O município de Agudo vive mais uma edição do Natal Luz. O que chama a atenção no município é a ornamentação natalina que fica durante o mês todo. São centenas de luzinhas e enfeites colocados no entorno da prefeitura, na Praça da Emancipação, na Praça Padre Francisco Schuster e ao longo da Avenida Concórdia. Parte do trabalho de decoração é realizado há mais de 20 anos pelas Voluntárias do Natal. O projeto iniciou no governo de Ari Alves da Anunciação, em 2004, no gabinete da primeira-dama da época, Geni Marta. Para entender mais sobre o projeto, a reportagem do Jornal Cidades do Vale conversou com Amália Lúcia Friedrich, 95 anos, e Amália Frida Raddatz Schmengler, 94 anos, que são voluntárias no projeto desde o início.
Amália Lúcia, mesmo antes de se aposentar do seu trabalho na Escola Dom Érico Ferrari, onde atuava como serviços gerais, já colaborava com a confecção dos enfeites natalinos. “Foi uma ideia que surgiu da dona Marta, que deu certo e foi sendo abraçada pelas mulheres conforme o projeto foi acontecendo. No começo não tinha tantos enfeites como hoje, isso foi aumentando ano a ano. As voluntárias também foram vindo aos poucos”, lembrou ela.
A outra Amália já tinha experiência em costura e tricô e isso ajudou na confecção dos enfeites. “A gente se juntava e cada uma fazia e ensinava o que sabia. Eu sempre costurei e fazia tricô para vender, então já conseguia ajudar em alguma coisa. Fazíamos muitas coisas com litrões, tecidos, para decorar o município”, contou ela.
Para Amália Lúcia, participar do grupo é uma diversão até hoje. “Eu sempre gostei, desde o começo. A gente se reunia, fazia os enfeites, era tudo muito bonito como é hoje. Muitas mulheres vieram, depois desistiram, mas eu continuo e vou seguir até quando eu puder vir. O que vou fazer em casa? Ficar olhando para as paredes, aí a gente enlouquece. Tem que se manter na atividade até quando pode”, disse.
Atualmente, o grupo de voluntárias conta com mais de 30 integrantes de todas as idades, que ao longo do ano realizam encontros todas as quartas-feiras para a confecção das peças decorativas. O trabalho inicia sempre em março e finaliza em dezembro com a realização do Natal Luz no município, que ainda conta com o trabalho de servidores de outras secretarias.
Novembro Azul é uma campanha de conscientização dedicada à saúde do homem, com foco principal na prevenção e diagnóstico precoce do câncer de próstata. A reportagem do Jornal Cidades do Vale conta, nesta edição, a luta contra o câncer vencida por Elio Dalmollin, 73 anos, morador de Faxinal do Soturno. Ele foi diagnosticado com câncer em 2007, quando tinha 56 anos.
Elio conta que fazia de forma rotineira o exame de próstata, mas que naquela época não haviam campanhas e não se falava muito sobre o assunto na mídia. “A gente não tinha tantas informações, tantos estímulos assim como temos hoje para a realização dos exames. Eu fazia de forma rotineira, por mim mesmo, e mesmo assim não foi dessa forma que descobri a doença”.
De acordo com ele, uma dor no braço foi o caminho para a descoberta da doença. “Sentia muita dor no braço, parecia que formigava, então procurei o médico e disse: 'doutor, acho que tô infartando'. Ele disse que não, mas que ia pedir alguns exames de rotina. Isso em torno de quatro meses depois de eu ter feito o exame do PSA. Então pedi que ele incluísse na lista de exames o PSA de novo, e ele fez isso. Quando veio o resultado, percebi uma alteração, ainda dentro da normalidade, mas era uma diferença significativa do último exame que havia feito e nem tinha tanto tempo assim. Então fiquei com aquilo na cabeça: como poderia ter alterado tanto em tão pouco tempo? Fui para casa e aquilo ficou na minha cabeça”.
Passado um tempo, Elio, não convencido, procurou um urologista, um especialista na área. “Procurei o médico e relatei sobre a alteração. Ele então fez o exame de toque e constatou alguns nódulos, e a partir daí pediu uma biópsia. Fiz, e quando veio o resultado ele me disse que eu deveria fazer uma cirurgia, mas não havia me falado da gravidade. Saí do consultório tranquilo, pensei: 'quando passar o tempo de colheita vou fazer essa cirurgia'. E em casa deixei o resultado do exame atirado na gaveta. Um tempo depois peguei e fui ler. Lá vi escrito carcinoma e lembrei que havia lido em um livro essa palavra. Fui procurar no dicionário e aí entendi a gravidade, que se tratava de câncer e também entendi porque o médico queria que a cirurgia fosse logo”.
Com o conhecimento do diagnóstico, Elio fez a cirurgia e depois passou por 43 sessões de radioterapia. “Fiz as rádios em Porto Alegre, minha irmã morava lá, era mais fácil o acesso porque as sessões eram diárias e, felizmente, depois desse tratamento nunca mais tive alteração”, ressaltou ele.
Ele conta que saber do câncer o abalou um pouco, mas que sabia que precisava lutar para vencer a doença. “Naquela época, quando se falava em câncer, as pessoas entendiam como sentença de morte. Não vou dizer que não senti nada, claro, mas muito guardei para mim. Por alguns momentos achei que minha vida estava no fim, mas graças a Deus e com o tratamento, já se passaram mais de 10 anos, e o médico me diz que eu estou curado”, afirmou.
Finalizando, Elio destaca a importância dos exames preventivos. “Existe ainda preconceito do homem em relação ao exame, mas tenho certeza que ninguém vai perder a masculinidade por isso, e sim podem salvar suas vidas. Claro que é desconfortável, mas esse é o único jeito de ter o diagnóstico mais preciso. Então façam, não somente esses, outros também. Os homens precisam cuidar da sua saúde. Tem coisas que precisam ser descobertas cedo para ter tratamento, cura. Então eu digo para todos que procurem se prevenir e deixem esse preconceito bobo de lado”, concluiu ele.
O Dia do Músico é comemorado em 22 de novembro. A data foi escolhida por ser o dia dedicado a Santa Cecília, padroeira dos músicos na tradição cristã. Santa Cecília é associada à música porque, segundo a história, durante seu martírio, ela teria cantado hinos a Deus, simbolizando a conexão entre música e espiritualidade.
Nesse dia, músicos profissionais e amadores são homenageados por sua contribuição à cultura e à sociedade. É também uma oportunidade para valorizar a arte musical em suas diversas formas, destacando sua importância na expressão emocional, nas celebrações de tradições e na construção de identidades culturais.
Para marcar a data, o Jornal Cidades do Vale conta parte da história do músico Delano Karsburg, 53 anos, morador de Paraíso do Sul, filho de Florindo Ivan (In Memoriam). Delano cresceu no meio musical. “Desde criança, eu já convivia com a música, via os ensaios do meu pai e do seu conjunto”, lembrou ele.
Delano conta que, em 1969, seu pai iniciou o projeto Florindo Ivan e seu Conjunto. “Meu pai começou com 16 anos a tocar na Orquestra Roos em Agudo, e depois disso iniciou o conjunto. Foi um sucesso, com diversos bailes pelo estado. Ele já faleceu há seis anos, e o conjunto já não existe há mais de 20 anos, mas muita gente ainda lembra dos bailes e dele. Isso me deixa muito feliz. O Florindo e seu Conjunto marcaram época e até hoje são lembrados”, afirmou.
Com 19 anos, Delano começou a fazer parte do conjunto. “Aprendi tudo com meu pai. Comecei como técnico de som e depois tocava teclado, contrabaixo e guitarra. Na verdade, onde faltava um músico, eu ia tapar o buraco (risos). Minha primeira apresentação foi em Agudo, em 1989. Nunca vou esquecer aquele dia; nem olhei para o público, só queria tocar direitinho. Nossas apresentações eram geralmente nos finais de semana, começando na sexta e seguindo no sábado e no domingo. Lembro que o grupo era muito unido. Por vezes trocávamos alguns músicos, mas nunca tivemos problemas. Era uma família mesmo. Temos muitas histórias nas estradas pelo estado, uma época muito boa que lembro com muito carinho”, contou.
Uma das marcas do conjunto eram as músicas mexicanas. “Esse era o ponto alto das apresentações do conjunto e todo mundo lembra até hoje dos sombreros. No começo meu pai adaptou um chapéu de palha, mas com o tempo tivemos acesso aos autênticos chapéus mexicanos, era um momento de muito animação, era algo diferente que trouxemos para a região e foi muito bem aceito”, contou Delano.
Em relação à evolução, Delano comenta que os tempos são outros. “As novas tecnologias chegaram com tudo no meio musical, com equipamentos diferentes e mais modernos. Hoje, já se toca um instrumento pelo celular, então as coisas foram mudando, por um lado, para melhor, mas por outro, nem tanto. A gente nota que não se tem mais bandas com tantos integrantes, e isso fez com que os grupos mais antigos acabassem se desfazendo, muito em função de custos. O contratante hoje, na sua maioria, prefere uma banda mais em conta. Claro que há as consolidadas, que ainda estão no cenário, mas me refiro às menores, que demandam mais dinheiro. Dependendo do músico, atualmente, ele consegue fazer sozinho um baile, com diversos estilos de música, e isso gera menos custo”, destacou.
Atualmente, Delano conta que ainda tem a música em sua vida. “Sou advogado, mas a música faz parte de mim. Não toco mais profissionalmente, mas seguidamente me reúno com um grupo de amigos e fazemos um som para relembrar os velhos tempos”, concluiu.
A presença de mulheres na política é essencial para a representatividade e a promoção da igualdade de gênero em decisões públicas. Historicamente sub-representadas, as mulheres enfrentam desafios como preconceito, discriminação e dificuldades para conciliar vida pessoal e carreira política. Contudo, a crescente participação feminina tem impulsionado políticas mais inclusivas, trazendo à tona temas como igualdade de gênero, saúde, educação e direitos sociais. A inclusão de mulheres nos espaços de poder fortalece a democracia e contribui para uma sociedade mais justa e equilibrada. O Jornal Cidades do Vale destaca a participação de três mulheres na política na Quarta Colônia. Para contextualizar a inserção da mulher, confira a entrevista com Valserina Maria Bulegon Gassen, primeira prefeita de São João do Polêsine, 82 anos, e também com as duas mulheres eleitas prefeitas em 2024. Jaqueline Milanesi em Polêsine, e a primeira prefeita mulher de Nova Palma, Jucemara Rossato, 57 anos.
Valserina Maria Bulegon Gassen - primeira prefeita de São João do Polêsine
O que a motivou a entrar na política, especialmente em um momento em que poucas mulheres ocupavam cargos de liderança?
No decorrer do processo como gestora educacional, o envolvimento no movimento do processo emancipatório de São João do Polêsine, me fez conhecer a gestão política, e após a campanha do sim criando o município, foi automático que minha comunidade me indicasse para ser a candidata para concorrer ao cargo de primeira prefeita, com o êxito do pleito descobri um novo perfil, além da educação, a política.
Qual foi o maior desafio que enfrentou ao iniciar sua carreira política?
O desafio foi dar início a organização da parte legal das primeiras leis municipais, com poucos funcionários, onde cada um levava suas ferramentas de trabalho, sua cadeira para sentar, sem máquinas para dar atenção nas estradas, agricultura e obras de um modo geral. Ou seja, um desafio de iniciar uma gestão política, junto com o início de um novo município, um trabalho de engajamento com a comunidade e os primeiros funcionários entusiasmados. Nascia ali o progresso São João do Polesine.
Houve alguém que a inspirou ou influenciou em sua jornada política?
Prefiro não citar nomes, são tantos que desde minha juventude me influenciaram na tomada de decisões ao longo do processo de gestão escolar e na emancipação.
Como foi a reação da comunidade local quando você decidiu se candidatar pela primeira vez?
Foi por aclamação que eu fosse a 1° candidata a prefeita da cidade que eu tive a honra de liderar junto com os integrantes da comissão emancipatória.
Você já enfrentou preconceitos ou situações de discriminação por ser mulher? Como lidou com esses momentos?
Não. Em momento algum tive momentos de preconceito ou discriminação, sempre ocupei o meu lugar de liderança com ética e respeito.
Como você vê a evolução do papel das mulheres na política local nos últimos anos?
Crescendo, pois no ano de 1993 éramos 2 prefeitas no estado e algumas vereadoras, e como podemos ver hoje são muitas mulheres ocupando cargos de liderança na política.
Como foi equilibrar a vida pessoal e familiar com a vida pública e política?
Harmonicamente, pois sempre tive uma família que me deu suporte e apoio, pois sempre trabalhei fora em turno integral.
Em sua visão, quais são os principais desafios que as mulheres ainda enfrentam para alcançar posições de liderança política?
O principal desafio é adquirir conhecimento e se dispor a enfrentar o processo de construção de uma carreira política que tem os desafios de vitórias e derrotas.
Que conselhos daria para jovens mulheres que estão pensando em seguir uma carreira política?
Devem sempre se envolver com os assuntos da comunidade, acompanhar as ações das políticas públicas, para agregar conhecimento na política.
9 - Algo que queira acrescentar:
Acrescento que desde 1993 inicio da minha atuação na política, nunca mais fiquei fora de participações políticas, começaria e faria tudo novamente, foram ações e mediações geraram desenvolvimento local e regional. Ocupando cargos de prefeita, secretária Executiva da AmCentro e CONDESUS, Diretora de Captação de Recursos da Prefeitura de Santa Maria, com inúmeras participações em conselhos, comitês, entre outros participações voluntarias, que me proporcionaram um vasto conhecimento e fazem de mim hoje posso dizer que sou uma empreendedora política e pública.
Jucemara Rossato - Prefeita eleita de Nova Palma
JCV- Como foi a sua inserção na política?
Jucemara: Iniciei em 2020 a partir de uma brincadeira com o presidente do partido me convidando para concorrer a vereadora e acabei me elegendo e depois posteriormente então o convite para concorrer ao executivo
JCV - Qual é o significado pessoal e histórico de ser a primeira mulher eleita prefeita em Nova Palma?
Jucemara: Um grande desafio e um ato de coragem por vivermos em uma sociedade conservadora acredito que a mulher pelo fato de ter a sensibilidade aguçada lida com mais sutileza em questões mais racionais
JCV - Durante a campanha, você percebeu que o fato de ser mulher trouxe desafios ou oportunidades diferentes?
Jucemara: Muito muito mais oportunidades pois senti em cada casa que visitava o sorriso das pessoas e muitos pais de ex alunos e alunos meus e isso foi muito gratificante
JCV - Você acredita que sua visão feminina influencia na forma como aborda as questões da cidade?
Jucemara: Sim, pois sou envolvimento e participação feminina é muito importante em todas as esferas da vida social econômica e cultural e como conduzi minha trajetória profissional refletiu diretamente no resultado
JCV - Como pretende inspirar outras mulheres e jovens a se envolverem na política local?
Jucemara: Trabalhando de forma transparente e focada na gestão pública com clareza e objetividade
JCV - Em que áreas específicas você gostaria de ver mais mulheres ocupando espaços de liderança na administração pública?
Jucemara: Sabemos que cada um ou cada uma tem um projeto de vida já estabelecido. Acreditar no potencial individual não é uma opção e sim é tomar posse do que já é seu, portanto quem decidir por esse caminho é imperdoável desistir. E saber que temos que fazer a diferença na sociedade
JCV - Que mensagem você gostaria de deixar para meninas e mulheres da cidade que sonham com uma carreira na política?
Eu quero dizer para cada um para cada uma que a vida é feita de escolhas,a todo momento nós escolhemos. Quero também um dia poder dizer para minha filha que quando a vida me pediu um ato de coragem eu não desisti.
Jaqueline Milanesi - Prefeita eleita de São João do Polêsine
JCV: Como foi a sua inserção na política?
Jaqueline: Minha inserção na política foi indireta. Não pensava em ocupar um cargo público, embora sempre fui muito ativa na comunidade, de forma voluntária, em associações, educação e clubes de serviço. Acabei atendendo ao chamado da comunidade, que há tempos demonstrava interesse em me ver na gestão pública. Foi assim que entrei na política e hoje sou prefeita eleita.
JCV: Durante a campanha, o fato de ser mulher trouxe desafios ou oportunidades diferentes?
Jaqueline: Acredito que ser mulher trouxe oportunidades. O jeito feminino de fazer negócios e política cria um ambiente mais participativo. Isso enriquece as discussões e envolve as pessoas em busca de soluções. A abordagem feminina permite construir novas possibilidades e ambientes mais colaborativos, onde todos se sintam responsáveis.
JCV: Você acredita que sua visão feminina influencia na forma como aborda as questões da cidade?
Jaqueline: Sim, a visão feminina influencia na abordagem e resolução das questões. As mulheres têm uma percepção mais ampla e se preocupam com detalhes. Elas têm grande capacidade de resolver problemas, embora muitas vezes falte a decisão, que é mais comum nos homens. A participação feminina traz discussões mais abertas e envolventes, o que pode levar a melhorias significativas. O que de repente falta hoje na mulher é a decisão, que é aí que eu vejo que é algo que nós temos que trabalhar, a grande maioria das mulheres hoje, elas têm uma capacidade gigante de resolução de problemas, só que elas não decidem. Elas precisam desse reforço que é muito mais masculino da decisão. Eu tenho que fazer isso, vai lá e faz. Os homens são muito pragmáticos, muito diretos.
JCV: Como pretende inspirar outras mulheres e jovens a se envolverem na política local?
Jaqueline: A inspiração vem do exemplo. Não adianta ter uma boa narrativa se não houver ações condizentes. O exemplo de execução e resultado é o que inspira. Criar grupos de trabalho e mostrar que fazemos política a todo momento, até em conversas cotidianas, pode ajudar a resgatar a imagem da política e engajar mais pessoas. Então, eu tenho certeza que a grande inspiração hoje que a gente se torna pro outro é o que a gente faz. E eu sempre tive isso muito claro na minha cabeça, uma frase que ela é inspiradora, que agora não sei de quem foi, mas que o discurso emociona, mas é o exemplo que arrasta. Então, hoje nós temos que ter essa clareza, que não adianta nós ficarmos na boa conversa só.
JCV: Em que áreas específicas você gostaria de ver mais mulheres ocupando espaços de liderança na administração pública?
Jaqueline: Não especificaria áreas, pois todos os lugares são importantes, desde que a mulher esteja convicta e dando o seu melhor. Então, pra mim é muito crucial ser feliz naquilo que faz, que no momento que eu sou feliz, que eu me encontro fazendo aquilo, eu vou entregar meu melhor. A complementaridade entre homens e mulheres é saudável e necessária. O lugar da mulher é onde ela se sente confortável e estimulada a fazer o melhor.
JCV: Que mensagem você gostaria de deixar para meninas e mulheres da cidade que sonham com uma carreira na política?
Jaqueline: Não se limitem a si mesmas e não se baseiem na opinião dos outros. Conheçam o que lhes faz feliz e busquem seu propósito. Política é algo que fazemos a todo momento. Mantenham sua integridade e busquem conhecimento e contatos. Entendam que a vida pública pode ser difícil, mas também pode ser leve se estiverem conectadas com seu propósito. Não é a opinião do outro, não é o achismo do outro, e sim aquilo que nos conecta com a nossa verdade e aquilo que nós queremos levar.
O Dia do Radialista, comemorado em 7 de novembro, é uma homenagem aos profissionais que trabalham na rádio, um dos meios de comunicação mais antigos e acessíveis no Brasil. Esses profissionais desempenham um papel vital na sociedade, levando informação, música, notícias e entretenimento a milhões de pessoas diariamente, especialmente em áreas remotas onde outros meios não podem chegar. Para homenagear todos os radialistas da região, a reportagem do Jornal Cidades Vale conheceu a história de Ubirajá Falcão da Rocha, que, com 20 anos, teve início sua carreira no rádio.
Falcão conta que iniciou na Rádio União, em Porto Alegre, onde gravava comerciais. “Iniciei na Capital, tinha muita facilidade na interpretação de textos e por isso acabei desempenhando essa função e depois fui para Tupanciretã, onde mesmo sem experiência iniciei minha trajetória de narrador, fui aprendendo na prática, foi uma experiência diferente que exigiu muito. Tem uma fita com o áudio da minha primeira narração, eu nunca quis ouvir (risos), a gente brinca, mas no começo é assim, com o tempo a gente vai melhorando e evoluindo e assim foi comigo”, lembrou ele.
Em 1979, ele teve a primeira passagem na Rádio São Roque para narrar futebol. “Vim para desempenhar a função de narrador, acredito que seja uma das coisas que mais mexe com o imaginário dos ouvintes, quem narra precisa descrever os lances de tal maneira que a gente coloque o ouvinte dentro do campo, que ele visualize o lance a partir do que escuta e a emoção que transmitimos”, contou Falcão. Ele, depois, teve uma passagem de dois anos em Santa Catarina. “Em 1984 fui para Santa Catarina onde também tive um período de muita aprendizagem, a gente quando sai acaba expandindo um pouco o nosso conhecimento”.
Em 1984, ele voltou de forma definitiva para São Roque, onde passou a atuar em outras áreas da rádio. “Segui na narração, mas também comecei a fazer locução. Primeiro um programa à tarde e depois passei para o horário da manhã. Era uma responsabilidade muito grande, éramos a única rádio na região, além de Santa Maria, e por isso nossa audiência era massiva, além de que a comunicação era de forma intensa pelo rádio, não tinha tantas opções como hoje”, ressaltou.
Falcão salienta a participação dos ouvintes. “Éramos os artistas da cidade na época, as pessoas tinham curiosidade, vinham de longe aqui na rádio nos conhecer, mandavam cartas, era uma troca muito interessante que tínhamos. Queriam saber como funcionava a rádio, não é que nem hoje que tem câmeras nos estúdios, dá para ver o locutor trabalhando, então tinha uma magia muito grande, que mexia muito com o imaginário da comunidade”.
De acordo com Falcão, uma das inspirações dele na época era o Sayão Lobato. “Para aprender mais, a gente ouvia muito outras rádios e ele foi um grande mestre. Ele trabalhou na Rádio Farroupilha, tive o prazer de ser vizinho dele e ele me dava muitas dicas, e com ele aprendi muitas das coisas”.
No futebol, Ubirajara conta que um dos jogos marcantes foi em Cachoeira do Sul. “Nós fazíamos jogos da dupla Grenal, íamos no Beira-Rio, na época no Olímpico, mas em Cachoeira do Sul fizemos Internacional e Cachoeira, e a nossa cabine ficou ao lado da Rádio Gaúcha, deu um frio na barriga, estava do lado, por exemplo, do Lauro Quadros, foi um dia memorável”, contou Falcão. Na região, o destaque dos eventos esportivos, conforme Falcão, foi o Campeonato Estadual de Futebol Amador. “Tínhamos equipes que foram crescendo na competição, e nós acompanhamos, era bonito ver os estádios lotados, as pessoas torciam e se envolviam com as equipes”.
Por fim, ele afirma que o dia-a-dia da rádio exigia muita criatividade. “As coisas evoluíram muito, a gente não tinha tantos recursos de internet para passar informações e tínhamos que manter o ouvinte ligado conosco, então era preciso criar, era praticamente o rádio teatro que fazíamos, com brincadeiras, sempre respeitosas, com sorteio de brindes, com a participação dos ouvintes, as músicas na maioria eram eles que pediam, e a gente rodava, para muitos era no rádio que ouvia a sua música preferida. O rádio é apaixonante”, concluiu.
A profissão de merendeira escolar envolve a preparação e o fornecimento de refeições para alunos e funcionários em escolas. No dia 30 de outubro é celebrado o Dia das Merendeiras, elas são responsáveis por planejar e organizar o preparo dos alimentos, garantindo que as refeições sejam balanceadas e sigam as normas de higiene e segurança alimentar. Elas também cuidam da limpeza da cozinha e dos utensílios, controlam o estoque de ingredientes e zelam pela qualidade e pelo sabor das refeições. Além disso, desempenham um papel importante no bem-estar dos alunos, oferecendo uma alimentação saudável que contribui para o desenvolvimento e o aprendizado dos estudantes. A reportagem do Jornal Cidades do Vale entrevistou duas das três merendeiras da Escola Dom Antônio Reis, de Faxinal do Soturno: Ciara Suzana da Silva e Caroline Schuster. Completa o grupo de funcionárias da área Rosélia da Silva Camargo.
Ciara, 60 anos, atua há três anos no educandário. “Eu comecei a trabalhar desde os oito anos, nas casas, então fui aprendendo a cozinhar. Meu último emprego foi o Hospital de Caridade São Roque, atuava também na cozinha e depois vim para cá”, afirmou. Caroline conta que sabia cozinhar, mas não era acostumada a cozinhar em grandes quantidades. “No começo é um pouco difícil, mas a gente vai se adaptando e aprende, pega o jeito, as quantidades e o número de alunos que comem a merenda”, contou.
Com horários variados, ela, nas terças e quintas-feiras, também prepara o almoço, além do lanche. “O cardápio é sempre variado, tem a nutricionista que acompanha e passa os cardápios, e a gente executa. Produtos de boa qualidade, fresquinhos, tudo é feito na hora, com muita higiene e cuidado. São em torno de 125 alunos que fazem as refeições”, contou Ciara.
De acordo com as merendeiras, a realidade atual é diferente do passado. “Tem um tempo já que as merendas dos alunos têm um controle bem rigoroso, cardápio diferente; na nossa época não era assim, comia-se um tipo de merenda a semana inteira. Agora mudou tudo, é bem balanceado”, disse Caroline.
Ciara conta que a realidade dos alunos também varia. “A gente sabe que tem alunos que fazem as melhores refeições aqui, cada um tem uma realidade, e somos muito sensíveis em relação a isso. Tem alunos que repetem, e não tem problema; o importante é estarem bem alimentados para estudarem bem.”
A vivência com os alunos é especial. “É muito bom, eles nos chamam de tia, dizem que nos amam, é um ambiente muito bom de trabalhar. A gente gosta muito deles, é por eles que temos a nossa profissão”, afirmou Ciara.
A profissão de pintor tem uma longa história que remonta à antiguidade, com exemplos de pinturas decorativas e artísticas em templos, monumentos e residências. Civilizações antigas, como os egípcios, gregos e romanos, já utilizavam pigmentos naturais para colorir paredes e esculturas, muitas vezes com propósitos religiosos, culturais ou estéticos. Dois moradores de Faxinal do Soturno se destacam nessa profissão. A reportagem do Jornal Cidades do Vale contará as histórias de Antonio Santos, 82 anos ou Nico Pintor, e Getúlio Vedoia, que atuam há muitos anos no ramo.
Nico conta que faz 65 anos que é pintor. “Comecei em Dona Francisca com o meu irmão que trabalhava de pintor, foi com ele que aprendi muitas das coisas e depois fui me interessando por esse ramo. O Vedoia trabalhou comigo, aprendi com ele muito também, pintamos algumas igrejas aqui na região, o Hospital de Caridade São Roque, enfim, diversos locais era a gente que fazia”, contou.
De acordo com Nico, no passado o trabalho era mais difícil que atualmente. “Cada momento exige mais ou menos, na nossa época as tintas não vinham praticamente prontas como vêm hoje, precisávamos misturar, tinha um tipo que passávamos uma mão e depois tínhamos que passar água para ela fixar, e assim era, agora tudo mais moderno”, relatou.
Nico ainda está na ativa. “Meus filhos falam para eu parar, mas não consigo, fazer o que em casa, então ocupo meu tempo, faço o que gosto e ainda ganho um dinheiro”, afirmou.
Getúlio conta que começou cedo na área da pintura, ainda na cidade de Soledade, onde morava. “Tinha de 14 para 15 anos, era ajudante de pintor. Eu tinha duas escolhas: ou ser pedreiro ou pintor, mas eu tinha um problema com a areia, que o barulho dela me dava dores nos dentes, então optei pela pintura. Comecei de ajudante, eu não sabia direito, uma vez fui com um outro pintor ajudar em uma casa a pintar o forro, pintei com o corpo embaixo da tinta, ao invés de ficar mais de lado do pincel, resultado foi que saí todo pintado de verde de lá. Os mais experientes também me colocavam para pintar embaixo e pintavam em cima e caía cal em mim, assim era no começo”, lembrou ele.
Ele conta que rodou por diversas cidades do Rio Grande do Sul pintando. “Sempre pegava obras grandes, comecei na rede de Bancos do Brasil em Passo Fundo, e aí depois eles foram me indicando e fui rodando diversas cidades pintando os prédios dos bancos, fui para Marau, Erechim, Carazinho, Sarandi, Três Passos, enfim, diversas cidades com esse trabalho”, contou ele.
Em 1975, ele veio morar em Faxinal do Soturno para pintar o Banco do Brasil. “Em Faxinal também pintei a igreja Matriz São Roque, e depois as outras todas na região, por exemplo, Dona Francisca, Nova Palma, Vale Vêneto, Sítio dos Melos e outras tantas. Eram torres altas para pintar, exigia muita atenção de quem trabalhasse na pintura e equipamentos de segurança”.
Getúlio também pintava silos de armazenagem de grãos. “Com esse trabalho também fiquei conhecido, ia para muitas cidades, eram locais altos, de 25 a 28 metros e nós fazíamos o trabalho. Tudo com tintas especiais para evitar que tivesse umidade, era bem desafiador e trabalhoso. Nessas pinturas, teve em toda a vida um acidente com um homem que trabalhava comigo, ele acabou falecendo ao cair do silo, foi em São Gabriel esse fato triste”, contou.
Com a grande procura pelos serviços dele, Getúlio passou a agregar funcionários. “Muitos pintores passaram pelas minhas mãos, aprenderam comigo, e trabalharam comigo. Eu cheguei a ter em um momento 25 trabalhadores com carteira assinada. Eu montava as equipes, e acompanhava os serviços nas cidades, primeiro ia acomodar eles e depois eles faziam o trabalho”.
Os filhos de Getúlio também seguiram a profissão. “Tive alguns filhos, e a maioria ingressou nessa área, outros depois acabaram saindo, isso faz parte. Eles me ajudavam, porque cresceram comigo pintando, e claro, com o tempo, maiores ajudavam direto. Tivemos muitas pinturas em locais altos e aí eles eram mais novos e facilitavam o meu trabalho”.
Por fim, ele diz que o segredo de uma boa pintura é o capricho. “Certamente precisa ser feito um serviço no capricho, com responsabilidade de prazos. Eu também tinha muito conhecimento sobre orçamento de pinturas, dizia quanto era necessário de tinta e sempre batia, isso aprendi com a vida. Analisava a superfície, se precisava de mais demãos de tinta e pedia para que eles comprassem a quantidade necessária”.
A reportagem do Jornal Cidades Vale, voltou aos locais onde havia ido produzir material na primeira semana pós desastre
Passados seis meses da enchente histórica que atingiu o Rio Grande do Sul, a reportagem do Jornal Cidades Vale voltou aos locais onde havia ido produzir material na primeira semana após o desastre. O intuito é saber dos moradores como tem sido a vida no trabalho de reconstrução. Confira algumas histórias:
Decisão de se mudar e as lembranças dos dias de pavor
José Antônio Gonçalves da Silva, 64 anos, morador de Val Veronês, interior de Silveira Martins, decidiu que não vai mais morar no local. “Tivemos bastante trabalho, algumas coisas estão no lugar, mas ainda há muita pedra, galhos, o cenário mudou pouca coisa. Fizemos uma espécie de ponte, uma passagem que não tinha, agora o transporte escolar vem até aqui. Mas decidi que não vou mais morar nesse lugar, aqui está condenado, não tem segurança nenhuma. Se Deus o livre der de novo, aqui vai ser atingido mais uma vez”, disse ele.
Sobre os dias de pavor, ele disse que ainda estão vivos na memória. “A gente só se salvou porque parou de chover. Corremos para um morro, e se tivesse mais chuva ele também ia desabar, e nós juntos. Não tínhamos alternativa. Hoje sinto muita dor nas pernas, no corpo. Consultei um médico, ele fez exames e associou ao estresse nervoso, além do esforço dobrado que fiz naquele período, tentando tirar pedras. Trabalhamos muito em volta para ajustar um pouco, são as consequências de dias de muitas dificuldades”, ressaltou José.
As lembranças a reconstrução por meio da plantação de flores e árvores
Já na Linha Seis Norte, o casal de moradores Ingo Miguel Franke e Norma Isabel Franke contou que, com o passar do tempo, o receio foi diminuindo. “Normalmente somos muito tranquilos, mas, claro, naqueles dias ficamos apreensivos. Nunca havia acontecido. No começo, quando chovia, a gente tinha um certo receio, mas isso foi passando. Ainda lembramos bem de como tudo aconteceu, mas agora estamos trabalhando na reconstrução”, contou Norma.
Norma disse que os açudes destruídos serão refeitos. “Resolvemos reformar a nossa casa, precisamos comprar eletrodomésticos e móveis novos. Pegamos uma draga para retirar uma parte dos entulhos que tinham na lateral da casa. Meu marido quer refazer os açudes que tínhamos, e isso vamos fazer. Nossa horta já está linda, cheia de produções, inclusive fizemos diversas doações de hortaliças. Plantei algumas flores, árvores frutíferas e eucaliptos. Meu herbário também ganhou vida novamente, e assim vamos entendendo o tempo da natureza e reconstruindo com muita paciência”, afirmou ela.
Nesse meio tempo, os netos de uma das filhas vieram visitar os avós. “Minha filha veio, e os meus netos também. Ela veio explicando no caminho para eles que não estava tudo como antes, que a chuva forte tinha mudado o cenário. Veio contextualizando para que, quando chegassem, soubessem do ocorrido. Eles estranharam um pouco, queriam ver os peixes e tudo mais que tínhamos, mas depois também entenderam. Em outro momento deverá vir a outra filha”, contou Norma.
Por fim, Norma fez questão de relembrar o apoio que recebeu das pessoas. “Ficamos impressionados com aqueles que vieram nos ajudar a limpar a casa na época, quando entrou barro, e depois vieram tomar mate conosco e conversar. Isso foi muito importante. Ficamos muito felizes com as atitudes deles. Em meio a tudo isso, a gente precisa enxergar as coisas boas, e essa empatia foi algo que nos marcou muito. Mais uma vez, agradeço muito a eles que nos ajudaram”, finalizou.
O recomeço em uma nova morada
O morador da Linha Seis Norte, Luiz Piccinin, 72 anos, se mudou de onde morava. “Aqui não tivemos deslizamentos, mas a água do arroio subiu muito. Foram momentos bem apreensivos. A gente já estava acostumado às cheias aqui, mas nada parecido com o que aconteceu. Minhas filhas ficaram preocupadas e falaram para a gente sair daqui. Eu entendi que não dava mais. Compramos uma casa na Linha Duas e fomos para lá morar. Abandonamos aqui.”
Luiz ainda vai até a propriedade para fazer a manutenção. No dia da entrevista, estava cortando grama. “A gente cuida, não dá para deixar o mato crescer. Temos um quiosque, onde sempre os vizinhos e familiares que tinham aniversário faziam aqui, já era combinado. Vamos marcar um sábado para nos juntar e recuperar. E, com o tempo, quem sabe vender a propriedade.”
De acordo com Luiz, a nova morada é boa. “A gente tem que se adaptar. Onde estávamos era um risco. Já estamos mais velhos e precisamos entender isso. Na nova casa não tem perigo e o deslocamento é fácil, o asfalto passa na frente e, claro, estamos seguros”, disse ele.
No passado, os relógios nas igrejas desempenhavam um papel central na vida cotidiana das comunidades, especialmente em uma época em que os relógios pessoais eram raros e caros. Os sinos tocavam em intervalos regulares, sinalizando as horas do dia para que as pessoas soubessem quando iniciar ou encerrar suas atividades, como o trabalho nos campos, refeições e orações. Na última semana, o relógio da Igreja Matriz São José, de Ivorá, passou por manutenção. Dauri Klein, 69 anos, de Marques de Souza, veio até o município e trabalhou para colocar o relógio em funcionamento. O relógio foi fabricado há muitos anos pelo alemão Bruno Swertner, morador de Estrela.
Foram alguns dias de trabalho até que o relógio voltasse a funcionar. O tesoureiro da comunidade, José Eduardo Donato, explicou que não lembra se o relógio havia passado por reparos completos antes. “A inauguração da torre e do relógio foi no dia 24 de janeiro de 1932, então fazem 92 anos que o relógio foi colocado. Ele faz parte do cotidiano da nossa comunidade. Nós fazíamos uma manutenção caseira, mas uma como essa que fizemos agora ainda não tinha sido feita. As pessoas nos cobravam, e, claro, antigamente ele guiava as pessoas; hoje, nem tanto, mas as pessoas têm o costume de ouvir o sino tocar. Então resolvemos, sim, deixá-lo em condições de funcionamento”, contou ele.
Dauri disse que trabalha com relógios desde os 16 anos. “Eu fiz um cursinho por correspondência, não tive oportunidade de fazer faculdade, então fiz esse curso profissionalizante de eletrônica e elétrica. Comecei com aqueles cucos de parede, que se dava corda manualmente, depois passei para relógios de pulso, mas também fazia de tudo: era pintor, ourives, soldador, projetista de móveis; aprendi de tudo nessa vida”, contou ele.
Ele começou a trabalhar com relógios de igreja quando o da comunidade onde ainda mora quebrou. “Tinha apenas uma pessoa que sabia mexer, ele adoeceu, e aí me procuraram e pediram para eu dar uma olhada. Curioso como sou, fui ver e consegui fazer funcionar. Desde então, fiquei responsável pela manutenção do relógio”, explicou.
Com o tempo, outras igrejas passaram a procurá-lo para manutenção. “Não havia ninguém que soubesse mexer nos relógios, então iam me chamando e eu conseguia consertar. Depois, as comunidades iam me indicando. Muitas igrejas, até por não terem técnicos, trocaram os relógios mecânicos por eletrônicos, mas isso não dava muito certo, principalmente pela manutenção. Um relógio mecânico, se estraga, a gente faz a peça manualmente. Já um eletrônico, com seu sistema diferente, exige muito mais. Então, aconteceu de eu ir a igrejas onde o eletrônico foi deixado de lado, e eles voltaram a usar o mecânico, no qual eu mexia e fazia funcionar”, relatou.
Na igreja de Ivorá, Dauri conta que foi feita toda a manutenção. “Desmontamos todo o relógio, lavamos as peças, remontamos, fizemos o que era necessário, e agora ele está em pleno funcionamento, à disposição da comunidade.”
Na terça-feira (1º), foi realizada, na sede do hospital, a assinatura do contrato para o início das obras de ampliação do Hospital de Caridade São Roque. O novo prédio terá cinco andares, com um total de 3.800 m². Nessa primeira fase serão investidos R$ 2.850.000,00 na estrutura pré-moldada que será de responsabilidade da empresa Premil de São João do Polêsine. A primeira parcela, no valor de R$450 mil, foi paga na assinatura do contrato, e o restante será pago nos próximos meses. O total de todas as fases do novo prédio está orçado em R$10 milhões e 500 mil reais.
O presidente do hospital, Roberto Cervo ‘Melão’, destacou a importância da obra para a região. “Nosso pensamento é grande, porque acreditamos que a comunidade merece uma saúde de qualidade. Estamos trabalhando de forma incansável, angariando recursos e buscando oferecer mais serviços. Com a ampliação do espaço, certamente teremos mais possibilidades de atendimento. Estamos felizes com mais esse passo que estamos dando. Somos gratos a todos os envolvidos nesse nosso processo de evolução”, afirmou.
O prazo para a conclusão dessa primeira etapa é de seis meses. E a finalização da toda obra deve ocorrer em três anos.