Faxinal do Soturno - RS, 97220-000, Brazil

Uma corrente de cuidado: A trajetória dos 35 anos da Liga Feminina de Combate ao Câncer 

compartilhar
Faxinal Do Soturno 06/06/2025
Imagem Principal

A história da Liga Feminina de Combate ao Câncer, em Faxinal do Soturno, assim como em outros municípios do Rio Grande do Sul, é marcada pelo trabalho voluntário de mulheres que se unem para auxiliar pacientes com câncer e seus familiares. A Liga Feminina de Combate ao Câncer de Porto Alegre, a entidade-mãe, foi fundada em 1954, com o objetivo de apoiar o Hospital de Oncologia Santa Rita e, posteriormente, expandiu para diversos municípios do estado, como Faxinal do Soturno, que completa, em 2025, os seus 35 anos de história.

Uma das fundadoras e presidente por 26 anos, Silésia Pinheiro Vendrusculo (Sica), lembra como tudo começou. “Eu perdi um sobrinho que eu amava para o câncer, ele tinha 28 anos, e isso mexeu muito comigo. E, então, eu estive me aconselhando com o padre Francisco Bianchini, em Santa Maria, e ele me disse que o meu sobrinho queria se comunicar comigo. Eu fiquei muito atenta a partir dessa fala. Então, saí para meu outro compromisso, estava chovendo, e um senhor caminhava na minha frente. De repente, caiu um papel das mãos dele, eu ajuntei e vi escrito ‘Liga Feminina de Combate ao Câncer’, mas, até então, tudo certo. Eu dava aula, fui para o trabalho. E foi daí que os meus pensamentos começaram a mudar. Ao invés de focar nele, comecei a pensar na Liga. Então falei para minha colega — fazíamos um grande trabalho juntas na escola — e ela disse: ‘Vamos nos informar o que é a Liga.’ Procuramos em Santa Maria, e nos informaram que Porto Alegre era o local certo. Fomos para lá, a presidente da época nos recebeu, e fomos aprovadas. Um mês depois, a Liga estava instalada em Faxinal do Soturno”, contou ela.

Em relação ao dia a dia, a Sica destaca o trabalho que foi e é feito depois da fundação da Liga. “Somos um grupo de amigas que são apoio uma para a outra. A sede da Liga fica aberta nas segundas e quintas, mas o trabalho é diário, intermitente. A gente está sempre fazendo algo. O paciente, que é nosso assistido, traz o diagnóstico médico e precisa ser uma pessoa em vulnerabilidade social. A partir daí, ele passa a ser nosso assistido em ranchos, remédios. Mas, é claro, que para fazer esse trabalho nós precisamos de dinheiro, e, para isso, temos a nossa equipe maravilhosa, que trabalha na lojinha e que se empenha para que a gente tenha meio para nunca dizer não para um assistido”, contou.

Sica ressaltou a importância da colaboração da comunidade. “Precisamos do apoio da nossa população. A gente não pode se queixar, muitos nos ajudam, mas a gente precisa de permanente ajuda e valorização.”

A atual presidente da Liga, Silvia Dal Forno Osmari, já está na entidade há praticamente 35 anos. “Eu não sou fundadora, mas entrei logo após, pelo incentivo da Sica. Fazer esse trabalho, que é tão maravilhoso. Sabemos que tem muitas pessoas que precisam desse apoio, e a gente espera que o trabalho siga firme no seu propósito.”

Silvia, depois de um tempo na Liga, foi diagnosticada com câncer de mama e, de acordo com ela, esse episódio fortaleceu ainda mais a importância da entidade para as pessoas. “Só quem passa sabe, mas estar na Liga foi muito bom para mim, estar com as pessoas, para enfrentar o câncer. Atualmente, a gente tem uma realidade diferente. O câncer passou de ser um atestado de óbito, como já foi no passado. A medicina tem evoluído, os acessos aos tratamentos também.”

A presidente explica que a Liga vai além de apoio financeiro. “Claro que ter o que comer, remédios, é primordial, mas, às vezes, eles vêm aqui por um abraço, um carinho. É uma fase difícil. Como disse, eu já passei por isso, então a Liga também cumpre esse papel sensível de acolher quem procura a entidade, além de dinheiro. Inclusive, a gente faz visitas nas casas de quem não pode vir. É um momento de conversa, de convívio, que também ajuda.”

Um dos diferenciais da Liga, em Faxinal, é a sua sede própria. “São 87 Ligas no estado, e poucas têm a sua sede própria, inclusive em cidades bem maiores que a nossa. Essa foi uma grande conquista, que reflete diretamente nos nossos atendimentos. É um lugar onde a gente consegue acolher melhor quem precisa.”

A atual secretária da Liga, Rosane Leite Zanini, está na entidade há 8 anos e conta como foi a sua inserção. “Depois da aposentadoria na escola, eu pensei que precisava fazer alguma coisa útil, e foi por meio da minha irmã, Cleusa Rossato, que já fazia parte, que me incentivou a entrar. Viemos conhecer a lojinha um dia. Eu vim e me apaixonei pela causa.”

Um período marcante para Rosane foi o trabalho realizado durante a pandemia. “Era um momento difícil. As nossas voluntárias mais velhas precisavam ficar em casa, então nós abraçamos a causa. Um grupo pequeno, mas mantivemos a sede da Liga aberta. Seguimos fazendo o trabalho como deveríamos.”

Rosane explica que a Liga atende todas as faixas etárias. “Dentro dos critérios, atendemos a todos: homens, mulheres, crianças.”

De acordo com Rosane, um dos públicos mais difíceis de atender são os casos em crianças. “São os casos que mais me chocam. A gente tem, inclusive, uma em tratamento, mas precisamos nos segurar e buscar amparar. Aprendemos, em uma palestra, em Porto Alegre, que não temos que dizer ‘Ah, isso vai passar’. Não. Precisamos saber o que ele veio buscar, porque tem estágios que não têm mais volta, então a gente precisa apoiar com um abraço, com uma oração.”

Por fim, ela fala da motivação de realizar o trabalho voluntário na Liga. “Se doar é muito bom. A gente recebe de volta de alguma forma. São oito horas por semana, isso não é nada em uma vida, numa semana, no mês. Então, quanto mais a gente puder fazer por essas pessoas, mais a gente vai receber. É grandioso participar de tudo isso.”

Almoço de comemoração dos 35 anos

A Liga Feminina realizará no dia 8 de junho, o almoço em comemoração aos 35 anos da entidade. O evento será no Salão Paroquial do município, com início ao meio-dia.

Os ingressos custam R$ 60 para adultos e R$ 30 para crianças de até 10 anos e é importante que sejam adquiridos antecipadamente. O cardápio inclui risoto, galeto, bife à milanesa, maionese, saladas e o tradicional bufê de sobremesas. Interessados podem adquirir os ingressos pelo telefone ou WhatsApp (55) 99976-2116, com Silvia.

 



OUTRAS NOTÍCIAS