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Entre o couro e a lembrança: o sapateiro que transformou o ofício em herança familiar

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Faxinal Do Soturno 24/10/2025
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Saulo Antônio Zasso, 68 anos desde pequeno, acompanhado do pai e do avô, aprendeu o ofício de fazer botas e chinelos de forma artesanal

O sapateiro é o profissional responsável por confeccionar, consertar e restaurar calçados, preservando uma arte manual que atravessa gerações. Em tempos de produção em massa, o ofício resiste como símbolo de paciência, precisão e tradição. O Jornal Cidades do Vale foi conhecer a história de Saulo Antônio Zasso, 68 anos, natural de Nova Palma e morador de Faxinal do Soturno desde 1988. Desde pequeno, acompanhado do pai e do avô, aprendeu o ofício de fazer botas e chinelos de forma artesanal.

Zasso explica que o processo de produção exige atenção e cuidado em cada detalhe, diferindo totalmente da rotina industrial. “É tudo muito personalizado. Os cortes do couro são feitos na faca, é muito mais artesanal, e por isso o produto acaba sendo diferenciado”, contou.

Segundo ele, as botas e chinelos saem prontos de seu pequeno ateliê. “Faço tudo aqui. O couro vem de Erechim e, conforme os moldes, faço os cortes e inicio a produção. Trabalho ainda com máquinas antigas, o que dá um toque especial ao resultado. Hoje tudo é muito moderno”, explica.

Recentemente, Zasso se sentiu desafiado após saber da exposição no Museu Histórico Municipal de Nova Palma, que apresentou as botas de Francisco Guerreiro, o Gigante. A mostra ocorreu após uma negociação com o Museu Júlio de Castilhos, em Porto Alegre. Como as botas originais retornariam à capital, ele decidiu confeccionar uma réplica.

“Fiquei enlouquecido. Ia lá ver, fazia as medidas pelo vidro. Foi desafiador. Em casa, ficava só pensando nas botas. Levei três semanas para terminá-las. Ficaram bem parecidas, até. Queria que o meu pai tivesse vivo para ver isso”, emociona-se.

Além das botas e chinelos, Zasso também demonstra grande apreço por outras peças artesanais. Cada objeto carrega uma história: como foi adquirido, o que o inspirou e qual foi o processo de criação. Pela casa estão espalhados os objetos produzidos por ele. “Estou sempre atento, tenho um olhar diferente. Penso que tudo pode se transformar. Às vezes, um pedaço de madeira que passa despercebido para os outros vira algo especial. Meu problema é que me apego demais às peças, aí fico com pena de vender”, diz, entre risos.

Por fim, Zasso destaca o gosto pela profissão e pelas peças que produz. “O segredo é gostar do que faz, a minha vida inteira foi em função disso, cresci vendo meu pai, meu avô fazendo isso. Estou sempre pensando em algo que dá para fazer, tem gente que acha estranho, mas eu sou feliz fazendo isso”, finaliza. 

 



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