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Celebrando a força e a conquista das mulheres

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Agudo 17/03/2025
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No dia 8 de março é comemorado o Dia Internacional da Mulher. A data celebra as muitas conquistas femininas ao longo dos últimos séculos, mas também serve como um alerta sobre os graves problemas de gênero que persistem em todo o mundo. O Dia Internacional da Mulher é comemorado mundialmente no dia 8 de março, porque em 1917 milhares de mulheres se reuniram no protesto na Rússia que ficou conhecido como "Pão e Paz". Nesse protesto, as mulheres reivindicaram melhores condições de trabalho e de vida, lutaram contra a fome e a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). A comemoração do Dia Internacional da Mulher frisa a importância da mulher na sociedade e a história da luta pelos seus direitos. A reportagem do Jornal Cidades do Vale, buscou homenagear as mulheres por meio de três figuras que se destacam em seus locais de atuação, na região. A empresária e cantora Juliana Dalmolin Spanevello, a presidente da Câmara de Vereadores de Agudo, Graciela de Lima Barchet e a ex-presidente da Associação das Trabalhadoras Rurais de Paraíso do Sul, Líria Catarina Weise Parreira.

Saiba mais sobre a rotina de Juliana Dalmolin Spanevello

JCV - Como foi o despertar para a música? Que idade começou?

Juliana - Comecei cedo, desde muito pequena fui incentivada pela família, fazia aulas, participava do CTG até que com 11 anos de idade comecei a participar de festivais de música, e a partir daí nunca mais parei. 

JCV - Quais foram os maiores desafios que você enfrentou como mulher no meio artístico?

Juliana - Sempre me identifiquei com músicas gaúchas mais campeiras, embora no meio musical gaúcho existia uma cultura de só serem destinados pra mulheres, os temas mais delicados. Talvez romper com o que era esperado de uma menina que se propunha a cantar música gaúcha e poder cantar as coisas que eu gostava e que me de fato me emocionavam, tenha sido um dos grandes desafios.

JCV - Como você vê a evolução da representatividade feminina na arte?

Juliana - A nossa geração faz parte de uma mudança cultural muito grande que vem acontecendo ao longo do tempo da representatividade da mulher, não só na arte, mas em todas as frentes. Não me sinto à vontade quando me é dado um espaço por ser mulher. Quero estar nos espaços por minhas competências, habilidades e talentos. Aprendemos ao longo do tempo a nos posicionar, e aprendemos a ter coragem e resiliência, e a não desistir diante dos desafios. Acho que cada vez mais testemunharemos mulheres brilhantes nos inspirando através de seus projetos pessoais, profissionais e de vida, por assumirem as rédeas de suas vidas com dedicação.

JCV - Como foi a inserção no mundo empresarial?

Juliana - Desde muito pequena estive junto, especialmente com meu pai, o acompanhando nas suas atividades. Era muito divertido brincar em meio aos baldes de lubrificantes do depósito, ou na rampa do posto, brincar na calculadora, organizar as gavetas... com o passar do tempo, ainda bem jovem, sempre tive alguma tarefa ou responsabilidade, por menor que fosse dentro dos negócios. Com o passar do tempo as responsabilidades foram aumentando, e o que era brincadeira na infância se tornou aprendizado, e vontade de aprender e realizar, produzir. Graças à abertura e suporte que sempre tive do meu pai, que segue atuante nos negócios, tenho a oportunidade de estar em constante aprendizado.

JCV - Como você avalia a importância da presença feminina na liderança empresarial?

Juliana - Ao meu ver, as mulheres tendem a trazer um estilo de liderança mais colaborativo, empático e orientado para o desenvolvimento de equipes, e das pessoas envolvidas no negócio. A presença feminina como liderança nos negócios, acaba também inspirando outras mulheres a buscarem crescimento profissional. Líderes femininas, por suas habilidades, tendem a promover ambientes de trabalho que buscam contemplar o equilíbrio entre performance e qualidade de vida, e tudo isso traz bons resultados e impacta positivamente o negócio como um todo.

JCV - Como conciliar os lugares que ocupa, empresária, mãe, esposa e artista?

Juliana - Conciliar todos esses papéis é um grande desafio, e a verdade é que não existe uma fórmula perfeita. Durante muito tempo, tentei dar conta de tudo, e isso sempre gerava ansiedade e frustração. Entendi que buscar equilíbrio não significa fazer tudo ao mesmo tempo, e sim estabelecer prioridades em cada momento. Algumas vezes, minha atenção está mais voltada para os negócios; em outras, para minha família ou para minha carreira artística. O mais importante foi aceitar que não preciso ser perfeita em todas as áreas, dou o meu melhor e busco estar presente onde sou mais necessária. Ter essa consciência, e lembrar disso todos os dias, já traz mais leveza e permite que eu aproveite cada fase sem culpa.

JCV - Que conselho você daria às novas gerações de mulheres?

Juliana - Talvez não seja "conselho" a palavra porque me sinto "aprendiz". Mas tem algo que aprendi e gostaria de compartilhar, e que talvez possa contribuir: não tentem ser tudo ao mesmo tempo e nem se cobrem por isso. Muitas vezes sentimos a pressão de expectativas irreais... mas ao meu ver, o verdadeiro sucesso está em encontrar nosso próprio equilíbrio, respeitando nossos limites e nossas escolhas. Sejam firmes nos seus propósitos, saibam a hora de dizer sim e, principalmente, a hora de dizer não. E lembrem-se: vocês não precisam provar nada para ninguém, apenas estejam alinhadas com seus propósitos, e ao que realmente querem construir.

JCV - Qual mulher te inspira e por quê?

Juliana - Como uma pessoa extremamente observadora que sou, busco aprender muito com todas as pessoas que convivo. Acho que quando estamos com esse olhar, encontramos inspiração de inúmeras formas, no dia a dia, em cada troca que temos. Encontro inspiração na figura da minha avó Maria, na minha mãe... cada uma delas imprimiu em mim alguns traços de personalidade que me tornaram a mulher que sou hoje. E atualmente, a minha maior busca, é melhorar enquanto ser humano e profissional, para ser uma boa referência e inspiração das duas joias mais preciosas da minha vida: minhas filhas.

Saiba mais sobre a rotina da presidente da Câmara de Vereadores de Agudo, Graciela de Lima Barchet

JCV - O que motivou a entrada na política?

Graciela - O desejo de poder ajudar e fazer ainda mais pelas pessoas como já o fiz ao longo dos 28 anos de serviço público, somado aos pedidos e apoio direto do povo para que eu concorresse ao cargo público.

JCV - Quais foram os maiores desafios que surgiram no início na política?

Graciela - A adaptação inicial ao pouco tempo para campanha eleitoral ao meu perfil e ideologia de fazer uma nova política diferente do atual modelo, cada visita eram longas e produtivas conversas, o que impediu de fazer mais visitas ao final, bem como conciliar atividades profissionais e pessoais junto da campanha.

JCV - Você teve alguma inspiração feminina na política?

Graciela - Além da motivação de lideranças locais, a delegada e prefeita reeleita de Santana do Livramento, Ana Tarouco foi uma forte influência e inspiração.

JCV - Que barreiras ainda precisam ser superadas para aumentar a presença feminina na política?

Graciela - As pessoas precisam acreditar que as mulheres estão cada vez mais fortes, capacitadas e prontas para exercerem suas tarefas com excelência, em lugares onde antes eram somente para homens, hoje as mulheres estão presentes na liderança de grandes empresas e organizações, e cada vez mais estará sendo protagonista no meio político, existe ainda muito receio e preconceito em relação às mulheres também na política, e vou lutar muito para que isso mude, espero ser inspiração para outras mulheres entrarem na política e transformar ainda mais nossa sociedade.

JCV - Qual conselho daria para outras mulheres que desejam entrar na política?

Graciela - Acredite sempre no seu potencial, não se subestime, a mulher tem um grande poder transformador na sociedade e muito a contribuir com políticas públicas voltadas ao desenvolvimento econômico, social, bem estar e cultural para a sociedade, a mulher é imprescindível para a nova política.

JCV - Como conciliar a vida pessoal e a vida pública?

Graciela - Minha única promessa durante a campanha foi de que eu iria me dedicar exclusivamente a política, abri mão da minha profissão pela convicção de me dedicar ao trabalho de vereadora integralmente, isso implica em dar expediente regularmente na Câmara e realizar atividades externas no atendimento às pessoas, esse é o meu compromisso, trabalho exclusivo a população que me elegeu e paga meu salário, minha vida pessoal que se mistura muito nas atividades da política consigo conciliar de boa.

JCV -O que a sociedade pode fazer para apoiar mais mulheres na política?

Graciela - Valorizar e enaltecer o grande potencial técnico e pessoal das mulheres, que cada vez mais estão ocupando grandes cargos nas organizações empresariais, instituições, associações e cargos públicos. A sociedade precisa enxergar o valor das mulheres, valorizar sua excelência pelo mérito e não por moda ou imposição, acabou o tempo que as mulheres na política era apenas para completar a cota feminina, as mulheres vieram e estão para não mais serem apenas coadjuvantes, mas sim para serem protagonistas.

JCV - Você pensa em se candidatar a cargos mais altos no futuro?

Graciela - O futuro na política depende muito do que fizemos acontecer no presente, tenho muito que aprender e a fazer, tenho ações e projetos a executar neste mandato, mas humildemente julgo ter capacitação, propósitos e muita coragem suficiente para enfrentar grandes desafios dentro da política caso o povo assim entender e quiser, entrego nas mãos de Deus e isso o tempo irá dizer e mostrar.

JCV - Algo que queira acrescentar 

Não existe a real democracia sem as mulheres, a história mostra ainda uma sociedade patriarcal, e precisamos enfrentar e mudar esse cenário. Acredito muito no poder da mulher, e defendo cada vez mais sua participação e ocupação dos cargos públicos por todos os méritos e valores justamente conquistados.

Saiba a rotina da ex-presidente da Associação das Trabalhadoras Rurais de Paraíso do Sul, Líria Catarina Weise Parreira 

JCV - Como foi o começo da sua participação na Associação das Trabalhadoras Rurais?

Líria - Eu já participava com o grupo na Comunidade São José do Rincão do Pinhal. Depois, quando passei a morar em Paraíso do Sul, recebi o convite da Emater para formar um grupo na Boa Vista. Daí então formamos o Unidas Venceremos e, mais tarde, presidi a Associação das Trabalhadoras Rurais por oito anos. Hoje, ainda temos o Grupo Unidas Venceremos e eu faço parte da diretoria da Associação. 

JCV - A importância da Associação para as demais mulheres que vivem no meio rural?

Líria - Uma organização capaz de transformar a vida da mulher rural, dando a elas protagonismo, formando líderes em suas comunidades. Oportunizando ainda momentos de lazer e cultura. 

JCV - Como foi ser mulher e assumir a liderança de um grupo que mudou a vida de muitas mulheres?

Líria - No início foi um grande desafio, pois era um grupo novo. Com o passar do tempo e sempre com o apoio da Emater, mais mulheres foram aderindo a ideia e participando dos eventos e cursos. 

JCV - Como a comunidade enxerga o papel das mulheres na agricultura e o que ainda precisa mudar? 

Líria - Acredito que, hoje,  a comunidade consegue entender melhor o valor da mulher na agricultura. Nem sempre foi assim, tivemos muitos desafios, entre eles, a própria aposentadoria da mulher rural que foi resultado de muita luta. Eu mesma participei da Marcha das Margaridas em Brasília, quando lutamos pelos nossos direitos, demonstrando a necessidade de união e a força da mulher rural. Ela é braço forte que ajuda na lavoura e na manutenção do lar, além de cuidar dos filhos. Creio que nos grupos, as mulheres conseguem entender o quanto é importante a sua valorização, a necessidade de cuidar de si, da sua autoestima e de estar envolvida nas causas da comunidade.

JCV - Que conselho você daria às novas gerações de mulheres?

Líria - Que valorizem a experiência das suas avós e mães, mas que nunca percam a vontade de progredir, de buscar novos conhecimentos. Sejam "teimosas", nem tudo conseguimos na primeira tentativa, mas é a nossa capacidade de persistir em nossos sonhos que irá fazer a diferença. 

JCV - Qual mulher te inspira e por quê?

Líria - Minha falecida mãe. A sua luta para criação dos filhos e todo amor que deu à família foi exemplo pra mim. Ela sempre gostou de ver a casa cheia, estar com os filhos e netos, dando carinho e atenção. Foi uma mulher incrível que nunca perdeu os seus valores e a sua fé. 

JCV - Algo que queira acrescentar:

Líria - Lutem sempre. Existe sempre outro dia, outras pessoas e novas oportunidades



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