Faxinal do Soturno - RS, 97220-000, Brazil

Rede Jauru - Rádio São Roque - La Sorella FM - Jornal Cidades do Vale

Últimas Notícias


Faxinal Do Soturno

Desafios e conquistas no mundo do mountain bike e corrida

Em clima de Olimpíadas, o Jornal Cidades do Vale entrevistou Rafael Belmonte, um destacado praticante de mountain bike e corrida. Belmonte, que já conquistou diversos títulos na categoria Elite (modalidade geral de mountain bike), compartilhou suas experiências, desafios e expectativas para o futuro no esporte.

JCV: Como você começou no mountain bike e corrida?

Rafael: Eu comecei há três anos no mountain bike, por indicação de um colega. Eu não conhecia muito esse esporte; jogava futsal duas ou três vezes por semana, mas acabava me machucando bastante, o que é comum. Meu colega me emprestou a bike e subimos o São Pio. Por ser a minha primeira vez, ele achava que eu não iria conseguir chegar lá em cima pedalando, mas consegui. Foi aí que comecei a ver resultados e a investir no esporte. Comprei minha bike e comecei a pedalar.

JCV: Quais foram os maiores desafios que você enfrentou até agora?

Rafael: Eu treinei por alguns meses, acho que uns quatro ou cinco, e já fui ver como eram as competições. No primeiro ano, comecei a competir no Campeonato Gaúcho. Foi um grande desafio, por estar começando e já competir em um campeonato muito forte. Fiquei em quinto na colocação geral naquele ano e sempre tento me superar. Um dos maiores desafios foi ter subido o São Pio dez vezes. Quero quebrar esse recorde e tentar subir onze ou doze vezes, mas preciso treinar bastante. Cada corrida é um novo desafio porque nunca sabemos como serão os competidores. Existem competidores muito fortes na Elite, e sempre tentamos nos superar.

JCV: Qual é a sua rotina de treinamento semanal?

Rafael: Eu treino até duas ou três vezes por semana, conforme o tempo, o trabalho e o clima. Se chove muito, não conseguimos sair para pedalar e complementamos com treino na academia. Tenho uma parceria com a CenterFit, onde treino e divulgo a marca. Intercalo entre pedalar e treinar na academia.

JCV: Você tem algum ritual ou hábito específico antes das competições?

Rafael: Antes das competições, o foco é sempre no treino. Antes da largada, faço uma oração, pedindo ajuda para que nada de ruim aconteça durante a corrida.

JCV: Quais são seus objetivos de longo prazo no esporte?

Rafael: Como amador, o trabalho vem em primeiro lugar e a família em segundo, até em primeiro plano. Quando sobra tempo, pratico o esporte que amo. Meus objetivos são os mesmos que os dos atletas profissionais: conquistar um título gaúcho, que é meu sonho. Participar de campeonatos fora do Centro Norte, em Cachoeira, Santa Maria, e ir conquistando esses. Meu maior desejo é ganhar uma camiseta de campeão gaúcho.

JCV: Quantos títulos você já conquistou?

Rafael: Em campeonatos, eu devo ter uns cinco ou seis títulos. Cada corrida dentro do campeonato é como se fosse uma final. Nessas corridas, estou sempre entre os primeiros. Já perdi a conta de quantos troféus de primeiro lugar tenho no circuito.

JCV: Quais dicas você daria para alguém que gostaria de começar a praticar mountain bike?

Rafael: A dica para quem quer começar no esporte é chamar um amigo que já conhece e pedalar junto. Não precisa encarar o São Pio logo de cara como eu fiz, mas pode começar de leve e ir superando seus limites. Uma subida que você não conseguiu pedalar na primeira vez, não desista; na próxima, com certeza, vai conseguir. É um esporte onde você vê a evolução nítida. Pedale uma vez, subiu tanto; pedale duas, já vê que foi mais longe. Quando a pessoa percebe que está se superando, começa a gostar do esporte. Nunca desistir, porque é um esporte em que não podemos desistir. Quem começa acaba gostando e se viciando.

JCV: Algo que gostaria de acrescentar?

Rafael: Gostaria de agradecer pela iniciativa de fazer essa entrevista e essa matéria sobre um esporte que é muito importante para a saúde. Aqui não é tão conhecido em Faxinal, mas em outros municípios já é bastante conhecido. Levamos o nome da cidade para diversos lugares e, quando o narrador chama para o pódio, só de participar já é muito bom. Quando conquistamos o primeiro lugar e o narrador fala nosso nome e cidade, dá uma satisfação e orgulho. Obrigado pela oportunidade.

 

Agudo

Município jogará a Série Bronze do Futsal Feminino do Estado

O município de Agudo terá neste ano uma representação feminina no Campeonato Estadual Série Bronze 2024 - Liga Sul Riograndense de Futsal. Para entender mais sobre a ideia, a reportagem do Jornal Cidades do Vale conversou com duas das atletas que lideram o projeto: Débora Anunciação e Gabriela Tischler. Confira a entrevista na íntegra:

JVC - Como surgiu a ideia de participar de uma competição estadual?

Atletas: No fundo, sempre tivemos em vista uma competição a nível estadual, acompanhamos os times que participam e temos amigas atletas que jogam. Sempre participamos de torneios regionais, de pequeno, médio e grande porte, e temos um índice muito bom de vitórias. Mas até então era uma ideia, um projeto, que estava somente na conversa para planos futuros. Tivemos um empurrãozinho, digamos, quando o Eduardo Cunha, que é um desportista aqui do município, disse: "Por que não? Vocês são capazes." Ele tomou a frente da ideia e deu início ao projeto.

JVC - Como ocorreu a montagem do elenco?

Atletas: Temos muitas atletas no município, que são muito boas, não só no AGA, mas em outros clubes da cidade. Algumas meninas do nosso grupo já estão jogando a competição e neste ano não conseguem jogar conosco. Então fizemos uma fusão dos times, juntamos algumas meninas das equipes do município e, por jogarmos torneios em várias regiões do estado, conhecemos vários times e atletas. Convidamos algumas atletas da região para reforçar nossa equipe.

JCV - Quais são os principais desafios de fazer futsal feminino?

Atletas: Temos muitos desafios, acredite. O esporte na modalidade feminina é pouco valorizado como um todo. De modo geral, uma das maiores dificuldades é o apoio financeiro. Somos um time independente, sem vínculo com uma entidade, com poucos recursos para irmos tão longe, mas nunca desistimos. Seguimos sempre na luta para dar visibilidade à categoria e somos extremamente gratas aos cidadãos, empresas e autoridades do poder público que nos apoiam. Outro fator difícil é administrar uma equipe, pois cada uma tem diferentes personalidades e pensamentos. Mas acredito ser a parte mais incrível e enriquecedora para qualquer equipe. São essas diferenças que realmente fazem a diferença e fazem com que a equipe cresça. Ninguém é igual a ninguém! Cada pessoa tem um modo de ver o mundo, um ponto de vista, uma ideia de um mesmo assunto ou situação. Isso é incrível demais, pessoas diferentes, mas que compartilham o mesmo objetivo.

JVC - Vocês (Débora e Gabi), que estão encabeçando esse desafio, como foi a inserção no futebol feminino?

Atletas: Ambas jogam desde pequenas, dá pra se dizer que nascemos amando o esporte. Desde assistir, torcer, até entrar em quadra e praticar. Quando nossos caminhos se cruzaram, há mais ou menos três anos, juntamos nossa paixão com a de mais algumas meninas aqui da cidade e montamos o AGA, inicialmente por puro lazer e depois visando o municipal e daí em diante só pra frente. Sempre estamos na luta para conquistarmos nosso espaço.

JCV - Qual é a expectativa para a competição e o desempenho de Agudo?

Atletas: A expectativa é muito positiva, muito boa. Estamos trabalhando toda semana, com dedicação, para que o resultado seja o melhor possível.

JVC- Quantas equipes participam? Quando começam os jogos? Qual é a primeira rodada?

Atletas: Ainda não sabemos ao certo, pois haverá uma reunião, o congresso no dia 10 de agosto para decidirmos tudo isso. Mas os jogos começam no dia 18 de agosto.

JCV - Para as meninas que estão começando no futebol feminino, qual o conselho que vocês dariam?

Atletas: Não desistam! Mesmo que apareçam dificuldades, e elas vão aparecer, mesmo quando acharem que não dá... Dá sim, você é capaz, acredite! Sonhe e corra atrás de seu sonho, não se acomode. Todas nós merecemos ter espaço para brilhar. Eu, Débora, estou praticamente aposentando as chuteiras. Minha missão dentro de quadras está se acabando, mas tenho a certeza que fora delas está apenas começando. O que eu puder fazer por essas meninas eu farei, ensinando, incentivando, torcendo e dando o máximo possível.

Agudo

Família Büse: Tradição e dedicação no plantio de fumo na Linha Teutônia Sul

O plantio de fumo já está em andamento na região. Em Agudo, na Linha Teutônia Sul, a família Büse está a todo vapor. Com uma estimativa de 130 mil pés, restam apenas 40 mil para serem plantados. O pai, Eleri Carlos Büse, o filho, Verner Nestor Büse, a mãe, Vanilda Hamann Büse, e o pequeno Wallace Büse conduzem a propriedade. No total, são 17 anos morando na localidade e cultivando tabaco.

Verner conta que a rotina é intensa. “Todos os dias temos algo para fazer, não há hora, chuva ou sol, precisamos trabalhar. Cada fase exige um pouco mais; a colheita geralmente é o momento em que temos mais serviço, pois precisamos ir à lavoura e depois realizar todo o trabalho no galpão”, disse ele.

De acordo com Eleri, o ciclo é de 80 dias. “Fizemos o plantio agora e, dentro de mais ou menos 80 dias, já começamos as primeiras colheitas. Hoje em dia, já ficou mais fácil, mesmo ainda não tendo todo o processo mecanizado. Muitas coisas avançaram na cultura e têm facilitado a nossa vida”, salientou o pai.

Verner ressalta a dificuldade na mão de obra. “Atualmente, o maior desafio é a mão de obra. É difícil encontrar quem queira trabalhar, e quando encontramos, o valor da diária é considerável. Claro, se você precisa de ajuda poucas vezes, tudo bem, mas se precisar por uma sequência de dias, já se torna pesado. Essa é a realidade: poucas pessoas querem esse trabalho e, sozinhos, não conseguimos fazer tudo. Então, dependemos de ajuda”, explicou ele.

A família explica que conta com o apoio da Afubra e da fumageira. “Somos gratos à Afubra pela parceria; nossos materiais para o cultivo são basicamente todos de lá, além do instrutor da fumageira que também nos presta assistência. Com bons produtos e a troca de experiências, as safras têm sido boas. Não podemos reclamar dos últimos anos; o preço também tem ajudado bastante”, afirmou Verner.

Conforme Verner, os 40 mil pés que restam devem ser plantados nos próximos dias. “Estamos enfrentando alguns períodos de frio intenso, então estamos tendo cautela, porque a variedade que vamos plantar é mais sensível às temperaturas. Estamos esperando uns dias, mas tão logo o tempo se alinhe, finalizaremos o plantio”, afirmou.

Para a safra, Eleri disse estar confiante. “Claro que dependemos das condições climáticas, mas esperamos que, assim como nós, todos tenham uma boa safra. Que aqueles que tiveram perdas com as enchentes possam se recuperar o mais breve possível para seguir suas vidas”, enfatizou ele.

Região

Os impactos das redes sociais no cotidiano: Uma entrevista com a psicóloga Fabiane Schott

As redes sociais são uma realidade, e as consequências delas também. Para entender mais sobre os impactos, a reportagem do Jornal Cidades do Vale entrevistou a psicóloga que atende em Agudo e Faxinal do Soturno, Fabiane Schott. Confira a entrevista completa:

 

JCV - Qual o impacto das redes sociais no cotidiano das pessoas?

Fabiane - As redes sociais, se usadas de maneira consciente, apresentam vários aspectos bons, como interação, socialização entre as pessoas, divulgação de conhecimento, meio de informação sobre trabalhos de profissionais, e promoção de oportunidades de trabalho, etc. Enfim, quando usadas para tais finalidades que servem para algo bom, são saudáveis. Porém, nem tudo é bom. A exemplo disso, destaco as fake news, notícias falsas que disseminam, inclusive, ódio por ideologias políticas e partidárias, entre outros, que geram angústia e sofrimento na população, pela incerteza sobre tais fatos divulgados em massa. É claro que não podemos generalizar que somente as redes sociais causam prejuízos emocionais. Os problemas de saúde mental são multicausais.

 

JCV - Como afeta a vida das pessoas que acabam ficando reféns de postar apenas o lado bom de tudo?

Fabiane - As redes sociais expõem apenas recortes da realidade. O que se vive hoje seria a idealização de uma vida perfeita. Logo, deseja-se mostrar exatamente o que mais se aproxima dessa ilusão. Já observei várias pessoas simulando estar em lugares que não estão, fazendo montagens, por exemplo. O ideal é muito diferente do real, e as pessoas têm dificuldade de aceitar que a vida não tem somente momentos bons, e posso dizer que rejeitam a ideia de que a felicidade é composta de momentos. Então, o que se mostra não é o que se observa na realidade. E por que as pessoas chegam a esse ponto? Bem, todas as pessoas sentem a necessidade de serem aceitas, amadas e queridas. Sendo assim, elas querem mostrar isso, entendendo que, se postarem algo triste sobre sua vida pessoal, possa gerar afastamento e rejeição. Então, o medo faz com que criem um personagem agradável, que possa ser admirado, e que, se postar algo assim, não estará sozinha, supostamente! Ninguém quer se sentir excluído; é desagradável, e as pessoas tentam evitar isso, agindo assim.

 

JCV - Como é para quem absorve? 

Fabiane - Tanto para quem só posta fotos legais, em cenários charmosos e luxuosos, quanto para quem observa, gera sofrimento. Quem posta sente uma necessidade de ser aceito, de ser suficiente, de ser querido. Quem observa sente a necessidade de também atingir esse ideal imaginário, por vezes. Mas nem todas as pessoas reagem da mesma forma. Há, por exemplo, pessoas que não se importam; já há outras que se comparam e sentem-se extremamente frustradas por não conseguir atingir esse padrão, seja de corpo, seja de vida, seja financeiro, enfim! As comparações podem levar a pessoa a sentir-se triste, diminuindo a sua autoestima, pode gerar sintomas ansiosos, transtornos de autoimagem e até, por vezes, levar à depressão.

 

JCV - A geração dos filtros. As pessoas têm perdido a identidade?

Fabiane - Os filtros surgiram para otimizar as imagens, principalmente os efeitos visuais faciais. Tão rápidos e tão perfeitos, ninguém precisa mais usar maquiagem, está tudo ali. Tão perfeitos e tão irreais, mas é mais uma forma de influenciar para que as pessoas demonstrem uma boa aparência visual, que seja aceitável, que seja aprovada. O envelhecimento, as mudanças corporais, faciais, parecem ainda representar uma ameaça ao ciclo de vida. A vida onde tudo é belo não existe, é uma ilusão sim! Vamos todos mudar com o passar do tempo, e é preciso ter consciência disso. Apesar das evoluções estéticas, o tempo ainda passa da mesma forma para todo mundo!

 

JCV - Quais são os benefícios e os malefícios do uso de redes sociais para a vida social das pessoas?

Fabiane - Destaco vários benefícios, como ser um meio de compartilhar informações, talvez o mais rápido, de informar as pessoas, como por exemplo, no caso da pandemia e, recentemente, sobre a catástrofe da enchente no RS. É usado também como fonte de aproximação entre as pessoas e para manter os vínculos com entes queridos distantes. Usado também como meio educativo e informativo. Malefícios, quando usados para buscar seguir um padrão inatingível. Fotos de rostos, corpos, rotinas, trabalhos, viagens e relacionamentos perfeitos, como mostram nas postagens, aumentam a sensação de desvalorização. Isso colabora com autocobranças em excesso, que podem somar quadros de estresse, desmotivação e autodepreciação. Logo, tem-se a impressão de que todo mundo tem uma vida melhor que a sua. Além disso, há vários estudos que indicam que o tempo de exposição às telas reduz as interações pessoais, pode causar prejuízos no sono e, dependendo do tempo gasto com o uso, pode causar alterações cerebrais, especialmente nos neurotransmissores do bem-estar. Além disso, as redes sociais também permitem uma maior liberdade para opinar e comentar, gerando prejuízos a terceiros. As redes são um terreno fértil para o cyberbullying, que é a violência psicológica e a perseguição de pessoas por meio da internet, o que é ainda mais delicado no caso de crianças e adolescentes.

 

JCV - Quais estratégias podem ser adotadas para minimizar os impactos negativos das redes sociais no cotidiano?

Fabiane - As redes sociais devem ser usadas com segurança, evitando, por exemplo, expor aspectos de intimidade, enviando fotos íntimas, ou até compartilhando muitos dados pessoais. Para minimizar os efeitos negativos, o ideal é que cada um saiba o real motivo pelo qual usa essas ferramentas. Estabeleça tempo de uso das redes sociais, priorizando suas interações reais e presenciais. E, principalmente, lembre-se de que nem tudo que aparenta de fato é. Por trás de toda mídia influente, existe um planejamento e um objetivo claro, que é impressionar. Viver mais a sua realidade e aceitar que na sua vida também há coisas boas é interessante, basta você perceber isso. A verdade é que não podemos viver nos enganando. Não é porque você não vê que não é mostrado, que não existe. Ou seja, os fatos ruins por trás daqueles perfis existem também. Evite se comparar, cada um tem sua própria história, cada um sabe as dores e delícias de ser quem é, e isso é único. Se for se comparar, baseie-se no seu antes e na sua própria evolução, é isso que importa.

 

JCV - Onde você realiza os atendimentos:

Fabiane Schott - Psicóloga CRP 07/29245. Consultório em Agudo, na Avenida Borges de Medeiros, 905 - (55) 99132-8643.  Atendimentos na Pró-Vida em Faxinal do Soturno. 

 

Nova Palma

Melodias que marcaram época: A história dos Irmãos Moro e suas inspirações

A música nos inspira, é uma arte presente na rotina das pessoas. Já imaginou o mundo sem músicas? Seja para alegrar, para nos lembrar, ou para viver o luto dos momentos tristes, ela está sempre embalando nossas histórias. Conhecidos no estado, com sucessos regravados por renomados artistas, contaremos a história dos Irmãos Moro, Juares e Gilbrás. Nascidos em Rincão dos Padilhas, município de Nova Palma, eles iniciaram na música desde pequenos. Filhos de Ângelo Moro e Graciosa Delagnola Moro, produtores e pequenos pecuaristas, com idade de seis e oito anos, começaram a cantar suas primeiras músicas.

Aos 8 anos, Juares ganhou a primeira gaita de oito baixos, onde tirou as primeiras notas musicais. “Aprendi tudo sozinho, tinha gosto pelo instrumento e fui mexendo, não tem como explicar isso, certamente é dom de Deus, não tinha professor na época para ensinar”, contou Juares. Dois anos após, os pequenos irmãos, Juares com a gaita e Gilbrás com o violão, acompanhados da irmã mais velha, começaram a animar bailes em rincões. Nas folgas do serviço da lavoura, participavam de programas juvenis nas rádios São Roque, entre outras na região.

Em 1972, já tocavam em festas, bailes e reuniões dançantes com gaita e violão. Gilbrás explica que eles tinham tendência à música gaúcha, mas nos eventos tocavam bandinhas e outros estilos dançantes, o que agradava o público. “As pessoas gostavam muito de dançar, então era diversificado o nosso repertório, para agradar a todos, nós tocávamos músicas animadas, mais lentas e o povo gostava e aproveitava os bailes”, contou ele.

De acordo com Juares, em 1981, gravaram seu primeiro trabalho, na época no formato de LP, com o título “Deixa a Querência”, na gravadora Isaec, em Porto Alegre. Logo após, formaram o Conjunto Irmãos Moro & Grupo com Zé Taguara e Ciro, que juntos permaneceram por 15 anos levando a música gaúcha para toda a região do Brasil, principalmente o Rio Grande do Sul. “As músicas, na sua maioria, eram de autoria nossa, eu e meu irmão tínhamos facilidade na composição e fazíamos as músicas, mas sempre separados. Uma vez fizemos juntos um jingle de política, mas de resto cada um tinha seu jeito de compor”, lembrou Juares.

Em 1986, gravaram o segundo LP com o título de “Quem sou eu?” e, na mesma época, criaram os arranjos e fizeram o acompanhamento para o LP “Cantici Della 4ª Colônia”, cantado por Diomedes Rossato - O Bigodinho. Em 1995, participaram com quatro músicas no LP “Encontro de Amigos”, organizado pelo cantor e radialista José Luiz, de Santa Maria. A dupla também participa há mais de 40 anos cantando em missas crioulas.

 

Maiores ídolos na música

Juares, por tocar gaita, se inspirava em Albino Manique, falecido em 2024. “Eu ouvia ele tocar e ficava admirado pela forma com que ele fazia aquilo. Para mim, ele é o maior gaiteiro do Brasil. Quando tinha que tirar as músicas que ele fazia os arranjos, era sempre muito desafiador. Buscava fazer do melhor jeito possível para me aproximar do que ele tocava. Era um ídolo certamente”, contou ele.

Já Gilbrás disse que os Bertussi eram os maiores ídolos. Eles eram um dos mais famosos sobrenomes da cultura gaúcha, tendo Adelar e Honeyde como pioneiros da música gaúcha bailável e primeira dupla de acordeonistas a gravar discos, em 1955, deixando um legado que ultrapassa gerações. “Era muito bom de escutar eles, era neles que me inspirava para seguir cantando”, contou.

 

Composições

Um dos diferenciais dos Irmãos Moro era a composição. Os dois irmãos escreveram a maioria das letras, inclusive muitas delas sendo regravadas por outros artistas. Juares conta as suas principais inspirações para compor. “A música tem que emocionar, eu falava das coisas do interior, da vivência do gaúcho, buscava trazer alegria. Nunca fui de escrever besteira em letra, não achava isso certo. Vários artistas gravaram nossas músicas, inclusive o Baitaca”, contou. Gilbrás seguia a mesma linha do irmão.

Uma das músicas preferidas da dupla é “Prevendo o Futuro”, composição de Juares, que você pode conferir apontando a câmera do seu celular para o QR code. “Essa foi uma das que mais fez sucesso. Outros artistas gravaram, e o pessoal nos bailes sempre nos pedia e pede até hoje onde nos apresentamos”, contou Gilbrás.

 

A música como renda extra

A dupla nunca viveu exclusivamente da música. Juares lembra que eles encerravam a rotina de trabalho na semana e tocavam nas sextas-feiras, sábados e domingos. “Tínhamos nossos compromissos no trabalho, mas no final de semana nos organizávamos e íamos para a noite. Poucos locais na região que não tocamos. Era cansativo, mas estávamos felizes com o que fazíamos”.

Gilbrás salienta que a questão do dinheiro não foi prioridade, mas que os valores com os bailes contribuíram muito na vida deles. “Era uma renda extra e isso foi importante para a gente, ajudava bastante no final do mês”, contou.

 

Prevendo o futuro

Sobre o futuro, eles dizem seguir se apresentando, mas de forma mais cautelosa. “A gente toca por hobby. Quando nos chamam, a gente analisa e vai. Já não é algo que faz parte da nossa rotina como uma obrigação. A última apresentação nossa foi em um evento na comunidade de Pinhalzinho, onde mais de mil pessoas estiveram presentes, claro, para o jantar e também para a nossa apresentação”, disse Juares.

 

A importância da Rádio São Roque

Os irmãos são unânimes em agradecer à Rádio São Roque pelo espaço. “Não podemos deixar de agradecer à rádio, sempre nos deu espaço, toca as nossas músicas até hoje. Desde o começo, quando iniciamos, fomos bem recebidos, participando de programas ao vivo. Enfim, nossa gratidão à direção da Rádio São Roque, que sempre nos permitiu mostrar o nosso trabalho”, finalizou Gilbrás.

Faxinal Do Soturno

Raízes e laços: Neto segue os passos do avô e se dedica ao trabalho no campo

No dia 26 de julho, é celebrado o Dia dos Avós, data dedicada a São Joaquim e Sant'Ana, pais de Maria e avós de Jesus Cristo, segundo a tradição cristã. Para marcar a data, a reportagem do Jornal Cidades do Vale destaca a relação entre avós e neto, Milvo Marchezan, de 74 anos, Maria Odete Lazzari Marchezan, 74 anos e Eduardo Marchezan, de 17 anos, moradores da localidade de Val-Veronês, no interior de Faxinal do Soturno. Milvo mora na localidade desde os seus 28 anos, antes, morou na Linha Seis Norte e depois em Guarda-Mór.

Uma das alegrias de Milvo é o gosto de Eduardo pelo trabalho no campo, e desde o início do ano, ele resolveu morar de vez com os avós. “Ele sempre vinha nas férias para cá e me ajudava, e dizia que gostava muito. Então, quando me falou de morar, nós o recebemos de braços abertos. Eu nem ia mais plantar fumo, mas ele veio para ajudar e aí me animei; vamos fazer mais uma safra. Fico feliz dele estar com a gente. Já me acostumei com ele; nos finais de semana, quando ele sai às vezes, já sinto falta”, relatou o avô.

Milvo admira a vontade de Eduardo de dar sequência na propriedade. “A vida no interior é um trabalho cansativo; a gente não tem dia, não tem hora, se está chovendo ou se tem sol, temos os afazeres e temos que cumprir. E ele, jovem, morava em Camobi, resolveu escolher isso para a vida dele. A gente apoia, explica as dificuldades, mas também vê a vontade que ele tem, ele é feliz quando está aqui.”

Eduardo disse que sempre se adaptou melhor no interior. “Eu gosto dessa vida que meus avós vivem, sempre gostei. Tentei morar na cidade, mas não me adaptei. Isso aqui é uma paixão, trabalhar com o cultivo de plantas. Então, este ano vamos tocar, aprender mais coisas com o vô, porque o que era feito no período das férias eu já sei, mas tem outros momentos que eu não estava aqui, então vou ter que aprender. Fico feliz de morar com o vô Milvo e a vó Odete”, disse ele.

A dupla deverá plantar em torno de 20 mil pés de fumo. “Vivemos sempre um futuro incerto aqui no interior, a gente depende muito do tempo, mas vamos para mais uma safra apostando que tudo vai dar certo. Os últimos três anos foram bons, o preço também ajudou, então vamos seguir, agora com o Dudu junto.”

O maior desafio da safra, Milvo diz, é a reconstrução após as enchentes. “Vai ser um ano desafiador, temos muitos lugares de terra que nem temos acesso ainda. Vamos ter que trabalhar bastante e investir para recuperarmos o que foi destruído pelas águas. Mas é isso, vamos seguir e acreditar que tudo vai ficar bem”, concluiu ele.

Milvo e Odete também são avós do Thiago e da Júlia. 

Região

Impactos do frio Intenso nas culturas de inverno na Quarta Colônia

Na última semana, as temperaturas caíram consideravelmente na região, com mínimas chegando a marcas negativas. Com isso, a preocupação se volta também para as culturas de inverno. A reportagem do Jornal Cidades do Vale conversou com o engenheiro agrônomo da Camnpal, Aloisio Giovelli. Confira a entrevista completa:

 

JCV - Principais prejuízos do frio intenso nas culturas?

Aloisio - Os principais prejuízos do frio intenso na agricultura gaúcha incluem danos às plantações e redução da produtividade. As culturas mais afetadas são aquelas que não toleram bem as baixas temperaturas, como hortaliças, frutas tropicais e algumas variedades de grãos. Os principais cultivos de inverno no Rio Grande do Sul que toleram bem o frio incluem trigo, cevada, aveia, azevém, canola, centeio e triticale.

JCV - Onde mais afeta? Por quê?

Aloisio - As áreas mais afetadas pelo frio intenso geralmente são as regiões serranas e os campos de altitude mais elevada. Nessas áreas, as temperaturas tendem a ser mais baixas, e a ocorrência de geadas é mais frequente e severa. A topografia também pode influenciar, com vales e depressões acumulando ar frio e intensificando os efeitos das baixas temperaturas nas lavouras. Em grande parte, os agricultores gaúchos já estão acostumados com o frio em suas atividades, e algumas medidas e adaptações já são comuns para enfrentar esse período do ano.

JCV - Qual a recomendação para os agricultores?

Aloisio - Para minimizar os danos causados pelo frio intenso, os agricultores podem adotar várias medidas preventivas nos cultivos sensíveis ao frio, como hortaliças, frutíferas e jardins.

Entre as recomendações estão:

Cobertura das plantas: Utilizar mantas térmicas ou plásticos para cobrir as culturas, especialmente durante a noite.

Irrigação: Aplicar água nas plantas antes da previsão de geada, pois a irrigação pode ajudar a manter a temperatura do solo e das plantas acima do ponto de congelamento.

Proteção de mudas: Manter as mudas em ambientes protegidos, como estufas, até que as condições climáticas melhorem.

Monitoramento: Acompanhar as previsões meteorológicas e estar preparado para agir rapidamente diante de alertas de geada.

JCV - Quais foram os sintomas visíveis de dano nas plantas causados pelo frio?

Aloisio - Os sintomas de danos causados pelo frio intenso nas lavouras de cultivos sensíveis incluem a descoloração das folhas, que podem apresentar tons de marrom ou preto, indicando morte celular. Frutos podem sofrer rachaduras ou apodrecimento, e o crescimento das plantas pode ser significativamente retardado. Em casos severos, as plantas podem não se recuperar, resultando em perdas totais.

JCV - Teremos perdas totais de safra ou apenas redução na produtividade?

Aloisio - Diante do inverno rigoroso, é esperado que os agricultores enfrentem perdas na produtividade ou atraso no desenvolvimento de boa parte dos cultivos, inclusive aqueles que toleram o frio. A redução pode variar de acordo com a cultura e a intensidade do frio, mas é comum que haja uma diminuição significativa na quantidade e na qualidade dos produtos colhidos, principalmente frutas e hortaliças de origem tropical.

JCV - Quais são as perspectivas para a recuperação das culturas afetadas?

Aloisio - A recuperação das culturas afetadas pelo frio depende de vários fatores, incluindo a extensão dos danos e as condições climáticas subsequentes. Em muitos casos, as plantas podem se recuperar parcialmente com o retorno de temperaturas mais amenas e manejo adequado. No entanto, algumas culturas podem exigir replantio, o que implica em custos adicionais para os agricultores.

JCV - Quais os principais relatos de agricultores que foram severamente afetados pelo frio?

Aloisio - Na nossa região, o principal impacto se mostra nas pastagens, com relatos de redução da qualidade e quantidade de forragem disponível para o gado, impactando a produção de leite e carne. Além do frio, a menor luminosidade dos dias de inverno impacta significativamente na agricultura. Com menos horas de luz solar, as plantas têm menos tempo para realizar a fotossíntese, impactando seu desenvolvimento vegetativo e reprodutivo.

JCV - Algo que gostaria de acrescentar?

Aloisio - Embora o frio traga desafios significativos, ele também oferece algumas vantagens, como o controle de pragas e doenças, a melhoria da qualidade de alguns cultivos de frutíferas e bebidas (vinho), a quebra da dormência de muitas frutíferas (pessegueiros, macieiras) e a possibilidade de implantação dos cultivos de inverno, permitindo a rotação de culturas.

 

Agudo

UFSM apresenta projeto de revitalização das avenidas Concórdia e Paraíso

O projeto de extensão Requalificação Paisagística da UFSM apresentou para representantes da Prefeitura de Agudo a proposta de renovação das avenidas Concórdia e Paraíso, na manhã desta sexta-feira (19), no auditório do curso de Arquitetura e Urbanismo, no campus sede. O projeto tem como objetivo transformar as principais avenidas do município em um espaço público de lazer, interação e integração social, além de valorizar o patrimônio cultural local, como a Paróquia São Bonifácio e a Casa Charlotte, construída em estilo colonial no século 19 e que hoje abriga o museu do Instituto Cultural Brasileiro Alemão da cidade.

Segundo o professor de Arquitetura da UFSM Luis Guilherme Pippi, foi o Poder Executivo municipal que procurou a universidade para a realização do projeto. O acordo de cooperação técnica foi firmado em abril do ano passado.

Para transformar as avenidas em um espaço onde a população permaneça e desfrute, em vez de uma simples via de deslocamento, a proposta prevê a ampliação da calçada e canteiros, instalação de vegetação urbana, bancos, floreiras, bicicletários, pergolados e estações de exercício. “O projeto vai gerar uma nova identidade única para Agudo, com qualidade urbana ambiental e paisagísticas que raramente são encontrados em outros lugares”, destaca o arquiteto Alessandro Diesel, da Pró-Reitoria de Infraestrutura.

“Nós não temos esse tipo de arquitetura na cidade de Santa Maria, apenas dentro da universidade por conta dos projetos que realizamos. Isso vai gerar uma identidade polo para Agudo e sua comunidade, além de ser um diferencial para o turismo”, completa o professor.

A proposta apresentada hoje será avaliada pelo Poder Executivo de Agudo. Após sua aprovação, começa a etapa de detalhamento técnico da planta, onde ocorre a determinação de onde serão alocados os elementos previstos nesta primeira apresentação. A entrega do anteprojeto para o poder público está prevista para outubro deste ano, o que vai marcar o encerramento do projeto de extensão.

Integram o projeto de Requalificação Paisagística: o Programa de Pós-Graduação em Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo (PPGAUP), o Grupo de Pesquisa Planejamento e Projeto de Paisagem (GP Paisagem) e o Laboratório de Paisagem e Arquitetura (Parq), bem como as pró-reitorias de Planejamento (Proplan) e Infraestrutura (Proinfra).

 

Proposta inovadora, sustentável e viável

O projeto se diferencia por visar a criação de um espaço que, além da melhoria da mobilidade urbana por meio da criação de novos estacionamentos, ofereça mais segurança para os pedestres com esquinas compartilhadas e cruzamentos. A circulação alternativa (a pé ou de bicicleta) será incentivada por meio de uma pista multiuso, também destinada para pessoas com deficiência.

A sustentabilidade também está entre os aspectos principais da proposta, que conta com uma infraestrutura verde, com foco em arborização com plantas nativas, que além da função estética facilitam a permeabilidade do solo e tornam a drenagem mais eficiente por meio de valetas naturais.

O professor de Arquitetura destaca que essas características incentivam a população a frequentar e circular neste espaço, o que também pode favorecer comércios e serviços localizados nas avenidas. Para a elaboração do projeto foram utilizadas referências estaduais e também internacionais em arquitetura humanizada e verde, como as cidades de Porto Alegre, Gramado, Montevidéu e Buenos Aires, bem como Raleigh e Cary, nos Estados Unidos.

“O objetivo é transformar a avenida em um polo atrator, um espaço de permanência, como se fosse um grande parque. Isso beneficia moradores, comércio e valoriza o espaço público”, afirma o professor de Arquitetura.

 

Fonte: UFSM

Faxinal Do Soturno

CASA É CONSUMIDA PELO FOGO, EM FAXINAL DO SOTURNO

Na manhã desta segunda-feira (15), por volta das 11h, uma residência de madeira foi consumida pelo fogo, na localidade de Linha Nova Palma, em Faxinal do Soturno. De acordo com a moradora, Patrícia Pereira, tudo aconteceu muito rápido. “Morávamos eu, meu marido e três filhos. Dois deles estavam na escola, e o outro estava comigo. Houve uma queda de luz, e quando a energia voltou, ouvi um estouro. Vi, em um dos quartos, o fogo no fio. Desligamos o disjuntor, mas não deu tempo para mais nada. O fogo se alastrou muito rápido”, relatou ela à reportagem da Rede Jauru. A casa ficou destruída. “Perdemos tudo. É muito triste”, disse Patrícia.

Brigada Militar, Bombeiros Voluntários de Faxinal do Soturno, Nova Palma e Agudo, além dos Bombeiros Militares de Restinga Sêca atenderam a ocorrência

Faxinal Do Soturno

Conscientização e empatia: A história de Benício e a síndrome de Tourette

No dia 07 de junho é celebrado o Dia Nacional de Conscientização da Síndrome de Tourette, um transtorno neurológico caracterizado por tiques motores e vocais repetitivos e involuntários que geralmente começam na infância. Esses tiques podem variar em frequência e intensidade, e são acompanhados por uma sensação de alívio temporário após a sua execução. A reportagem do Jornal Cidades do Vale foi conhecer a realidade e o cotidiano da família de Faxinal do Soturno, Pamela Irion, 40 anos, e seu filho Benício Irion, 08 anos, que desde os quatro anos foi diagnosticado com a Síndrome de Tourette.

Pâmela conta que foi durante a pandemia que ela percebeu alguns comportamentos de Benício que chamaram sua atenção. "Ele tinha uma vida agitada, estava na escolinha, então quando tudo parou, eu e ele ficamos mais tempo em casa eu percebi que ele fazia alguns movimentos que tinham sequências. No começo comentei com algumas pessoas próximas e até ouvi que era coisa da minha cabeça, mas fui observando mais e procurei ajuda médica”, relatou.

Em 2021, ocorreu a primeira consulta. "A neurologista ficou com ele duas horas e veio me questionar o que eu pensava que poderia ser. Ela tinha uma suspeita de que poderia ser a Síndrome de Tourette e eu concordei, pois havia procurado saber sobre o assunto e as características batiam. Depois disso, tivemos outras consultas até compreender que realmente se tratava disso".

Pamela lembra que o primeiro tratamento não foi com medicamentos. "Com a certeza da síndrome, iniciamos um tratamento, mas não com remédios nesse primeiro momento, e sim com psicoterapia, psicopedagogia e apoio de uma educadora especial”. De acordo com ela, aos 5 anos, Benício teve uma crise e precisou de intervenção com medicamentos. "A partir daí foi necessário que ele tomasse remédios específicos para minimizar os sintomas. Sempre que ele está muito estressado ou triste, a frequência dos tiques aumenta", explicou.

Sobre o recebimento do diagnóstico, Pamela, que tem formação na área de educação e saúde mental, disse que foi um momento delicado. "Ninguém está preparado para isso, é um desafio diário lidar com o que vai acontecer, é uma situação nova. Eu costumo dizer que é como se você fosse na feira e comprasse uma banana e de repente te dizem que é uma laranja. Mesmo tendo formação na área e recursos financeiros, é algo que assusta no primeiro momento. Pensamos em como ele será aceito pela comunidade, como será sua convivência com as pessoas e como ele vai lidar com as situações que virão. Até que se acalma e passa a viver um dia de cada vez", relatou.

Um dos desafios, de acordo com Pâmela, é o preconceito. "Precisamos falar sobre isso, as pessoas excluem o que dizem ser diferente. Não só com a Síndrome de Tourette, mas em outras questões sociais também. Somos uma família atípica e queremos respeito. As pessoas são ruins no julgamento, ficam olhando, debochando, excluindo, isso nos entristece muito e traz muitas preocupações em relação à vivência dos nossos filhos. Ele tem a mesma capacidade que qualquer pessoa considerada 'normal', uma palavra que nem é adequada, mas as pessoas usam. Precisamos de mais empatia, que as pessoas compreendam esse universo".

Em Faxinal do Soturno, Pamela afirma que a rede de atendimento tem contribuído positivamente na vida de Benício. "Aqui encontramos apoio na rede. Ele consulta com as especialidades necessárias de forma gratuita, o que seria certamente algo acima de mil reais por mês se tivesse que fazer pelo particular, como em muitos momentos foi necessário. Agradeço ao município, à escola, por agilizarem o encaminhamento dele e agora ele tem esse atendimento de qualidade, que é indispensável para o desenvolvimento dele".

Pamela disse que sempre teve uma transparência muito grande para tratar o tema com o filho. "Dentro do entendimento dele, eu explico do que se trata. Ele sempre soube sobre a síndrome, e conforme cresce, vou explicando ainda mais, para que ele possa normalizar isso quando as pessoas perguntarem e saber explicar do que se trata. Benício disse que na escola os coleguinhas às vezes acham estranho os tiques. 'Alguns ainda me olham, mas minha mãe disse que eu não sou estranho, sou descolado. Afinal, nem todo mundo é igual, os cabelos, os olhos, e o meu jeito também não é igual ao de todo mundo', disse ele.

Pamela ressaltou a importância da rede de apoio nos cuidados. "Nós precisamos socializar com as pessoas, precisamos do apoio dos familiares. Sozinha é muito mais difícil. Eu tinha apoio na cidade onde morava com o pai dele, e agora tenho os avós, meus pais e demais familiares que colaboram comigo, e isso faz a diferença na vida dele. As mães atípicas precisam procurar outras mães para falarem sobre o assunto, trocarem experiências, isso é muito importante, porque as mães e pais também precisam aprender diariamente lidar com cada situação que acontece”.

Finalizando ela deixou uma dica de filme para as pessoas saberem mais sobre o assunto. “Para entender melhor assunto eu aconselho as pessoas a assistirem o filme “Primeiro da Classe’, que mostra o drama e a perseverança de Brad que luta para ser professor, mesmo sendo portador da Síndrome de Tourette, o mesmo só podia contar com o apoio do seu irmão e da sua mãe em realizar o seu sonho”, concluiu ela.