjunto”, lembrou ele.
Delano conta que, em 1969, seu pai iniciou o projeto Florindo Ivan e seu Conjunto. “Meu pai começou com 16 anos a tocar na Orquestra Roos em Agudo, e depois disso iniciou o conjunto. Foi um sucesso, com diversos bailes pelo estado. Ele já faleceu há seis anos, e o conjunto já não existe há mais de 20 anos, mas muita gente ainda lembra dos bailes e dele. Isso me deixa muito feliz. O Florindo e seu Conjunto marcaram época e até hoje são lembrados”, afirmou.
Com 19 anos, Delano começou a fazer parte do conjunto. “Aprendi tudo com meu pai. Comecei como técnico de som e depois tocava teclado, contrabaixo e guitarra. Na verdade, onde faltava um músico, eu ia tapar o buraco (risos). Minha primeira apresentação foi em Agudo, em 1989. Nunca vou esquecer aquele dia; nem olhei para o público, só queria tocar direitinho. Nossas apresentações eram geralmente nos finais de semana, começando na sexta e seguindo no sábado e no domingo. Lembro que o grupo era muito unido. Por vezes trocávamos alguns músicos, mas nunca tivemos problemas. Era uma família mesmo. Temos muitas histórias nas estradas pelo estado, uma época muito boa que lembro com muito carinho”, contou.
Uma das marcas do conjunto eram as músicas mexicanas. “Esse era o ponto alto das apresentações do conjunto e todo mundo lembra até hoje dos sombreros. No começo meu pai adaptou um chapéu de palha, mas com o tempo tivemos acesso aos autênticos chapéus mexicanos, era um momento de muito animação, era algo diferente que trouxemos para a região e foi muito bem aceito”, contou Delano.
Em relação à evolução, Delano comenta que os tempos são outros. “As novas tecnologias chegaram com tudo no meio musical, com equipamentos diferentes e mais modernos. Hoje, já se toca um instrumento pelo celular, então as coisas foram mudando, por um lado, para melhor, mas por outro, nem tanto. A gente nota que não se tem mais bandas com tantos integrantes, e isso fez com que os grupos mais antigos acabassem se desfazendo, muito em função de custos. O contratante hoje, na sua maioria, prefere uma banda mais em conta. Claro que há as consolidadas, que ainda estão no cenário, mas me refiro às menores, que demandam mais dinheiro. Dependendo do músico, atualmente, ele consegue fazer sozinho um baile, com diversos estilos de música, e isso gera menos custo”, destacou.
Atualmente, Delano conta que ainda tem a música em sua vida. “Sou advogado, mas a música faz parte de mim. Não toco mais profissionalmente, mas seguidamente me reúno com um grupo de amigos e fazemos um som para relembrar os velhos tempos”, concluiu.