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Bocha para todos: A expansão do esporte entre famílias, mulheres e crianças

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Silveira Martins 17/09/2024
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O CTG Liberdade de Silveira Martins abre as porteiras para os praticantes de bocha na região. Com torneios e eventos, o local acolhe aqueles que escolhem a bocha como seu esporte favorito. Indo além do tradicional, que normalmente é a participação masculina na bocha, a entidade evoluiu e inseriu também mulheres e crianças na prática.

O patrão da entidade, Vilmar Antônio Vieira, está envolvido há 14 anos e destaca a importância de incentivar o esporte. “Temos que motivar as pessoas na bocha, e o CTG acolhe a todos com muito carinho. Muitos vêm pela bocha e acabam se envolvendo nas demais atividades que realizamos aqui. Recebemos famílias, onde o marido joga, a esposa também, o filho participa da invernada e joga também. É um lugar familiar, e esperamos que, cada vez mais, as pessoas participem e conheçam o nosso trabalho”, afirmou ele.

 

Mulheres na bocha

O idealizador e incentivador da participação das mulheres na bocha foi Altair Tolfo. Ele conta que o grupo de treinamento começou por iniciativa das próprias mulheres. “Em junho começamos; a Josi e a Charlise me disseram que queriam jogar. Eu disse: arrumem umas cinco ou seis meninas e vamos começar. E aí elas começaram a mobilizar as meninas pelo WhatsApp. No dia do primeiro treino, apareceram 10, e eu percebi que elas estavam realmente motivadas”, relatou ele.

Tolfo conta que os treinamentos ocorrem todas as quintas-feiras. “Elas ficam ansiosas esperando a quinta-feira para o treinamento. É um momento de diversão, elas riem, aprendem, mas sem pressão; tudo é pela amizade e pela diversão. Algumas nunca tinham jogado, e hoje já melhoraram muito. Então, tem sido assim, com alegria e leveza, que elas têm aproveitado as noites de quinta-feira”, destacou Tolfo.

No sábado da última semana, elas participaram da primeira competição. “Fomos competir no Caravel, em Vale Vêneto, e elas gostaram. Tiveram um bom desempenho, especialmente para quem está começando. Além disso, lá a quadra era sintética, e elas treinam no carpete, o que muda bastante. Foi a primeira competição, e tenho certeza de que logo participarão de mais. Elas se sentiram bem, mas tudo no tempo delas. Se acharem que vale a pena participar, nós apoiamos”, ressaltou. Além de Tolfo, também incentivam diretamente as mulheres Evandro Noal, José Zanini, o Zequinha e Eliseu Ribas.

Uma das mulheres que iniciou a mobilização do grupo foi Charlise Tolfo. Ela conta que o gosto pela bocha começou com o pai, Altair. “Eu sempre vinha vê-lo jogar; ele sempre foi envolvido com o esporte. Um dia, me perguntei: por que as mulheres não jogam? Não temos tantas opções de lazer aqui em Silveira Martins. Falei com meu pai, ele disse que dava, mas tinha que ter meninas. Comecei a enviar mensagens, e elas foram aceitando. A cada treino, mais meninas iam vindo; no terceiro treino, já éramos 18”, contou ela.

Segundo Charlise, mais de 30 mulheres praticam bocha no CTG Liberdade. “O grupo foi crescendo, e infelizmente tivemos que recusar mais meninas. Elas se juntaram e criaram um grupo para treinar às segundas-feiras. Então, atualmente, mais de 30 mulheres praticam o esporte aqui no CTG. É muito bom ver isso crescer, e as mulheres gostaram da ideia. Isso me deixa muito feliz”, ressaltou.

Charlise conta que os treinos são pura alegria. “É muito bom! Se tivesse mais dias, nós viríamos. Nos divertimos, aprendemos bastante, e, após os treinos, temos jantares, um momento de confraternização que melhorou a rotina das mulheres. Nosso grupo se chama 'As Gurias da Quinta'; o Fino nos batizou assim, e já fizemos nossas camisetas, tudo certinho. Mesmo sendo um esporte predominantemente masculino, percebemos que está ganhando espaço. Em outras cidades, isso já está mais consolidado, mas estamos no caminho. Estamos apenas começando.”

Além das iniciantes, Charlise conta que outras mulheres, com mais experiência, também retomaram a prática. “Há meninas que nunca jogaram e outras que já praticavam no passado e, agora, com o grupo, voltaram a jogar. Isso é muito importante, pois promove a troca de experiências e permite que essas mulheres voltem a praticar o esporte que tanto gostam.”

Cheila Buligon Michelin também participa, mas no grupo de segunda, no Meninas da Bocha, e conta que seu interesse pelo esporte começou na infância. “Comecei a jogar aos 13 anos na minha comunidade, Linha Dois Norte. Na época, participamos de amistosos e campeonatos.” Ela destaca os benefícios do esporte: “Faz bem para o corpo e para a alma; ajuda a aperfeiçoar o foco e a concentração, além de incentivar o planejamento e as estratégias. E, claro, cria-se um círculo de grandes amizades.”

Sobre o preconceito, Cheila afirma que na comunidade ele não existe. “Acredito que a comunidade aceita a presença das mulheres, pois é um incentivo ao esporte. Não vejo preconceito masculino em nossa comunidade; ao contrário, há um grande incentivo para que sigamos em frente.”

Cheila incentiva outras mulheres a participarem do grupo. “Venham participar conosco, pois é um esporte que une as pessoas, envolvendo também as famílias, que sempre nos acompanham nos campeonatos”, afirmou ela.

O diretor de esportes do CTG, Márcio Zanini, ressalta o apoio da entidade a todos que querem praticar bocha. “Somos pioneiros nesta cancha de carpete, com as novas regras e a bocha menor. Isso facilitou o interesse de mulheres e crianças. Por exemplo, na segunda e na quinta-feira, elas estão sempre aqui. Ficamos felizes porque isso movimenta a entidade e torna o local ainda mais saudável para a presença das famílias”, contou ele.

Márcio explica que, devido à procura e ao fluxo de praticantes, a entidade vai ampliar a estrutura. “Em outubro, acreditamos que a nova cancha já estará à disposição da comunidade, também de carpete. Percebemos a necessidade de ampliar devido à grande procura, e assim os esportistas terão mais espaço e serão melhor acolhidos, tanto nos treinamentos quanto nas competições”, afirmou.

 

As crianças na bocha

Além de homens e mulheres, o gosto pela bocha começa cedo. O pequeno Leonardo Zanini, de 9 anos, começou a jogar aos 7. “No começo, é um pouco difícil, mas depois fica fácil. Eu venho treinar todos os dias, quando posso, venho com meu pai. É muito bom. No jogo, prefiro atirar do que pontear. Com vontade, qualquer um aprende; é só uma questão de treino”, disse ele.



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