Faxinal do Soturno - RS, 97220-000, Brazil

Do campo para a mesa: produtor aposta na criação de galinhas e na valorização  de produtos locais

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Faxinal Do Soturno 10/06/2025
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Na busca por uma nova alternativa de renda e com o intuito de sair do comum, o avicultor Gustavo Santos Zanon, 43 anos, iniciou, em 2021, a criação de aves. Com sua propriedade localizada no Sítio dos Mellos, no interior de Faxinal do Soturno, Gustavo contou à reportagem do Jornal Cidades dos Vales que morava na cidade e que, com a pandemia, surgiu a ideia de se mudar. A partir daí, iniciou sua caminhada na criação de galinhas poedeiras soltas na Granja Dom Gentil.

Gustavo relatou que, durante a pandemia, a família sentiu a necessidade de ter mais espaço para a filha, Martina. “Meu sogro já morava aqui no sítio, e aí pensei junto com a minha esposa Bruna: estávamos trancados dentro de casa e queríamos que ela tivesse mais espaço. Foi então que decidimos construir aqui”, contou.

A criação de galinhas surgiu a partir de uma indignação de Gustavo. Segundo ele, ir aos mercados e não encontrar ovos da região gerava certo incômodo. “Nosso interior tem tanta coisa boa, e a gente consumindo ovos e outros produtos vindos de longe, muitas vezes com qualidade inferior ao que temos aqui. Foi aí que me despertou a vontade de começar a criação de galinhas para produção de ovos.”

Em 2021, ele deu início à produção. “Construímos o primeiro pavilhão, espaço onde elas ficariam. Meu sogro me ajudou muito. Comecei com 600 aves. Nunca tinha lidado com galinhas na minha vida, mas fui em busca de conhecimento. Tenho um Responsável Técnico que me ajuda bastante. E, claro, a internet também colabora. Assim, comecei, com coragem e muita vontade de fazer dar certo. Tinha gente que me chamava de louco no começo, perguntando onde eu ia vender tantos ovos.”

Gustavo conta que um projeto da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) foi fundamental para o desenvolvimento da granja. “A presença deles veio de encontro às necessidades tanto minhas quanto deles. Os acadêmicos tinham aqui a prática, vivenciavam a realidade, e eu fazia a inspeção e a rotulagem dos ovos para comercialização na universidade. Ou seja, o entreposto era lá. Foram dois anos com eles. Depois, em 2023, fiz o meu próprio entreposto aqui”, afirma.

Segundo o avicultor, a rotina de trabalho exige envolvimento diário. “Parece fácil, mas a gente precisa estar sempre atento. De manhã, faço a coleta dos ovos. Elas ficam presas nesse período. À tarde, ficam soltas, e é quando faço as entregas. Mas estamos sempre monitorando. No verão, exige muito também, por conta do calor. Coloquei ventiladores para elas.”

Atualmente, Gustavo mantém 980 aves, divididas em dois pavilhões, com uma produção de 75 dúzias de ovos por dia, que são entregues aos estabelecimentos comerciais em Faxinal do Soturno. “É um número que considero ideal para garantir o bem-estar delas. Me preocupo para que estejam confortáveis no espaço. Meu gasto gira em torno de quatro mil quilos de ração por mês.”

A intenção da família é ampliar a produção. “Estamos caminhando com muita cautela. A intenção é aumentar a criação e a produção, mas há algumas regras. O que temos hoje nos limita a mil aves. Acima disso, muda um pouco, surgem mais exigências. Então, vamos evoluindo com muito cuidado. Estamos atentos à questão financeira também, mas acredito que, com o tempo, teremos mais criação”, afirma.

Por fim, Gustavo faz questão de destacar a riqueza dos produtos que os agricultores produzem no interior. “Acho tudo isso muito valioso, com muita qualidade. Por isso, acredito que o interior precisa ser mais valorizado. Os produtores precisam de orientação. Às vezes, parece muito burocrático, mas, com apoio, é mais fácil. Produzimos tantas coisas boas, e não são esses produtos que a gente encontra nos mercados. Isso precisa mudar. A diferença, por exemplo, entre os ovos colhidos de manhã e entregues à tarde e aqueles que vêm de longe, passando horas na estrada, muda muito no momento do consumo”, destaca.

Gripe aviária 

O primeiro foco de gripe aviária (H5N1) em uma granja comercial no Brasil foi confirmado em Montenegro (RS) no dia 16 de maio. Na propriedade, cerca de 15.650 galinhas morreram, e outras 1.358 foram sacrificadas para conter o surto. A área foi isolada em um raio de 10 km, com instalação de barreiras sanitárias e desinfecção da granja.

Gustavo conta que a situação preocupa, mas acredita que as autoridades sanitárias estão empenhadas no combate. “Penso que é algo que nos faz redobrar os cuidados. Eu já tinha muito isso aqui, evito que pessoas de fora entrem, já tomava alguns cuidados, mas agora isso aumenta ainda mais. Trabalho muito com a prevenção. Pelo que tenho lido, o Estado e o país estão preparados para enfrentar a gripe aviária. Se não fosse isso, acho que teríamos uma situação bem pior”, ressalta.



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