A ERS-348, que liga Dona Francisca a Agudo foi severamente danificada em função das enchentes de maio de 2024. Diversos trechos do asfalto foram levados com a força da água, além das cabeceiras das pontes secas.
A reportagem do Jornal Cidades do Vale foi apurar em que situação se encontra a obra de reconstrução da via 13 meses depois do fato. O Governo do Estado anunciou investimento de R$ 1,2 bilhão em obras de resiliência climática em estradas e pontes do Rio Grande do Sul afetadas pelas enchentes de 2024, entre elas a 348, mas até então, foram colocadas apenas placas de sinalização de obras, mas máquinas e canteiros de obra não existe no local. Para deslocamento, as pessoas usam o desvio de estrada de chão, como alternativa. Confira o que dizem as pessoas que são diretamente afetadas.
O que diz o Daer?
A reportagem do Jornal Cidades do Vale entrou em contato com o Departamento Autônomo de Estradas e Rodagem (Daer). Confira na íntegra as respostas recebidas na manhã de quinta-feira (12):
JCV - Qual a data de previsão das obras?
Daer - Início previsto para o 2º semestre de 2025.
JCV - Em relação ao projeto, quais as principais modificações comparado a via que foi levada com a enchente (Mais pontes?)?
Daer - A obra será por Regime de Contratação Integral (RCI), ou seja, a empresa será responsável pelo projeto e pela execução das obras. Neste momento está sendo desenvolvido o projeto, assim que for finalizado poderemos dar mais detalhes.
JCV - Haverá uma divisão nas empresas. Uma com pontes, outras com a via?
Daer - A contratação é de um consórcio de empresas. O Daer trata somente com a empresa líder.
JCV - Qual o prazo para finalização das obras?
Daer - A conclusão está prevista para 2026.
JCV - Qual o total da extensão da via que passará pela recuperação (Dona Francisca/Agudo especificamente)?
Daer - Todo o trecho.
JCV - Valor do investimento da obra?
Daer - O investimento previsto é de R$ 170 milhões.
JCV - Algo que seja necessário ser levado a conhecimento da população:
Daer - Neste momento, nada em específico.
O que diz o prefeito de Agudo, Luís Henrique Kittel?
O prefeito Luís Henrique Kittel salientou os prejuízos diretos que o município tem em função da destruição da via. “O município de Agudo foi diretamente afetado. Temos um comércio muito prestigiado pela região da Quarta Colônia, e agora o deslocamento via desvio acaba sendo um impeditivo para as pessoas virem, embora, atualmente ele esteja em total condições. Mas no começo, até pelo fato da estrada ter ficado abaixo da água, o reparo exigiu muito trabalho. Tivemos intervenção no Estado, no fechamento de um buraco maior que se formou. E esporadicamente a prefeitura de Dona Francisca também colaborou, mas o restante todo o trabalho foi feito via Agudo”.
Kittel destaca a importância da obra. “A obra de reparo é essencial, de importância regional. Não pode ser de interesse político nenhum e sim público. Até hoje, nunca fui procurado como prefeito pelo Estado, para conversar sobre a obra. O que teve sim, foi um convite em janeiro para assinatura dos lotes, e uma engenheira esteve aqui no gabinete, se apresentando como responsável pela obra. E me disse na oportunidade que buscava onde morar, e também acomodação para os funcionários da empresa, mas isso já tem mais de mês, e é isso que eu sei, sobre a reconstrução da ERS-348”, afirmou ele.
O que diz o Mauricio Barchet, presidente da Associação Comercial, Industrial de Agudo (Acisa)
O presidente da Acisa, Maurício Barchet, reforçou o que disse o prefeito Kittel, em relação ao comércio. “Fomos totalmente impactado, historicamente temos um comércio forte, que é referência na Quarta Colônia, e sem a ERS-348, o deslocamento fica mais difícil, as pessoas acabam não vindo, por medo de passar no desvio, embora a manutenção ocorre com frequência ali, mas tem gente que prefere não passar. Além disso, nós somos conhecidos por eventos, logo teremos a VolksFest, temos os jogos da AAGF, a gente sabia de pessoas que vinham dos municípios da região e hoje não vem mais. A obra é necessária, a gente aguarda, os comerciantes nos cobram, e adianto que não tendo movimentações mais concretas sobre o início dos trabalhos, também vamos nos organizar e nos mobilizar para chamar a atenção das autoridades”, disse ele.
Depoimento de quem usa o desvio:
Mônica Dall Asta - Diretora da Escola Luiz Germano em Agudo, moradora de Faxinal do Soturno, usa o desvio todos os dias
Mônica é faxinalense, e há sete anos trabalha em Agudo. Em entrevista a reportagem do Jornal Cidades do Vale, ela destacou as dificuldades no deslocamento sem a rodovia. “No começo, eu fazia a volta pelo Santuário, não dava para passar no desvio, depois conforme foram fazendo os reparos eu comecei a usar. Mas a gente percebe que temos mais gastos com manutenção do carro, por exemplo, além do tempo, tem que passar mais devagar. A gente que passa todos os dias constata que o movimento é grande, muitas pessoas precisam, então é uma obra urgente e muito necessária. Quando vi as placas de sinalizações, pensei agora vai, mas já faz mais de mês que foram colocadas e não vimos mais nenhum tipo de movimentação que remetesse a obras”, afirmou.
Natália Helena Sari - Servidora pública de Agudo
Natalia vive a mesma realidade de muitas pessoas, que usam o desvio todos os dias, pelo fato de morarem em um município e trabalharem em outro. Ela salienta, o que mudou na rotina depois que a via ficou totalmente danificada. “Fazia como a maioria no começo, vinha para Agudo via Santuário, RSC-287, mas depois com o desvio em melhores condições passei a vir por ali. Fazer a volta demanda de muito tempo, triplica a quilometragem, então é praticamente inviável para quem tem que fazer isso todos os dias. Precisei colocar uma proteção embaixo do meu carro, para evitar danos, e passo no desvio com muita cautela. A gente pode dizer que ele está em perfeitas condições, tem manutenção, mas tem que situações que fogem disso, os dias de chuva por exemplo, o terreno é baixo, tem lavouras dos dois lados, a água acumula e vai para a estrada, vira um caos em dias de chuva. Estou ansiosa pelo início das obras, que a gente sabe que precisará de muito trabalho, foram vários pontos afetados, entendo a morosidade do serviço público, mas penso, que é uma via importante na região, e precisa ser vista com mais atenção pelas aturidades”, disse ela.