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Mulheres inspiradoras: A representatividade feminina na política na Quarta Colônia

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Região 22/11/2024
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A presença de mulheres na política é essencial para a representatividade e a promoção da igualdade de gênero em decisões públicas. Historicamente sub-representadas, as mulheres enfrentam desafios como preconceito, discriminação e dificuldades para conciliar vida pessoal e carreira política. Contudo, a crescente participação feminina tem impulsionado políticas mais inclusivas, trazendo à tona temas como igualdade de gênero, saúde, educação e direitos sociais. A inclusão de mulheres nos espaços de poder fortalece a democracia e contribui para uma sociedade mais justa e equilibrada. O Jornal Cidades do Vale destaca a participação de três mulheres na política na Quarta Colônia. Para contextualizar a inserção da mulher, confira a entrevista com Valserina Maria Bulegon Gassen, primeira prefeita de São João do Polêsine, 82 anos, e também com as duas mulheres eleitas prefeitas em 2024. Jaqueline Milanesi em Polêsine, e a primeira prefeita mulher de Nova Palma, Jucemara Rossato, 57 anos. 

Valserina Maria Bulegon Gassen  - primeira prefeita de São João do Polêsine

O que a motivou a entrar na política, especialmente em um momento em que poucas mulheres ocupavam cargos de liderança?

No decorrer do processo como gestora educacional, o envolvimento no movimento do processo emancipatório de São João do Polêsine, me fez conhecer a gestão política, e após a campanha do sim criando o município, foi automático que minha comunidade me indicasse para ser a candidata para concorrer ao cargo de primeira prefeita, com o êxito do pleito descobri um novo perfil, além da educação, a política.

Qual foi o maior desafio que enfrentou ao iniciar sua carreira política?

O desafio foi dar início a organização da parte legal das primeiras leis municipais, com poucos funcionários, onde cada um levava suas ferramentas de trabalho, sua cadeira para sentar, sem máquinas para dar atenção nas estradas, agricultura e obras de um modo geral. Ou seja, um desafio de iniciar uma gestão política, junto com o início de um novo município, um trabalho de engajamento com a comunidade e os primeiros funcionários entusiasmados. Nascia ali o progresso São João do Polesine. 

Houve alguém que a inspirou ou influenciou em sua jornada política?

Prefiro não citar nomes, são tantos que desde minha juventude me influenciaram na tomada de decisões ao longo do processo de gestão escolar e na emancipação. 

Como foi a reação da comunidade local quando você decidiu se candidatar pela primeira vez?

Foi por aclamação que eu fosse a 1° candidata a prefeita da cidade que eu tive a honra de liderar junto com os integrantes da comissão emancipatória.

Você já enfrentou preconceitos ou situações de discriminação por ser mulher? Como lidou com esses momentos?

Não. Em momento algum tive momentos de preconceito ou discriminação, sempre ocupei o meu lugar de liderança com ética e respeito.

Como você vê a evolução do papel das mulheres na política local nos últimos anos?

Crescendo, pois no ano de 1993 éramos 2 prefeitas no estado e algumas vereadoras, e como podemos ver hoje são muitas mulheres ocupando cargos de liderança na política.

Como foi equilibrar a vida pessoal e familiar com a vida pública e política?

Harmonicamente, pois sempre tive uma família que me deu suporte e apoio, pois sempre trabalhei fora em turno integral.

Em sua visão, quais são os principais desafios que as mulheres ainda enfrentam para alcançar posições de liderança política?

O principal desafio é adquirir conhecimento e se dispor a enfrentar o processo de construção de uma carreira política que tem os desafios de vitórias e derrotas.

Que conselhos daria para jovens mulheres que estão pensando em seguir uma carreira política?

Devem sempre se envolver com os assuntos da comunidade, acompanhar as ações das políticas públicas, para agregar conhecimento na política.

9 - Algo que queira acrescentar:

Acrescento que desde 1993 inicio da minha atuação na política, nunca mais fiquei fora de participações políticas, começaria e faria tudo novamente, foram ações e mediações geraram desenvolvimento local e regional.  Ocupando cargos de prefeita, secretária Executiva da AmCentro e CONDESUS, Diretora de Captação de Recursos da Prefeitura de Santa Maria, com inúmeras participações em conselhos, comitês, entre outros  participações voluntarias, que me proporcionaram um vasto conhecimento e fazem de mim hoje posso dizer que sou uma empreendedora política e pública.

Jucemara Rossato - Prefeita eleita de Nova Palma

JCV-  Como foi a sua inserção na política?

Jucemara: Iniciei em 2020 a partir de uma brincadeira com o presidente do partido me convidando para concorrer a vereadora e acabei me elegendo e depois posteriormente então o convite para concorrer ao executivo

JCV - Qual é o significado pessoal e histórico de ser a primeira mulher eleita prefeita em Nova Palma?

Jucemara: Um grande desafio e um ato de coragem por vivermos em uma sociedade conservadora acredito que a mulher pelo fato de ter a sensibilidade aguçada  lida com mais sutileza em questões mais racionais

JCV -  Durante a campanha, você percebeu que o fato de ser mulher trouxe desafios ou oportunidades diferentes?

Jucemara: Muito muito mais oportunidades pois senti em cada casa que visitava o sorriso das pessoas e muitos pais de ex alunos e  alunos meus e isso foi muito gratificante

JCV - Você acredita que sua visão feminina influencia na forma como aborda as questões da cidade?

Jucemara: Sim, pois sou envolvimento e participação feminina é muito importante em todas as esferas da vida social econômica e cultural e como conduzi minha trajetória profissional refletiu diretamente no resultado

JCV - Como pretende inspirar outras mulheres e jovens a se envolverem na política local?

Jucemara: Trabalhando de forma transparente e focada na gestão pública com clareza e objetividade

JCV - Em que áreas específicas você gostaria de ver mais mulheres ocupando espaços de liderança na administração pública?

Jucemara: Sabemos que cada um ou cada uma tem um projeto de vida já estabelecido. Acreditar no potencial individual não é uma opção e sim é tomar posse do que já é seu, portanto quem decidir por esse caminho é imperdoável desistir. E saber que temos que fazer a diferença na sociedade

JCV - Que mensagem você gostaria de deixar para meninas e mulheres da cidade que sonham com uma carreira na política?

Eu quero dizer para cada um para cada uma que a vida é feita de escolhas,a todo momento nós escolhemos. Quero também um dia poder dizer para minha filha que quando a vida me pediu um ato de coragem eu não desisti.

 

Jaqueline Milanesi - Prefeita eleita de São João do Polêsine

JCV: Como foi a sua inserção na política?

Jaqueline: Minha inserção na política foi indireta. Não pensava em ocupar um cargo público, embora sempre fui muito ativa na comunidade, de forma voluntária, em associações, educação e clubes de serviço. Acabei atendendo ao chamado da comunidade, que há tempos demonstrava interesse em me ver na gestão pública. Foi assim que entrei na política e hoje sou prefeita eleita.

JCV: Durante a campanha, o fato de ser mulher trouxe desafios ou oportunidades diferentes?

Jaqueline: Acredito que ser mulher trouxe oportunidades. O jeito feminino de fazer negócios e política cria um ambiente mais participativo. Isso enriquece as discussões e envolve as pessoas em busca de soluções. A abordagem feminina permite construir novas possibilidades e ambientes mais colaborativos, onde todos se sintam responsáveis.

JCV: Você acredita que sua visão feminina influencia na forma como aborda as questões da cidade?

Jaqueline: Sim, a visão feminina influencia na abordagem e resolução das questões. As mulheres têm uma percepção mais ampla e se preocupam com detalhes. Elas têm grande capacidade de resolver problemas, embora muitas vezes falte a decisão, que é mais comum nos homens. A participação feminina traz discussões mais abertas e envolventes, o que pode levar a melhorias significativas. O que de repente falta hoje na mulher é a decisão, que é aí que eu vejo que é algo que nós temos que trabalhar, a grande maioria das mulheres hoje, elas têm uma capacidade gigante de resolução de problemas, só que elas não decidem. Elas precisam desse reforço que é muito mais masculino da decisão. Eu tenho que fazer isso, vai lá e faz. Os homens são muito pragmáticos, muito diretos.

JCV: Como pretende inspirar outras mulheres e jovens a se envolverem na política local?

Jaqueline: A inspiração vem do exemplo. Não adianta ter uma boa narrativa se não houver ações condizentes. O exemplo de execução e resultado é o que inspira. Criar grupos de trabalho e mostrar que fazemos política a todo momento, até em conversas cotidianas, pode ajudar a resgatar a imagem da política e engajar mais pessoas. Então, eu tenho certeza que a grande inspiração hoje que a gente se torna pro outro é o que a gente faz. E eu sempre tive isso muito claro na minha cabeça, uma frase que ela é inspiradora, que agora não sei de quem foi, mas que o discurso emociona, mas é o exemplo que arrasta. Então, hoje nós temos que ter essa clareza, que não adianta nós ficarmos na boa conversa só.

 

JCV: Em que áreas específicas você gostaria de ver mais mulheres ocupando espaços de liderança na administração pública?

Jaqueline: Não especificaria áreas, pois todos os lugares são importantes, desde que a mulher esteja convicta e dando o seu melhor. Então, pra mim é muito crucial ser feliz naquilo que faz, que no momento que eu sou feliz, que eu me encontro fazendo aquilo, eu vou entregar meu melhor. A complementaridade entre homens e mulheres é saudável e necessária. O lugar da mulher é onde ela se sente confortável e estimulada a fazer o melhor. 

JCV: Que mensagem você gostaria de deixar para meninas e mulheres da cidade que sonham com uma carreira na política?

Jaqueline: Não se limitem a si mesmas e não se baseiem na opinião dos outros. Conheçam o que lhes faz feliz e busquem seu propósito. Política é algo que fazemos a todo momento. Mantenham sua integridade e busquem conhecimento e contatos. Entendam que a vida pública pode ser difícil, mas também pode ser leve se estiverem conectadas com seu propósito. Não é a opinião do outro, não é o achismo do outro, e sim aquilo que nos conecta com a nossa verdade e aquilo que nós queremos levar.


 



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