No dia 26 de julho, é celebrado o Dia dos Avós, data dedicada a São Joaquim e Sant'Ana, pais de Maria e avós de Jesus Cristo, segundo a tradição cristã. Para marcar a data, a reportagem do Jornal Cidades do Vale destaca a relação entre avós e neto, Milvo Marchezan, de 74 anos, Maria Odete Lazzari Marchezan, 74 anos e Eduardo Marchezan, de 17 anos, moradores da localidade de Val-Veronês, no interior de Faxinal do Soturno. Milvo mora na localidade desde os seus 28 anos, antes, morou na Linha Seis Norte e depois em Guarda-Mór.
Uma das alegrias de Milvo é o gosto de Eduardo pelo trabalho no campo, e desde o início do ano, ele resolveu morar de vez com os avós. “Ele sempre vinha nas férias para cá e me ajudava, e dizia que gostava muito. Então, quando me falou de morar, nós o recebemos de braços abertos. Eu nem ia mais plantar fumo, mas ele veio para ajudar e aí me animei; vamos fazer mais uma safra. Fico feliz dele estar com a gente. Já me acostumei com ele; nos finais de semana, quando ele sai às vezes, já sinto falta”, relatou o avô.
Milvo admira a vontade de Eduardo de dar sequência na propriedade. “A vida no interior é um trabalho cansativo; a gente não tem dia, não tem hora, se está chovendo ou se tem sol, temos os afazeres e temos que cumprir. E ele, jovem, morava em Camobi, resolveu escolher isso para a vida dele. A gente apoia, explica as dificuldades, mas também vê a vontade que ele tem, ele é feliz quando está aqui.”
Eduardo disse que sempre se adaptou melhor no interior. “Eu gosto dessa vida que meus avós vivem, sempre gostei. Tentei morar na cidade, mas não me adaptei. Isso aqui é uma paixão, trabalhar com o cultivo de plantas. Então, este ano vamos tocar, aprender mais coisas com o vô, porque o que era feito no período das férias eu já sei, mas tem outros momentos que eu não estava aqui, então vou ter que aprender. Fico feliz de morar com o vô Milvo e a vó Odete”, disse ele.
A dupla deverá plantar em torno de 20 mil pés de fumo. “Vivemos sempre um futuro incerto aqui no interior, a gente depende muito do tempo, mas vamos para mais uma safra apostando que tudo vai dar certo. Os últimos três anos foram bons, o preço também ajudou, então vamos seguir, agora com o Dudu junto.”
O maior desafio da safra, Milvo diz, é a reconstrução após as enchentes. “Vai ser um ano desafiador, temos muitos lugares de terra que nem temos acesso ainda. Vamos ter que trabalhar bastante e investir para recuperarmos o que foi destruído pelas águas. Mas é isso, vamos seguir e acreditar que tudo vai ficar bem”, concluiu ele.
Milvo e Odete também são avós do Thiago e da Júlia.
Na última semana, as temperaturas caíram consideravelmente na região, com mínimas chegando a marcas negativas. Com isso, a preocupação se volta também para as culturas de inverno. A reportagem do Jornal Cidades do Vale conversou com o engenheiro agrônomo da Camnpal, Aloisio Giovelli. Confira a entrevista completa:
JCV - Principais prejuízos do frio intenso nas culturas?
Aloisio - Os principais prejuízos do frio intenso na agricultura gaúcha incluem danos às plantações e redução da produtividade. As culturas mais afetadas são aquelas que não toleram bem as baixas temperaturas, como hortaliças, frutas tropicais e algumas variedades de grãos. Os principais cultivos de inverno no Rio Grande do Sul que toleram bem o frio incluem trigo, cevada, aveia, azevém, canola, centeio e triticale.
JCV - Onde mais afeta? Por quê?
Aloisio - As áreas mais afetadas pelo frio intenso geralmente são as regiões serranas e os campos de altitude mais elevada. Nessas áreas, as temperaturas tendem a ser mais baixas, e a ocorrência de geadas é mais frequente e severa. A topografia também pode influenciar, com vales e depressões acumulando ar frio e intensificando os efeitos das baixas temperaturas nas lavouras. Em grande parte, os agricultores gaúchos já estão acostumados com o frio em suas atividades, e algumas medidas e adaptações já são comuns para enfrentar esse período do ano.
JCV - Qual a recomendação para os agricultores?
Aloisio - Para minimizar os danos causados pelo frio intenso, os agricultores podem adotar várias medidas preventivas nos cultivos sensíveis ao frio, como hortaliças, frutíferas e jardins.
Entre as recomendações estão:
Cobertura das plantas: Utilizar mantas térmicas ou plásticos para cobrir as culturas, especialmente durante a noite.
Irrigação: Aplicar água nas plantas antes da previsão de geada, pois a irrigação pode ajudar a manter a temperatura do solo e das plantas acima do ponto de congelamento.
Proteção de mudas: Manter as mudas em ambientes protegidos, como estufas, até que as condições climáticas melhorem.
Monitoramento: Acompanhar as previsões meteorológicas e estar preparado para agir rapidamente diante de alertas de geada.
JCV - Quais foram os sintomas visíveis de dano nas plantas causados pelo frio?
Aloisio - Os sintomas de danos causados pelo frio intenso nas lavouras de cultivos sensíveis incluem a descoloração das folhas, que podem apresentar tons de marrom ou preto, indicando morte celular. Frutos podem sofrer rachaduras ou apodrecimento, e o crescimento das plantas pode ser significativamente retardado. Em casos severos, as plantas podem não se recuperar, resultando em perdas totais.
JCV - Teremos perdas totais de safra ou apenas redução na produtividade?
Aloisio - Diante do inverno rigoroso, é esperado que os agricultores enfrentem perdas na produtividade ou atraso no desenvolvimento de boa parte dos cultivos, inclusive aqueles que toleram o frio. A redução pode variar de acordo com a cultura e a intensidade do frio, mas é comum que haja uma diminuição significativa na quantidade e na qualidade dos produtos colhidos, principalmente frutas e hortaliças de origem tropical.
JCV - Quais são as perspectivas para a recuperação das culturas afetadas?
Aloisio - A recuperação das culturas afetadas pelo frio depende de vários fatores, incluindo a extensão dos danos e as condições climáticas subsequentes. Em muitos casos, as plantas podem se recuperar parcialmente com o retorno de temperaturas mais amenas e manejo adequado. No entanto, algumas culturas podem exigir replantio, o que implica em custos adicionais para os agricultores.
JCV - Quais os principais relatos de agricultores que foram severamente afetados pelo frio?
Aloisio - Na nossa região, o principal impacto se mostra nas pastagens, com relatos de redução da qualidade e quantidade de forragem disponível para o gado, impactando a produção de leite e carne. Além do frio, a menor luminosidade dos dias de inverno impacta significativamente na agricultura. Com menos horas de luz solar, as plantas têm menos tempo para realizar a fotossíntese, impactando seu desenvolvimento vegetativo e reprodutivo.
JCV - Algo que gostaria de acrescentar?
Aloisio - Embora o frio traga desafios significativos, ele também oferece algumas vantagens, como o controle de pragas e doenças, a melhoria da qualidade de alguns cultivos de frutíferas e bebidas (vinho), a quebra da dormência de muitas frutíferas (pessegueiros, macieiras) e a possibilidade de implantação dos cultivos de inverno, permitindo a rotação de culturas.
O projeto de extensão Requalificação Paisagística da UFSM apresentou para representantes da Prefeitura de Agudo a proposta de renovação das avenidas Concórdia e Paraíso, na manhã desta sexta-feira (19), no auditório do curso de Arquitetura e Urbanismo, no campus sede. O projeto tem como objetivo transformar as principais avenidas do município em um espaço público de lazer, interação e integração social, além de valorizar o patrimônio cultural local, como a Paróquia São Bonifácio e a Casa Charlotte, construída em estilo colonial no século 19 e que hoje abriga o museu do Instituto Cultural Brasileiro Alemão da cidade.
Segundo o professor de Arquitetura da UFSM Luis Guilherme Pippi, foi o Poder Executivo municipal que procurou a universidade para a realização do projeto. O acordo de cooperação técnica foi firmado em abril do ano passado.
Para transformar as avenidas em um espaço onde a população permaneça e desfrute, em vez de uma simples via de deslocamento, a proposta prevê a ampliação da calçada e canteiros, instalação de vegetação urbana, bancos, floreiras, bicicletários, pergolados e estações de exercício. “O projeto vai gerar uma nova identidade única para Agudo, com qualidade urbana ambiental e paisagísticas que raramente são encontrados em outros lugares”, destaca o arquiteto Alessandro Diesel, da Pró-Reitoria de Infraestrutura.
“Nós não temos esse tipo de arquitetura na cidade de Santa Maria, apenas dentro da universidade por conta dos projetos que realizamos. Isso vai gerar uma identidade polo para Agudo e sua comunidade, além de ser um diferencial para o turismo”, completa o professor.
A proposta apresentada hoje será avaliada pelo Poder Executivo de Agudo. Após sua aprovação, começa a etapa de detalhamento técnico da planta, onde ocorre a determinação de onde serão alocados os elementos previstos nesta primeira apresentação. A entrega do anteprojeto para o poder público está prevista para outubro deste ano, o que vai marcar o encerramento do projeto de extensão.
Integram o projeto de Requalificação Paisagística: o Programa de Pós-Graduação em Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo (PPGAUP), o Grupo de Pesquisa Planejamento e Projeto de Paisagem (GP Paisagem) e o Laboratório de Paisagem e Arquitetura (Parq), bem como as pró-reitorias de Planejamento (Proplan) e Infraestrutura (Proinfra).
Proposta inovadora, sustentável e viável
O projeto se diferencia por visar a criação de um espaço que, além da melhoria da mobilidade urbana por meio da criação de novos estacionamentos, ofereça mais segurança para os pedestres com esquinas compartilhadas e cruzamentos. A circulação alternativa (a pé ou de bicicleta) será incentivada por meio de uma pista multiuso, também destinada para pessoas com deficiência.
A sustentabilidade também está entre os aspectos principais da proposta, que conta com uma infraestrutura verde, com foco em arborização com plantas nativas, que além da função estética facilitam a permeabilidade do solo e tornam a drenagem mais eficiente por meio de valetas naturais.
O professor de Arquitetura destaca que essas características incentivam a população a frequentar e circular neste espaço, o que também pode favorecer comércios e serviços localizados nas avenidas. Para a elaboração do projeto foram utilizadas referências estaduais e também internacionais em arquitetura humanizada e verde, como as cidades de Porto Alegre, Gramado, Montevidéu e Buenos Aires, bem como Raleigh e Cary, nos Estados Unidos.
“O objetivo é transformar a avenida em um polo atrator, um espaço de permanência, como se fosse um grande parque. Isso beneficia moradores, comércio e valoriza o espaço público”, afirma o professor de Arquitetura.
Fonte: UFSM
Na manhã desta segunda-feira (15), por volta das 11h, uma residência de madeira foi consumida pelo fogo, na localidade de Linha Nova Palma, em Faxinal do Soturno. De acordo com a moradora, Patrícia Pereira, tudo aconteceu muito rápido. “Morávamos eu, meu marido e três filhos. Dois deles estavam na escola, e o outro estava comigo. Houve uma queda de luz, e quando a energia voltou, ouvi um estouro. Vi, em um dos quartos, o fogo no fio. Desligamos o disjuntor, mas não deu tempo para mais nada. O fogo se alastrou muito rápido”, relatou ela à reportagem da Rede Jauru. A casa ficou destruída. “Perdemos tudo. É muito triste”, disse Patrícia.
Brigada Militar, Bombeiros Voluntários de Faxinal do Soturno, Nova Palma e Agudo, além dos Bombeiros Militares de Restinga Sêca atenderam a ocorrência
No dia 07 de junho é celebrado o Dia Nacional de Conscientização da Síndrome de Tourette, um transtorno neurológico caracterizado por tiques motores e vocais repetitivos e involuntários que geralmente começam na infância. Esses tiques podem variar em frequência e intensidade, e são acompanhados por uma sensação de alívio temporário após a sua execução. A reportagem do Jornal Cidades do Vale foi conhecer a realidade e o cotidiano da família de Faxinal do Soturno, Pamela Irion, 40 anos, e seu filho Benício Irion, 08 anos, que desde os quatro anos foi diagnosticado com a Síndrome de Tourette.
Pâmela conta que foi durante a pandemia que ela percebeu alguns comportamentos de Benício que chamaram sua atenção. "Ele tinha uma vida agitada, estava na escolinha, então quando tudo parou, eu e ele ficamos mais tempo em casa eu percebi que ele fazia alguns movimentos que tinham sequências. No começo comentei com algumas pessoas próximas e até ouvi que era coisa da minha cabeça, mas fui observando mais e procurei ajuda médica”, relatou.
Em 2021, ocorreu a primeira consulta. "A neurologista ficou com ele duas horas e veio me questionar o que eu pensava que poderia ser. Ela tinha uma suspeita de que poderia ser a Síndrome de Tourette e eu concordei, pois havia procurado saber sobre o assunto e as características batiam. Depois disso, tivemos outras consultas até compreender que realmente se tratava disso".
Pamela lembra que o primeiro tratamento não foi com medicamentos. "Com a certeza da síndrome, iniciamos um tratamento, mas não com remédios nesse primeiro momento, e sim com psicoterapia, psicopedagogia e apoio de uma educadora especial”. De acordo com ela, aos 5 anos, Benício teve uma crise e precisou de intervenção com medicamentos. "A partir daí foi necessário que ele tomasse remédios específicos para minimizar os sintomas. Sempre que ele está muito estressado ou triste, a frequência dos tiques aumenta", explicou.
Sobre o recebimento do diagnóstico, Pamela, que tem formação na área de educação e saúde mental, disse que foi um momento delicado. "Ninguém está preparado para isso, é um desafio diário lidar com o que vai acontecer, é uma situação nova. Eu costumo dizer que é como se você fosse na feira e comprasse uma banana e de repente te dizem que é uma laranja. Mesmo tendo formação na área e recursos financeiros, é algo que assusta no primeiro momento. Pensamos em como ele será aceito pela comunidade, como será sua convivência com as pessoas e como ele vai lidar com as situações que virão. Até que se acalma e passa a viver um dia de cada vez", relatou.
Um dos desafios, de acordo com Pâmela, é o preconceito. "Precisamos falar sobre isso, as pessoas excluem o que dizem ser diferente. Não só com a Síndrome de Tourette, mas em outras questões sociais também. Somos uma família atípica e queremos respeito. As pessoas são ruins no julgamento, ficam olhando, debochando, excluindo, isso nos entristece muito e traz muitas preocupações em relação à vivência dos nossos filhos. Ele tem a mesma capacidade que qualquer pessoa considerada 'normal', uma palavra que nem é adequada, mas as pessoas usam. Precisamos de mais empatia, que as pessoas compreendam esse universo".
Em Faxinal do Soturno, Pamela afirma que a rede de atendimento tem contribuído positivamente na vida de Benício. "Aqui encontramos apoio na rede. Ele consulta com as especialidades necessárias de forma gratuita, o que seria certamente algo acima de mil reais por mês se tivesse que fazer pelo particular, como em muitos momentos foi necessário. Agradeço ao município, à escola, por agilizarem o encaminhamento dele e agora ele tem esse atendimento de qualidade, que é indispensável para o desenvolvimento dele".
Pamela disse que sempre teve uma transparência muito grande para tratar o tema com o filho. "Dentro do entendimento dele, eu explico do que se trata. Ele sempre soube sobre a síndrome, e conforme cresce, vou explicando ainda mais, para que ele possa normalizar isso quando as pessoas perguntarem e saber explicar do que se trata. Benício disse que na escola os coleguinhas às vezes acham estranho os tiques. 'Alguns ainda me olham, mas minha mãe disse que eu não sou estranho, sou descolado. Afinal, nem todo mundo é igual, os cabelos, os olhos, e o meu jeito também não é igual ao de todo mundo', disse ele.
Pamela ressaltou a importância da rede de apoio nos cuidados. "Nós precisamos socializar com as pessoas, precisamos do apoio dos familiares. Sozinha é muito mais difícil. Eu tinha apoio na cidade onde morava com o pai dele, e agora tenho os avós, meus pais e demais familiares que colaboram comigo, e isso faz a diferença na vida dele. As mães atípicas precisam procurar outras mães para falarem sobre o assunto, trocarem experiências, isso é muito importante, porque as mães e pais também precisam aprender diariamente lidar com cada situação que acontece”.
Finalizando ela deixou uma dica de filme para as pessoas saberem mais sobre o assunto. “Para entender melhor assunto eu aconselho as pessoas a assistirem o filme “Primeiro da Classe’, que mostra o drama e a perseverança de Brad que luta para ser professor, mesmo sendo portador da Síndrome de Tourette, o mesmo só podia contar com o apoio do seu irmão e da sua mãe em realizar o seu sonho”, concluiu ela.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) informou que, a partir de julho, as contas de energia elétrica sofrerão um acréscimo devido à implementação da bandeira tarifária amarela. Esta mudança, a primeira desde abril de 2022, é resultado da previsão de chuvas abaixo da média e do aumento no consumo de energia.
Todos os consumidores do Sistema Interligado Nacional (SIN) sentirão o impacto desse ajuste, que adicionará um custo extra às contas de luz. Conforme comunicado da Aneel, a medida foi tomada devido à previsão de chuvas 50% abaixo da média até o final do ano e ao esperado crescimento na demanda de energia.
Condições climáticas e operação das termelétricas
A previsão de um inverno mais quente que o habitual, combinada com a falta de chuvas, faz com que as usinas termelétricas precisem ser acionadas, resultando em um custo maior na geração de energia em comparação com as hidrelétricas.
Impacto financeiro nas contas de energia
Com a bandeira amarela, as condições para a geração de energia se tornam menos favoráveis, resultando em um acréscimo de R$ 1,885 para cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos. Desde abril de 2022, a bandeira verde, que indica condições favoráveis, vinha sendo mantida continuamente.
Entenda o sistema de bandeiras tarifárias
Criado em 2015, o sistema de bandeiras tarifárias foi desenvolvido para informar os consumidores sobre os custos de geração de energia e mitigar os impactos financeiros nas distribuidoras. Atualmente, os recursos são cobrados mensalmente por meio da "conta Bandeiras" e transferidos às distribuidoras, refletindo os custos variáveis da produção de energia.
Motivos para a mudança
A alteração para a bandeira amarela em julho foi motivada pelo risco hidrológico e pelo aumento do Preço de Liquidação de Diferenças (PLD). Não houve despacho fora da ordem de mérito, que é decidido pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE).
Joias costumam ser sinônimo de beleza e preciosidade, mas se tornam ainda mais valiosas quando carregam um significado. Foi isso que a designer de joias Ana Luiza Seeger Guerra buscou trazer em sua coleção inspirada na Quarta Colônia de Imigração Italiana e suas igrejas: criar peças significativas, que remetam ao povo responsável por colonizar a região a partir do século 19. Através de características iconográficas presentes na arquitetura religiosa de nove igrejas locais, Ana representa a fé católica, um elemento intrínseco à cultura italiana, que perpassa gerações.
O projeto faz parte de uma dissertação de mestrado no Programa de Pós-Graduação em Patrimônio Cultural da UFSM, orientada pelo professor Flavi Ferreira Lisboa Filho. Para o trabalho, foram selecionadas as igrejas matrizes de Ivorá, Dona Francisca, Pinhal Grande, Silveira Martins, Faxinal do Soturno, Nova Palma, São João do Polêsine, Vale Vêneto e Arroio Grande (distrito de Santa Maria). O colar inspirado na Igreja Matriz de Vale Vêneto, distrito de São João do Polêsine, é a única joia produzida até o momento.
Nova Palma – A Igreja Matriz de Nova Palma, dedicada à Santíssima Trindade, foi transformada em um anel. Inicialmente, Ana havia optado por representar as formas, bastante características da fachada e do interior da igreja, em brincos (que chegaram a ser desenhados e estão disponíveis no apêndice do trabalho), porém, conforme a união dos elementos em desenho foi tomando forma, ela percebeu que funcionariam mais harmonicamente como um anel.
A peça faz referência ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, que formam a Trindade, a qual a matriz homenageia. Na joia, Pai e Filho são representados pelas pedras “água-marinha”, dispostas nas laterais, em tom de azul. A escolha das gemas azuladas fazem referência à pintura do teto do templo, em que as duas figuras aparecem em vestimentas azuis. Já o Espírito Santo, que ocupa a posição central, é representado pela pedra citrino. Naturalmente amarelada, a tonalidade da pedra faz referência à pomba presente na pintura, o principal símbolo do Espírito Santo.
Silveira Martins – Já a Matriz de Silveira Martins, dedicada a Santo Antônio de Pádua, considerado um “santo casamenteiro”, foi convertida em um colar. A característica mais marcante da fachada, escolhida como principal elemento de representação da igreja, é a torre cilíndrica de estilo bizantino. Para evidenciar a forma, Ana escolheu um pingente estilo berloque, que une duas partes iguais soldadas, e permite o movimento giratório.
Outra marca replicada em várias partes do templo são os detalhes florais, com destaque para a flor de açucena, ou lírio, segurada pela estátua de Santo Antônio na fachada da matriz, assim como nas portas, no chão e nos retábulos laterais. A flor é representada no pingente em relevo, disposto acima de um cravejado de pedras, que acompanha toda a circunferência do berloque. Na ideia inicial, as pedras de esmeraldas seriam utilizadas como representação dos ramos das açucenas e diamantes seriam usados para representar o branco das pétalas. Porém, na versão final, apenas as esmeraldas permaneceram para simbolizar a planta.
Vale Vêneto – Outro destaque é a Matriz de Vale Vêneto, dedicada a Corpus Christi, que foi representada por um colar. A fachada do templo possui formas geométricas acentuadas. O teto de madeira também apresenta formas em relevo, que contornam a imagem da Eucaristia e de um cálice ao centro. A Eucaristia – que remete ao sacrifício do corpo e sangue de Jesus, representados na repartição do pão e do vinho na Última Ceia – é replicada em diversas partes da igreja, como nos vitrais, no altar e no sacrário.
Além disso, o retábulo central abriga uma imagem do Sagrado Coração de Jesus em seu nicho principal, que remete ao significado da igreja. Nela, Cristo aparece em vestes vermelhas, uma auréola sobre a cabeça e uma das mãos indicando o coração. Dessa forma, a junção dessas referências deu origem a um pingente triangular, revestido por traços que fazem alusão à Eucaristia e dão a ideia da auréola sobre a cabeça de Cristo. O rubi vermelho em formato cabochão, centralizado na joia, remete ao sangue de Cristo, também como parte da Eucaristia.
Apesar da liberdade de usar a criatividade nos desenhos, Ana não quis se distanciar muito da literalidade na representação dos elementos observados nas igrejas. Segundo ela, como uma boa designer, seu processo criativo sempre é guiado por referências. A partir delas, começa a desenvolver desenhos esquemáticos, que ajudam a pensar nas formas e a entender como vai transformá-las em joias. O papel-manteiga é um aliado importante nesse processo para facilitar o refinamento, pois, à medida que os desenhos vão sendo replicados, vão tomando uma forma mais consistente.
Depois de rascunhados no papel, eles são projetados no software Rhinoceros 3D, um programa de modelagem tridimensional, que permite uma prototipagem do produto nas dimensões reais. Mesmo não sendo exclusivo para o design de joias, Ana opta por usá-lo, pois ele oferece uma projeção precisa das escalas milimétricas utilizadas nas joias, diferentemente de outros softwares próprios para isso. É nessa ferramenta que o design é finalizado, já com a simulação dos materiais que serão usados para a confecção, como as pedras – ou gemas, como são chamadas na joalheria – e a disposição e encaixe desses materiais na peça.
Seleção das igrejas
Para o trabalho, foram selecionadas nove igrejas sob um mesmo critério: terem sido fundadas por imigrantes italianos. Por isso, a matriz de Arroio Grande, um distrito de Santa Maria, também foi incluída, apesar de não fazer geograficamente parte da Quarta Colônia. Já outras cidades que foram agregadas posteriormente à região, como Restinga Seca e Agudo, não foram integradas no projeto por terem colonização alemã ou por suas paróquias não terem sido idealizadas por italianos. Essa seleção foi importante para manter a essência do projeto de trazer à tona a identidade do povo italiano através de suas construções religiosas.
Contextos históricos
O desvendar das escolhas de formas, relevos, cores e acabamentos contam tanto a história da igreja e do que ela representa, quanto de quem se dedicou a construí-la. Foi com o olhar atento aos detalhes também do contexto a qual cada igreja pertence que Ana descobriu, em uma plaquinha discreta na frente da Matriz de Vale Vêneto, uma trágica história que faz parte da constituição do local. Um dos homens que trabalhavam construindo o telhado, nativo dali, caiu e faleceu durante a obra. A homenagem conta um fragmento triste da história de apenas uma das pessoas que, com suas próprias mãos, ajudou a construir não só uma estrutura paroquial, mas também uma parte histórica da região.
A Rede Jauru de Comunicação, grupo que inclui a Rádio São Roque, Jornal Cidades do Vale e Rádio La Sorella, trabalha em constante evolução. Nos últimos dias o trabalho focado também nas redes sociais renderam números expressivos. São mais de seis milhões de impressões nos últimos 90 dias na página oficial da Rádio São Roque, no Facebook.
No total, são mais de 26.550 de seguidores no Facebook, um engajamento de mais de 573 mil interações mensais, incluindo comentários, compartilhamentos e reações. As postagens tiveram um alcance de mais de 2 milhões de pessoas e mais de 6.2 milhões de exibições na tela.
No Instagram, um dos vídeos publicados, no dia 30 de abril, alcançou 3 milhões e 500 mil visualizações.
Números atualizados nesse mês de junho.
Ao longo da história, os apelidos sempre estiveram presentes. Carinhosamente, algumas pessoas da nossa região são conhecidas por seus apelidos. Muitas delas não têm seus nomes de registro conhecidos pelo público. O Jornal Cidades do Vale listou algumas figuras e elas compartilharam como adquiriram seus apelidos, revelando seus nomes verdadeiros.
Começando pela casa, o diretor da Rede Jauru de Comunicação é carinhosamente chamado de "Melão". Ele conta que quando era jovem e jogava futebol na região, recebeu esse apelido devido à cor de seus cabelos, loiros. A partir daí, o apelido ganhou notoriedade, e as pessoas passaram a se referir a ele dessa maneira. Roberto Cervo, seu nome de registro, raramente é utilizado na região.
É importante ressaltar que existe um limite em relação à forma como os apelidos são usados. A psicóloga Fabiane Schott orienta que é fundamental ter bom senso. "Os apelidos surgem com algum propósito, que por vezes tendem a destacar uma característica física ou comportamental da pessoa que o recebe. Por vezes, gera sofrimento a pessoa, pois você passa a ser visto e chamado pelo apelido, como se o apelido te definisse, e se reduzisse àquela única característica,desconsiderando todas as suas qualidades. As pessoas lidam de maneira diferente com os apelidos, algumas não se importam e até gostam, mas para outras é um desconfortável e causa prejuízos emocionais, que podem afetar a autoestima da pessoa que passa a considerar a percepção dos outros como verdadeira, em relação ao apelido”.
Por fim, ela reforça que é preciso respeitar como as pessoas se sentem com a nomenclatura. “Os apelidos podem incomodar e ofender quem é alvo, pois podem ser utilizados para rir e magoar os outros. Quando feito de forma contínua, isso pode acabar se transformando em bullying, levando por vezes a quadros de transtornos mentais, como ansiedade, e depressão. Portanto, é importante considerarmos como cada pessoa se sente em relação ao apelido, e ter respeito e empatia se a pessoa manifestar-se incomodada ao ser chamada assim”, explicou Fabiane.
Maçarico, ou Massa
O morador de Agudo, Euclides Cardoso Santos, o Maçarico, conta que ficou conhecido devido ao gosto pela pescaria desde cedo. “Morávamos em Dona Francisca, quando eu era pequeno, e eu adorava ir pescar, meu tio dizia que eu era o Maçarico, uma ave. E a partir daí passei a ser Maçarico, no quartel, o meu nome de guerra era Maçarico. Aqui em Agudo se perguntarem pelo meu nome de registro ninguém sabe, já o apelido, sabem direitinho. Nunca achei ruim, levo numa boa, faz parte da minha história”.
Maçarico é uma espécie de aves pertencentes à família Scolopacidae. A designação agrupa aves de médio porte, de patas altas e bico longo, com plumagem geralmente acastanhada e branca. Os maçaricos vivem em regiões costeiras e muitas espécies são migratórias. Eles possuem ainda um bico longo e curvo, próprio para “pescar” os moluscos de que se alimenta.
Polenta
Natural de Dona Francisca e hoje residente em São João do Polêsine, Polenta conta que pouquíssimas pessoas sabem o nome dele. Francisco Fenker Filho foi totalmente substituído pelo apelido. Ao ser questionado sobre a origem de sua alcunha, Francisco brincou que a história é bastante curiosa.
“Eu tinha um ano de idade mais ou menos, morava em Dona Francisca, e sempre perto do meio-dia quando as crianças saiam da escola, um vizinho meu que tinha uns 13 ou 14 anos passava ali em casa pra brincar comigo. E eu era muito gordinho, e o cara começou a dizer que eu parecia uma polentinha. E foi ficando. Foi me chamando de polenta, o pai dele também me chamando de polenta. E aí foi pegando. A partir daí, na escola todo mundo chamava de polenta, no futebol era polenta. Até quando fui vereador em Dona Xica, no santinho era Polenta”, contou ele.
E isso dura até hoje, como o próprio Francisco conta: “Se tu chegar em Dona Francisca hoje e perguntar quem é o Francisco, ninguém conhece. Agora, se tu falar em Polenta, a maioria identifica quem é”, completou.
Americano
Nascido em Nova Palma e hoje residente em Faxinal do Soturno, poucos sabem quem é Nelson Grotto. Porém, ao falar em Americano, logo é possível a identificação. A história da origem do apelido também é bastante inusitada.
“Lá em Nova Palma, a gente praticamente nem almoçava e já ia jogar futebol na praça. Meio-dia e cinco por aí, já estávamos indo pro futebol. Lá tinha um senhor, um russo, com um camionetão, que fazia pronta-entrega de mercadoria para a oficina do Piovesan. E um dia ele estava por ali com um charutão na boca e precisava de fósforo para acender o charuto. E me perguntou onde tinha, e eu falei que tinha uma venda do meu tio nas proximidades e que conseguiria fósforo. Aí me disse, então vai, me deu o dinheiro e falou que se perguntarem pra quem é, tu diz que é pra um americano. Cheguei lá, o pessoal tava almoçando e me pediram o que eu queria. Falei que queria uma caixa de fósforo. Aí já me perguntaram se eu ia fazer arte, né. Tive que explicar que era pra um americano que tava ali. Meu tio foi lá na quadra e contou pras pessoas que estavam ali e pegou o apelido de americano”, contou ele.
Bolacha
Em Faxinal do Soturno ninguém conhece Amacir Benedito Ruviaro. Agora, se perguntar pelo Bolacha, a maioria da comunidade saberá de quem se trata. Em contato com ele, a reportagem do JCV pediu que contasse como surgiu o apelido.
“Esse apelido é coisa muito antiga, cerca de 65 anos atrás. A minha mãe era dona de casa e o meu pai era ferreiro no Bozzetto. Então, os recursos não eram muitos. Éramos em cinco irmãos, então a mãe tinha que se virar de todas as formas para nos sustentar. Então, lá em casa tinha um forno, onde o pão era feito em casa. E ela tinha uma máquina de prensar e fazia muita bolacha. Assim, quando eu e o Bolachinha, meu irmão mais novo, íamos na escola, nossa merenda era bolacha. Os colegas perguntavam o que tinha levado de merenda, e era sempre bolacha... Aí ficou Bolacha e meu irmão que era menor Bolachinha. Amacir e Eliseu ninguém conhece, agora Bolacha e Bolachinha, todo mundo sabe”, contou ele.
Devido às fortes chuvas que assolaram o Rio Grande do Sul nas últimas semanas, a organização do 39º Festival Internacional de Inverno – que tradicionalmente ocorre em Vale Vêneto, distrito de São João do Polêsine – informou que o evento neste ano teve de ser transferido para o campus sede da UFSM, e ocorrerá de 29 de julho a 3 de agosto. Para esta edição, serão oferecidas 14 oficinas de instrumentos musicais (flauta, oboé, clarinete, fagote, trompete, trompa, trombone, violino, viola, violoncelo, contrabaixo, percussão e piano), bem como de educação musical e prática de orquestra. O processo de pré-inscrição, que é todo online, está aberto até o dia 15 de junho. A lista com os nomes dos professores nacionais e internacionais, assim como a programação, pode ser conferida na página do festival.