Faxinal do Soturno - RS, 97220-000, Brazil

Rede Jauru - Rádio São Roque - La Sorella FM - Jornal Cidades do Vale

Últimas Notícias


Região

Egressa da UFSM cria coleção de joias inspiradas em igrejas da Quarta Colônia

Joias costumam ser sinônimo de beleza e preciosidade, mas se tornam ainda mais valiosas quando carregam um significado. Foi isso que a designer de joias Ana Luiza Seeger Guerra buscou trazer em sua coleção inspirada na Quarta Colônia de Imigração Italiana e suas igrejas: criar peças significativas, que remetam ao povo responsável por colonizar a região a partir do século 19. Através de características iconográficas presentes na arquitetura religiosa de nove igrejas locais, Ana representa a fé católica, um elemento intrínseco à cultura italiana, que perpassa gerações.

O projeto faz parte de uma dissertação de mestrado no Programa de Pós-Graduação em Patrimônio Cultural da UFSM, orientada pelo professor Flavi Ferreira Lisboa Filho. Para o trabalho, foram selecionadas as igrejas matrizes de Ivorá, Dona Francisca, Pinhal Grande, Silveira Martins, Faxinal do Soturno, Nova Palma, São João do Polêsine, Vale Vêneto e Arroio Grande (distrito de Santa Maria). O colar inspirado na Igreja Matriz de Vale Vêneto, distrito de São João do Polêsine, é a única joia produzida até o momento.

 

Nova Palma – A Igreja Matriz de Nova Palma, dedicada à Santíssima Trindade, foi transformada em um anel. Inicialmente, Ana havia optado por representar as formas, bastante características da fachada e do interior da igreja, em brincos (que chegaram a ser desenhados e estão disponíveis no apêndice do trabalho), porém, conforme a união dos elementos em desenho foi tomando forma, ela percebeu que funcionariam mais harmonicamente como um anel.

A peça faz referência ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, que formam a Trindade, a qual a matriz homenageia. Na joia, Pai e Filho são representados pelas pedras “água-marinha”, dispostas nas laterais, em tom de azul. A escolha das gemas azuladas fazem referência à pintura do teto do templo, em que as duas figuras aparecem em vestimentas azuis. Já o Espírito Santo, que ocupa a posição central, é representado pela pedra citrino. Naturalmente amarelada, a tonalidade da pedra faz referência à pomba presente na pintura, o principal símbolo do Espírito Santo.

 

Silveira Martins – Já a Matriz de Silveira Martins, dedicada a Santo Antônio de Pádua, considerado um “santo casamenteiro”, foi convertida em um colar. A característica mais marcante da fachada, escolhida como principal elemento de representação da igreja, é a torre cilíndrica de estilo bizantino. Para evidenciar a forma, Ana escolheu um pingente estilo berloque, que une duas partes iguais soldadas, e permite o movimento giratório.

Outra marca replicada em várias partes do templo são os detalhes florais, com destaque para a flor de açucena, ou lírio, segurada pela estátua de Santo Antônio na fachada da matriz, assim como nas portas, no chão e nos retábulos laterais. A flor é representada no pingente em relevo, disposto acima de um cravejado de pedras, que acompanha toda a circunferência do berloque. Na ideia inicial, as pedras de esmeraldas seriam utilizadas como representação dos ramos das açucenas e diamantes seriam usados para representar o branco das pétalas. Porém, na versão final, apenas as esmeraldas permaneceram para simbolizar a planta.

 

Vale Vêneto – Outro destaque é a Matriz de Vale Vêneto, dedicada a Corpus Christi, que foi representada por um colar. A fachada do templo possui formas geométricas acentuadas. O teto de madeira também apresenta formas em relevo, que contornam a imagem da Eucaristia e de um cálice ao centro. A Eucaristia – que remete ao sacrifício do corpo e sangue de Jesus, representados na repartição do pão e do vinho na Última Ceia – é replicada em diversas partes da igreja, como nos vitrais, no altar e no sacrário.

Além disso, o retábulo central abriga uma imagem do Sagrado Coração de Jesus em seu nicho principal, que remete ao significado da igreja. Nela, Cristo aparece em vestes vermelhas, uma auréola sobre a cabeça e uma das mãos indicando o coração. Dessa forma, a junção dessas referências deu origem a um pingente triangular, revestido por traços que fazem alusão à Eucaristia e dão a ideia da auréola sobre a cabeça de Cristo. O rubi vermelho em formato cabochão, centralizado na joia, remete ao sangue de Cristo, também como parte da Eucaristia.

Apesar da liberdade de usar a criatividade nos desenhos, Ana não quis se distanciar muito da literalidade na representação dos elementos observados nas igrejas. Segundo ela, como uma boa designer, seu processo criativo sempre é guiado por referências. A partir delas, começa a desenvolver desenhos esquemáticos, que ajudam a pensar nas formas e a entender como vai transformá-las em joias. O papel-manteiga é um aliado importante nesse processo para facilitar o refinamento, pois, à medida que os desenhos vão sendo replicados, vão tomando uma forma mais consistente.

Depois de rascunhados no papel, eles são projetados no software Rhinoceros 3D, um programa de modelagem tridimensional, que permite uma prototipagem do produto nas dimensões reais. Mesmo não sendo exclusivo para o design de joias, Ana opta por usá-lo, pois ele oferece uma projeção precisa das escalas milimétricas utilizadas nas joias, diferentemente de outros softwares próprios para isso. É nessa ferramenta que o design é finalizado, já com a simulação dos materiais que serão usados para a confecção, como as pedras – ou gemas, como são chamadas na joalheria – e a disposição e encaixe desses materiais na peça.

 

Seleção das igrejas

Para o trabalho, foram selecionadas nove igrejas sob um mesmo critério: terem sido fundadas por imigrantes italianos. Por isso, a matriz de Arroio Grande, um distrito de Santa Maria, também foi incluída, apesar de não fazer geograficamente parte da Quarta Colônia. Já outras cidades que foram agregadas posteriormente à região, como Restinga Seca e Agudo, não foram integradas no projeto por terem colonização alemã ou por suas paróquias não terem sido idealizadas por italianos. Essa seleção foi importante para manter a essência do projeto de trazer à tona a identidade do povo italiano através de suas construções religiosas.

 

Contextos históricos

O desvendar das escolhas de formas, relevos, cores e acabamentos contam tanto a história da igreja e do que ela representa, quanto de quem se dedicou a construí-la. Foi com o olhar atento aos detalhes também do contexto a qual cada igreja pertence que Ana descobriu, em uma plaquinha discreta na frente da Matriz de Vale Vêneto, uma trágica história que faz parte da constituição do local. Um dos homens que trabalhavam construindo o telhado, nativo dali, caiu e faleceu durante a obra. A homenagem conta um fragmento triste da história de apenas uma das pessoas que, com suas próprias mãos, ajudou a construir não só uma estrutura paroquial, mas também uma parte histórica da região.

Região

Redes sociais da Rede Jauru alcançam milhões de visualizações

A Rede Jauru de Comunicação, grupo que inclui a Rádio São Roque, Jornal Cidades do Vale e Rádio La Sorella, trabalha em constante evolução. Nos últimos dias o trabalho focado também nas redes sociais renderam números expressivos. São mais de seis milhões de impressões nos últimos 90 dias na página oficial da Rádio São Roque, no Facebook. 

No total, são mais de 26.550 de seguidores no Facebook, um engajamento de mais de 573 mil interações mensais, incluindo comentários, compartilhamentos e reações. As postagens tiveram um alcance de mais de 2 milhões de pessoas e mais de 6.2 milhões de exibições na tela. 

No Instagram, um dos vídeos publicados, no dia  30 de abril, alcançou 3 milhões e 500 mil visualizações. 

Números atualizados nesse mês de junho.

Região

Apelidos que viraram nomes: A história por trás das alcunhas

Ao longo da história, os apelidos sempre estiveram presentes. Carinhosamente, algumas pessoas da nossa região são conhecidas por seus apelidos. Muitas delas não têm seus nomes de registro conhecidos pelo público. O Jornal Cidades do Vale listou algumas figuras e elas compartilharam como adquiriram seus apelidos, revelando seus nomes verdadeiros.

Começando pela casa, o diretor da Rede Jauru de Comunicação é carinhosamente chamado de "Melão". Ele conta que quando era jovem e jogava futebol na região, recebeu esse apelido devido à cor de seus cabelos, loiros. A partir daí, o apelido ganhou notoriedade, e as pessoas passaram a se referir a ele dessa maneira. Roberto Cervo, seu nome de registro, raramente é utilizado na região. 

É importante ressaltar que existe um limite em relação à forma como os apelidos são usados. A psicóloga Fabiane Schott orienta que é fundamental ter bom senso. "Os apelidos surgem com algum propósito, que por vezes tendem a destacar uma característica física ou comportamental da pessoa que o recebe. Por vezes, gera sofrimento a pessoa, pois você passa a ser visto e chamado pelo apelido, como se o apelido te definisse, e se reduzisse àquela única característica,desconsiderando todas as suas qualidades. As pessoas lidam de maneira diferente com os apelidos, algumas não se importam e até gostam, mas para outras é um desconfortável e causa prejuízos emocionais, que podem afetar a autoestima da pessoa que passa a considerar a percepção dos outros como verdadeira, em relação ao apelido”.

Por fim, ela reforça que é preciso respeitar como as pessoas se sentem com a nomenclatura. “Os apelidos podem incomodar e ofender quem é alvo, pois podem ser utilizados para rir e magoar os outros. Quando feito de forma contínua, isso pode acabar se transformando em bullying, levando por vezes a quadros de transtornos mentais, como ansiedade, e depressão. Portanto, é importante considerarmos como cada pessoa se sente em relação ao apelido, e ter respeito e empatia se a pessoa manifestar-se incomodada ao ser chamada assim”, explicou Fabiane.

Maçarico, ou Massa

O morador de Agudo, Euclides Cardoso Santos, o Maçarico, conta que ficou conhecido devido ao gosto pela pescaria desde cedo. “Morávamos em Dona Francisca, quando eu era pequeno, e eu adorava ir pescar, meu tio dizia que eu era o Maçarico, uma ave. E a partir daí passei a ser Maçarico, no quartel, o meu nome de guerra era Maçarico. Aqui em Agudo se perguntarem pelo meu nome de registro ninguém sabe, já o apelido, sabem direitinho. Nunca achei ruim, levo numa boa, faz parte da minha história”. 

Maçarico é uma espécie de aves pertencentes à família Scolopacidae. A designação agrupa aves de médio porte, de patas altas e bico longo, com plumagem geralmente acastanhada e branca. Os maçaricos vivem em regiões costeiras e muitas espécies são migratórias. Eles possuem ainda um bico longo e curvo, próprio para “pescar” os moluscos de que se alimenta.

Polenta

Natural de Dona Francisca e hoje residente em São João do Polêsine, Polenta conta que pouquíssimas pessoas sabem o nome dele. Francisco Fenker Filho foi totalmente substituído pelo apelido. Ao ser questionado sobre a origem de sua alcunha, Francisco brincou que a história é bastante curiosa. 

“Eu tinha um ano de idade mais ou menos, morava em Dona Francisca, e sempre perto do meio-dia quando as crianças saiam da escola, um vizinho meu que tinha uns 13 ou 14 anos passava ali em casa pra brincar comigo. E eu era muito gordinho, e o cara começou a dizer que eu parecia uma polentinha. E foi ficando. Foi me chamando de polenta, o pai dele também me chamando de polenta. E aí foi pegando. A partir daí, na escola todo mundo chamava de polenta, no futebol era polenta. Até quando fui vereador em Dona Xica, no santinho era Polenta”,  contou ele.

E isso dura até hoje, como o próprio Francisco conta: “Se tu chegar em Dona Francisca hoje e perguntar quem é o Francisco, ninguém conhece. Agora, se tu falar em Polenta, a maioria identifica quem é”, completou. 

Americano

Nascido em Nova Palma e hoje residente em Faxinal do Soturno, poucos sabem quem é Nelson Grotto. Porém, ao falar em Americano, logo é possível a identificação. A história da origem do apelido também é bastante inusitada.

“Lá em Nova Palma, a gente praticamente nem almoçava e já ia jogar futebol na praça. Meio-dia e cinco por aí, já estávamos indo pro futebol. Lá tinha um senhor, um russo, com um camionetão, que fazia pronta-entrega de mercadoria para a oficina do Piovesan. E um dia ele estava por ali com um charutão na boca e precisava de fósforo para acender o charuto. E me perguntou onde tinha, e eu falei que tinha uma venda do meu tio nas proximidades e que conseguiria fósforo. Aí me disse, então vai, me deu o dinheiro e falou que se perguntarem pra quem é, tu diz que é pra um americano. Cheguei lá, o pessoal tava almoçando e me pediram o que eu queria. Falei que queria uma caixa de fósforo. Aí já me perguntaram se eu ia fazer arte, né. Tive que explicar que era pra um americano que tava ali. Meu tio foi lá na quadra e contou pras pessoas que estavam ali e pegou o apelido de americano”, contou ele.

Bolacha

Em Faxinal do Soturno ninguém conhece Amacir Benedito Ruviaro. Agora, se perguntar pelo Bolacha, a maioria da comunidade saberá de quem se trata. Em contato com ele, a reportagem do JCV pediu que contasse como surgiu o apelido.

“Esse apelido é coisa muito antiga, cerca de 65 anos atrás. A minha mãe era dona de casa e o meu pai era ferreiro no Bozzetto. Então, os recursos não eram muitos. Éramos em cinco irmãos, então a mãe tinha que se virar de todas as formas para nos sustentar. Então, lá em casa tinha um forno, onde o pão era feito em casa. E ela tinha uma máquina de prensar e fazia muita bolacha. Assim, quando eu e o Bolachinha, meu irmão mais novo, íamos na escola, nossa merenda era bolacha. Os colegas perguntavam o que tinha levado de merenda, e era sempre bolacha... Aí ficou Bolacha e meu irmão que era menor Bolachinha. Amacir e Eliseu ninguém conhece, agora Bolacha e Bolachinha, todo mundo sabe”, contou ele.

Geral

Festival Internacional de Inverno é transferido para o campus sede da UFSM

 

Devido às fortes chuvas que assolaram o Rio Grande do Sul nas últimas semanas, a organização do 39º Festival Internacional de Inverno – que tradicionalmente ocorre em Vale Vêneto, distrito de São João do Polêsine – informou que o evento neste ano teve de ser transferido para o campus sede da UFSM, e ocorrerá de 29 de julho a 3 de agosto. Para esta edição, serão oferecidas 14 oficinas de instrumentos musicais (flauta, oboé, clarinete, fagote, trompete, trompa, trombone, violino, viola, violoncelo, contrabaixo, percussão e piano), bem como de educação musical e prática de orquestra. O processo de pré-inscrição, que é todo online, está aberto até o dia 15 de junho. A lista com os nomes dos professores nacionais e internacionais, assim como a programação, pode ser conferida na página do festival.

Nova Palma

Chuva e cheia em Caemborá: Moradores relatam destruição e esperança no recomeço

"Nunca vimos algo parecido." "Foi tão rápido." "Perdemos muitas coisas." "Temos que agradecer a Deus pela vida." "Agora é recomeçar." Com essas expressões, os moradores do distrito de Caemborá, em Nova Palma, descrevem o episódio de chuva e cheia que a comunidade vivenciou no dia 30 de abril e início de maio que ainda traz consequências.

A reportagem do Jornal Cidades do Vale percorreu os principais pontos afetados da localidade. Por toda parte, ainda há muita lama, barro, entulhos e histórias sendo contadas. Basta encontrar um morador e perguntar sobre a situação para que as lembranças de dias de terror venham à memória. Nesta reportagem, contaremos duas histórias que exemplificam a experiência dos demais moradores.

Hilmar e Normélia Streck nunca viveram algo parecido 

Os aposentados Hilmar Streck, de 84 anos, e Normélia Streck, também de 84, são casados há 54 anos. Segundo o casal, a água subiu muito rapidamente. "Começou a chover e percebemos a água subindo. Como nunca tinha chegado na casa, ficamos menos preocupados. Fiquei monitorando, e ela subindo. Quando nos demos conta, não conseguíamos mais sair, nem de trator, porque o pátio já estava todo alagado. E quando vimos, a água já estava dentro de casa. Tudo aconteceu muito rápido, não deu tempo para nada", lembrou Hilmar.

O aposentado conta que nunca tinha vivido um momento como aquele. "Senti medo. Fomos resgatados com a água já chegando à nossa cintura. Um vizinho veio com o trator e nos levou. Se não fosse isso, não sei o que teria acontecido. Sempre via na televisão as histórias das pessoas que não conseguiam sair e não entendia, mas naquele dia, vivi na pele o que é isso. É muito triste", relatou Hilmar.

Normélia descreveu as perdas na casa e no pátio. "Encheu tudo de água e barro dentro de casa. O guarda-roupa desmontou, o chão levantou todo. As galinhas foram levadas, os bichos, foi um horror. Encheu de árvores e pedras aqui na propriedade, que vieram arrastadas. É assustador", disse ela.

Questionados sobre a permanência na propriedade, Hilmar afirmou que deve ir morar em outro lugar. "Não podemos mais ficar aqui. Precisamos estar em um lugar mais seguro, com mais recursos. Estou vendo algumas possibilidades. Claro que é triste, vivi a vida toda aqui, muitos amigos. Não vai ser fácil sair, mas com a nossa idade, precisamos nos preservar", afirmou ele.

Tania e Neco Spanevello: A força da água

Na sede do distrito, os empresários Tania Spanevello e Alcedir Spanevello, o Neco, também passaram por momentos de muita angústia. Tania lembra o dia que tudo começou. "É incrível a velocidade e a força da água. Foi rápido. Quando vimos, a água estava chegando na padaria e invadindo tudo, arrebentando portas, derrubando tudo. Logo já estava no pátio da nossa casa. Nós até levantamos o que foi possível, pensamos que ia ser menos água, mas tomou conta de uma forma nunca vista", contou.

A água chegou na casa e trouxe estragos. "Perdi muita coisa, ainda não temos a noção exata de tudo. Fiquei abrigada na casa da minha filha por 12 dias. Estávamos entre nove pessoas na casa, sem água, luz, internet. Quando abaixou, vim para casa e vi que não tinha nada, nem para comer. Muito triste, a gente dono de padaria, não tinha um pedaço de pão para comer. Foi tudo com a água", relembrou Tania.

Em relação à padaria, Neco ressalta que ainda precisa contabilizar os prejuízos. "Temos fornos, motores aqui, e com a água e barro, não sabemos o quanto estão danificados. As tomadas têm que ser abertas todas, a fiação precisa ser verificada. As formas entortaram. Algumas coisas menores, como bicos de confeiteiro, se perderam no meio do barro".

Agora, o trabalho é de recomeço. "Precisamos ser fortes, enfrentar isso que nos aconteceu. Não é fácil. Vamos completar, no dia 15 de agosto, 14 anos desde que assumimos a padaria. Vamos nos reerguer, um dia de cada vez. Agradeço muito a ajuda das pessoas, tanto no dia quanto depois. Todo mundo se conhece aqui, e felizmente existe gente do bem que nos apoia. Logo teremos pão fresquinho de novo para a nossa comunidade", finalizou Tania.

 

Faxinal Do Soturno

Lucas Prevedello de Azambuja é novo presidente da Acis

Na sexta-feira (24), foi realizada a eleição da nova diretoria da Associação Comercial, Industrial e Serviços de Faxinal do Soturno (Acis). Uma chapa se inscreveu e foi eleita com 44 votos por unanimidade. Assume a presidência o empresário Lucas Prevedello de Azambuja, no lugar do então presidente, Antonio Neuri Garcia. A posse da nova diretoria foi no dia 03 de junho. Confira a entrevista realizada pela reportagem do Jornal idades do Vale com o novo presidente: 

JCV -  Qual a expectativa de trabalho?

Lucas - Que nossa nova diretoria consiga atuar na defesa dos interesses da classe empresarial, além disso, temos o dever de fomentar o comércio local. 

JCV - Quais são as principais metas à frente da Associação?

Lucas - Criar uma rede sólida de empresários que se preocupem com a geração de empregos na cidade. Essa base é fundamental para ter uma Faxinal do Soturno que seja sustentável e com poder de compra. Assim, o comércio cresce junto e beneficia a todos.

JCV - O que pode ser mais desafiador na liderança da Associação?

Lucas - Vejo 3 grandes desafios neste momento:

1. A diversidade de interesses: os membros da Associação podem ter objetivos e interesses diversos, e unir todos em prol de um objetivo comum, nem sempre é tão simples.

2. As mudanças no ambiente de negócios: com a constante evolução do ambiente de negócios, os líderes da Associação Comercial precisam estar preparados para se adaptar às novas tecnologias, regulamentações e tendências de mercado.

3. A gestão financeira: as finanças da Associação são cruciais para manter as suas operações e cumprir os seus objetivos. Gerir eficazmente os recursos financeiros, será um grande desafio neste momento.

JCV - Como é a tua trajetória como empresário?

Lucas - Resumir aqui vai ser bem difícil, mas vou tentar: Minha primeira empresa foi em 2012 (Uma agropecuária), logo que saí do Grupo RBS depois de 11 anos de trabalho. Em seguida já comecei outra empresa de um segmento totalmente diferente (Autopeças/Som/acessórios) e em 2019 tive a oportunidade de entrar para a Rede CauzzoMais onde estou até hoje. Hoje são 6 unidades sob a nossa gestão, além de empresas em outros segmentos.

JCV - O que te motivou a assumir a liderança na Acis?

Aqui vai um agradecimento especial a 3 pessoas que me fizeram o convite: Juliana Spanevello, Veronica Tessele e Leonardo Bisognin. Amigos que fiz desde que cheguei em Faxinal e outros de longa data. Temos pensamentos bem parecidos. Somos eternos inconformados, sempre enxergamos novas maneiras de realizar as coisas. Esse sentimento uniu a gente neste desafio (e que desafio!). Então o motivo é este, ser desafiado a fazer diferente. Ao longo dos anos, aqueles que estiveram a frente da Associação, realizaram muito… nesse sentido, acreditamos que podemos dar nossa contribuição. Seguindo com o que está bom, adequando o que precisa ser adequado, e melhorando o que precisa ser melhorado. 

JCV -  Como ficou composta a diretoria que assumirá a Acis?

Lucas Prevedello – Presidente

Roberto Bozzetto – Vice Presidente

1º Tesoureiro – Roberto Cervo – Melão

2º Tesoureiro – Airton Dall Ongaro

1º Secretário – Fabiano Azeredo

2º Secretário – Henrique Cervo

Conselho Fiscal:  José Prevedello (Bepi), Leonardo Bisognin e Rodrigo Bevilaqua.

Suplentes Conselho Fiscal: Veronica Tessele, Ernesto Biachi e Antonio Bosi de Souza

Coordenação de Cursos/Palestras: Juliana Spanevello

Coordenação de Turismo: Andreia Brondani

JCV - Algo que queira acrescentar:

Nossa ideia passou pelo cuidado de formar um grupo para a diretoria, com pessoas de diversas áreas, dispostos a participar ativamente com ideias, sugestões e trabalho. Queremos ouvir e contar com todos os associados. Sabemos da nossa responsabilidade enquanto ACIS, e queremos que a comunidade empresarial de Faxinal do Soturno tenha a nossa entidade como parceira. Vamos lutar por dias melhores para todos, com muita dedicação e trabalho, trazendo sempre transparência para que todos se sintam pertencentes dos processos e decisões. O engajamento de todos será fundamental para este novo momento.

Faxinal Do Soturno

Grupo interdisciplinar atua no apoio das famílias desabrigadas

Em Faxinal do Soturno, diversas famílias ficaram desabrigadas em função da enchente e foram levadas para abrigos espalhados pela cidade. A Prefeitura, por iniciativa das psicólogas da Assistência Social, Educação e Saúde, em parceria com as profissionais do Programa Primeira Infância Melhor (PIM), Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) e Centro de Atendimento Educacional Especializado (CAEE), desenvolveram um grupo interdisciplinar que atua nos abrigos diariamente.

De acordo com a equipe, a iniciativa partiu da necessidade de trabalhar a saúde mental das pessoas abrigadas. “Em parceria com outros profissionais, de outras áreas, percebemos que precisamos acompanhar essas famílias. Seja para desenvolver atividades manuais, de ocupação, quanto para termos uma escuta que chamamos de escuta qualificada. Não chega a ser consultas como em um consultório, mas existe o momento em que, conforme eles se sentem à vontade, fazemos a intervenção. A vida delas mudou muito rápido, tiveram que deixar suas casas, passaram a conviver em grupo com pessoas diferentes. Temos as crianças também que estão sem aulas, saíram da rotina, foi por isso que, em conjunto, resolvemos desenvolver esse trabalho”.

De acordo com a equipe de trabalho, a incerteza do futuro é algo que mexe com as emoções das pessoas. “Elas estão acolhidas neste momento, lidando com os desafios, mas os relatos que mais escutamos são de preocupação com o que vai acontecer daqui para frente. Muitos perderam tudo, não vão poder voltar para suas casas, outras têm a residência em risco, então variam muito os motivos, mas essa incerteza gera muita ansiedade, e é com a escuta que tentamos minimizar a situação”.

O trabalho da equipe também é voltado para as crianças. “Trabalhamos de forma lúdica com as crianças, e a partir de desenhos e atividades elas expressam os sentimentos, e a partir disso podemos trabalhar. Mesmo que muitas vezes os adultos tentem esconder das crianças as situações, sabemos que elas percebem, e é necessário que seja explicado para elas os fatos, pois elas sentem tudo”, afirmou a equipe. 

Finalizando, o grupo de trabalho salienta que o trabalho já tem trazido bons resultados. “Estamos há uma semana e meia empenhadas nisso, e quando chegamos nos abrigos, fizemos o nosso trabalho, eles pedem para não irmos embora. Já estão confiantes, se sentindo acolhidos, é isso que buscamos. Quando chegamos a um determinado abrigo, uma das crianças me abordou e disse: 'Fiquei triste porque achei que vocês não fossem vir mais!' Então, percebemos que temos bons resultados com o que estamos fazendo”.

Por fim, o grupo entende que a  demanda é grande e que o acompanhamento deve seguir por muito tempo. “Mesmo que eles saiam dos abrigos, o pós também vai precisar desse trabalho, terá continuidade. Temos uma demanda grande, nos organizamos diariamente com um roteiro para estar nos abrigos. Felizmente, temos o apoio dos demais profissionais que estão envolvidos. Certamente, somente nós, psicólogas, não daríamos conta, é importante esse trabalho coletivo que tem acontecido no município. A intenção é juntos fazermos o bem para a nossa comunidade”.

O grupo de profissionais inclui a psicóloga do Creas, Carine Michelon de Oliveira; a psicóloga do Centro de Atendimento Educacional Especializado (CAEE), Caroline Felli Kubiça; a psicóloga do Cras, Rafaela Quintana Marchesan; a psicóloga da Secretaria Municipal da Educação (SMED), Lia Cristina Biacchi; a terapeuta ocupacional do NASF, Débora Posser Vieira; a nutricionista do NASF, Juliane Osmari Cerezer; a psicóloga do NASF, Naíma R. Bertoldo; a fonoaudióloga do NASF e CAEE, Bruna Roggia; a profissional de educação física do NASF, Marivana Giovelli Casali; e a educadora especial do CAEE, Cíntia Schlindweis Iop.

 

Dona Francisca

“Terra devastada”, diz produtor de arroz após as enchentes

A maior enchente de todos os tempos ainda trará consequências para a nossa região. Uma das cidades atingidas é Dona Francisca, que possui uma área de lavoura extensa e próxima do Rio Jacuí, e as terras ficaram irreconhecíveis, conforme relato dos produtores.

Moisés Augusto Prochnow, plantador de arroz em Dona Francisca, na localidade de Linha Grande, relata que nunca tinha visto algo parecido. “Para quem conhecia essas lavouras, não reconhece mais. Abriram-se crateras de três a quatro metros de profundidade e uma extensão de 100 a 200 metros. A água levou tudo, é coisa de outro mundo, é terra devastada. Ainda não tive acesso aos demais pontos para ver o tamanho do estrago total”.

De acordo com ele, o trabalho de organização da lavoura será intenso. “Primeiro, esperar que essa água abaixe toda, e aí vamos ter noção de tudo. Mas certamente teremos muito o que fazer para transformar essas terras em lavoura novamente. A gente segue firme, não perde as esperanças, mas não é fácil ver como tudo ficou”, salienta ele.

Mesmo com prejuízos, Moisés se solidariza com as pessoas que perderam casas e vidas. “Sempre digo, mesmo com tudo isso que vi na lavoura, a gente não pode imaginar a dor de quem perdeu familiares e amigos nisso, e aqueles que estão limpando casas, que foram tomadas pelas águas, que perderam tudo. Estamos vivendo um momento muito difícil; de alguma forma, todos fomos afetados. Agora é esperar por dias melhores, mantendo a fé, que isso vai passar e recomeçar.

A realidade de Moisés é a de muitos produtores da região. Muitos ainda tinham grãos para colher na lavoura e perderam tudo. Outros relatam que perderam na armazenagem. Os órgãos competentes ainda não têm dados oficiais sobre as perdas na região.

 

São João do Polêsine

Milagre da capela: A sobrevivência de Rubem e sua esposa durante as forte chuvas

Com o passar dos dias, diversas histórias e relatos surgiram em função das fortes chuvas que atingiram a região e o Estado no final de abril e início de maio. Nesta edição, o Jornal Cidades do Vale traz um pouco dos momentos de tensão vividos pelo Rubem Sérgio Denardin Fuchs, tenente coronel reformado do Corpo de Bombeiros do Rio Grande do Sul que atuava na sua última função como comandante do 4º Grupamento de incêndio de Santa Maria e sua esposa, Deocilda Brondani Fuchs. Moradores da localidade de Linha da Glória, distrito de Vale Vêneto, em São João do Polêsine, desde 2000, encontraram na capela de Nossa Senhora das Dores o milagre da sobrevivência.

Rubem conta que o volume de chuva, ainda no dia 30 de abril, primeiro dia do pesadelo, já chamava a atenção. “Era muita chuva, não parava, entrou noite adentro com aquele volume de água, isso já nos despertou um alerta de que teríamos alguns problemas, mas nunca passou pela cabeça o tamanho que seriam”, lembrou ele.

A chuva persistiu. No outro dia, Rubem disse que percebeu o barulho e viu árvores, galhos e terras no morro acima da sua residência vindo abaixo. “Percebemos o barulho, e aquilo tudo vinha descendo. Pensei que não conseguiríamos escapar. Minha mulher preparou uma mala com o básico e pegamos uma barraca; íamos nos abrigar longe dali. Naquele momento, sem entender direito o que estava acontecendo, até pensei que sairia com o carro, mas logo vi que a estrada ficou sem passagem, e aí o desespero tomou conta. A chuva não parava, e nossos olhos estavam atentos no morro, para ver o que vinha de cima”, contou ele.

Rubem, emocionado, lembra que a capela de Nossa Senhora das Dores, que fica em sua propriedade e da qual ele cuida, salvou sua vida e a da esposa. “Aquela água que descia com galhos e troncos de árvores parou na capela e desviou da nossa casa. Foi Deus, não tenho como entender diferente. A estrutura da capela, que ficou intacta, mudou o curso do deslizamento e evitou que chegasse à nossa residência. Foi a capela que nos salvou. Além dessa, uma outra que fica na Linha da Glória também não teve danos na estrutura, mas ao redor ficou tudo destruido”, contou ele com lágrimas nos olhos.

De acordo com ele, ao redor dos vizinhos a situação também era apavorante. “Perdeu-se tudo. Olhava para os lados e via aqueles morros destruindo tudo. Na propriedade do Moacir, no café Recanto do Vale, tudo foi levado. Muito triste ver a destruição que isso tudo causou”, relatou Rubem.

Bombeiro aposentado, Rubem disse que já havia visto muitas coisas na vida e se arriscado por várias vezes, mas nunca imaginou viver o que passou nesses dias. “Eu estava acostumado a presenciar diversas situações na minha profissão, foram 30 anos atuando, mas igual a isso que vivi, nunca. Não dormimos à noite, com uma lanterna apontada para o morro para ver se vinha mais terra. Foram três dias sem comer e dormir, vivendo aquele pesadelo. Não sabíamos o que ia acontecer. Não conseguimos sair sozinhos dali, ficamos isolados, sem luz, internet e sinal de celular”.

O pesadelo acabou quando eles foram resgatados por amigos e parentes. “Agradeço muito ao Augusto Pivetta e ao meu cunhado Mauro Brondani, que vieram de caminhão e nos resgataram. Ficamos na casa do Mauro por 15 dias. Sou muito grato à família dele que nos acolheu. Minha sogra, Gema Noal Brondani, e mais quatro pessoas também foram socorridas. Ela é acamada, mora na localidade São Valentim, em Vale Vêneto. Colocamos ela na cadeira de rodas, amarramos na plataforma do trator e a tiramos, senão ela teria morrido”, lembrou ele.

Agora Rubem salienta que o trabalho é de recomeço. “Perdemos algumas coisas na propriedade, mas agora é recomeçar, agradecer pela vida e esperar dias melhores. E valorizar a vida sempre, agradecendo a Deus, à nossa santa que nos protegeu, e rezar por todos que estão passando por dificuldades também”, concluiu ele.

 

São João do Polêsine

Ackermann: Uma vida dedicada à música e ao trabalho

Lúcido, bem-humorado e receptivo. Assim foi a forma como Fridolino Ackermann recebeu a reportagem do Jornal Cidades do Vale em sua casa, na Linha da Lagoa, em São João do Polêsine. Ackermann, como prefere ser chamado, tem 88 anos e possui uma trajetória de vida inspiradora na música e na dedicação ao trabalho. Natural de Taquara, da localidade que antigamente era conhecida como José Velho, atualmente São Francisco de Paula, ele relembra fatos importantes de sua história.

Apaixonado por música desde pequeno, Ackermann aprendeu a tocar diversos instrumentos e, curiosamente, também aprendeu a consertá-los. “Comecei a tocar trompete com três ou quatro anos, e aos 10 anos ganhei o primeiro violino. Meu pai me ensinou a tocar. Sempre ouvi muito jazz, mas gostava de todos os estilos. Todas as músicas são boas se bem tocadas”, lembrou ele.

O conserto de instrumentos como gaitas, pianos, saxofones, entre outros tantos, ele diz que aprendeu sozinho ou quase. “Tem alguém lá em cima, no céu, que me ajuda, mas aqui na terra aprendi sozinho, olhando, mexendo, tentando, até conseguir. Já fiz muitos restauros nessa vida, tem mais de 60 anos que faço isso”, contou Ackermann.

Com o tempo, as atenções de Ackermann passaram para a fabricação de instrumentos. “Em 1989, fiz o primeiro violino, criação minha, não foi cópia. Depois desses, fiz outros também, inclusive alguns deles presenteei às minhas netas. Os instrumentos eram de madeiras boas, bem feitas e que duravam muito tempo sem manutenção”.

O trabalho com música era algo à parte, uma renda extra. “Sempre trabalhei paralelamente a isso, não vivia do conserto nem da fabricação, mas era um dinheiro que ajudava muito. Até os 23 anos trabalhei na roça, e um tempo como carpinteiro em Crissiumal, ajudei a construir casas lá. Depois trabalhei como técnico na SLC, na ferramentaria das colheitadeiras, em Horizontina, onde me aposentei. Fiz muita coisa nessa vida”, recordou Ackermann.

Aposentado, Ackermann disse que não pretende deixar a música. “Sigo com meu trabalho, estou fazendo um saxofone de madeira, e assim vou indo, me mantendo ocupado, e fazendo o que tanto gosto. Moro com minha filha, porque precisava de cuidados e aí me trouxeram para Polêsine”, contou ele.

Ackermann tem um espaço na casa onde costuma frequentar, onde está um saxofone, que ele cuida tanto, e alguns outros instrumentos. “Tocava em bailes há cerca de 30 anos, aos sábados e domingos, então ainda toco aqui em casa, com menos frequência. Às vezes falta fôlego, embocadura, mas mesmo assim venho a este espaço. Além disso, também escuto músicas e assim têm sido os dias, mantendo-me ativo e útil”, ressaltou.