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Joca Martins celebra a carreira e mantém viva a música gaúcha

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Faxinal Do Soturno 26/09/2025
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Aproveitando o Mês Farroupilha, o Jornal Cidades do Vale foi conhecer mais sobre a sua trajetória

Nascido em Pelotas, João Luiz Nolte Martins, o Joca Martins, é considerado um dos maiores nomes da música gaúcha. Atualmente, vive em Faxinal do Soturno com a esposa, a cantora e empresária Juliana Spanevello, e as filhas Maria Laura, de 12 anos, e Maria Cecília, de 6. Aproveitando o Mês Farroupilha, o Jornal Cidades do Vale foi conhecer mais sobre a sua trajetória.

O contato com a música começou cedo, inspirado pelo avô, que tocava gaita. “Eu brinco que ficava em roda, mais atrapalhava ele do que cantava, mas desde pequeno tive esse contato. Pelo meu gosto e interesse, e também por vê-lo, certamente foi um conjunto que me inspirou a me dedicar à música”, lembra.

Assim como muitos artistas, Joca iniciou pelos festivais, que eram a principal porta de entrada para o mercado. “Com 18 anos participei do meu primeiro festival, em Pelotas, no Festival Charqueada. Cantei pela primeira vez no auditório do Colégio Gonzaga. A partir daí fui participando de outros, em várias regiões. Os festivais contavam muito com o apoio da mídia, principalmente do rádio, que era o principal meio de divulgação”, relata.

O passo decisivo veio em 1995, com a gravação do primeiro CD. Para Joca, esse foi o marco inicial da carreira profissional. “Com o primeiro trabalho entendi a seriedade do que estava fazendo, que isso seria a minha carreira. Gravar na época era muito diferente de hoje: precisávamos convencer a gravadora, havia todo um processo de produção, e até ter o CD em mãos demorava. Depois vinha a etapa da divulgação, levar nas rádios, que tocavam as músicas e nos abriam espaço para shows e apresentações.”

Comparando os tempos, Joca ressalta que a tecnologia mudou o acesso à música. “Hoje se faz uma música, coloca nas plataformas digitais e qualquer pessoa do mundo tem acesso. Antigamente não. Dependíamos do CD físico, o que limitava o reconhecimento. Por isso, os primeiros shows eram em cidades próximas a Pelotas. O alcance das rádios era fundamental para que o artista fosse conhecido.”

Mais de 20 anos depois, o cantor avalia a caminhada com gratidão. “Mudou muita coisa desde o começo. Hoje sou conhecido, aprendi a ser mais objetivo nos trabalhos, mais assertivo. A gente aprende com as experiências. Mas tudo que aconteceu nesse tempo foi importante para que eu seja o Joca de hoje.”

A longevidade na carreira, segundo ele, é resultado de um trabalho consistente e conectado com diferentes públicos. “Busquei me consolidar em várias faixas etárias. Os temas dos meus trabalhos permitiram isso. Canto o ‘Cavalo Crioulo’, por exemplo, que ultrapassa gerações, e também gravei sucessos da música gaúcha em versões atualizadas. Isso me mantém presente para pessoas de todas as idades. Muitos me dizem que começaram a ouvir meu trabalho quando eram crianças e até hoje seguem acompanhando.”

A mudança para Faxinal do Soturno aconteceu após o relacionamento com Juliana. “No início ainda ficamos nessa ponte aérea Pelotas/Faxinal. Mas depois, por uma questão afetiva, e também pela logística, vim morar aqui. Estar no centro do Estado facilita, porque qualquer lugar fica a, em média, 300 km de distância”, explica.

Durante o Mês Farroupilha, Joca chega a fazer até 25 shows. “É uma maratona. Muitas vezes viajamos 10 horas e ficamos no palco 2. A logística exige muito. Tem dias que acordo e não lembro em que cidade estou. Mas é o mês em que as pessoas vivem mais a cultura, estão mais emotivas e receptivas. Por isso, me empenho para que cada apresentação proporcione a melhor experiência possível.”

Sobre o futuro da música nativista, Joca é otimista. “Felizmente já tivemos umas duas levas de novos artistas diferenciados que vão dar sequência ao trabalho. São cantores de qualidade, com grande aceitação. Isso garante que o movimento não morra, mas se renove e acompanhe cada período.”

Foi trilhando as estradas do sul do Brasil, desde 1986, entre festivais e apresentações, que Joca conquistou, além do carinho do público, diversas premiações. Entre elas, destacam-se o Troféu Guri do Grupo RBS (2017), o Prêmio Vitor Mateus Teixeira "Teixeirinha" de Melhor Cantor (2005), o Prêmio Açorianos de Melhor Intérprete (2012), além de dois Discos de Ouro pelos álbuns Cavalo Crioulo e Clássicos da Terra Gaúcha. Já levou seu canto à Argentina, Uruguai e Paraguai, e em 2018 e 2024 se apresentou nos Estados Unidos, em Orlando, na Flórida, durante o encontro da Federação Americana de Tradicionalismo. No mesmo ano, recebeu em Pelotas o título de Cidadão Emérito.

Atualmente, Joca está na estrada com o show Clássicos do Nativismo, que estreou em julho de 2025 no Multipalco do Theatro São Pedro, em Porto Alegre, e no Teatro Simões Lopes Neto, em Pelotas. O cantor foi citado pelo poeta e payador Jayme Caetano Braun como “um intérprete que possui o indispensável ao cantor crioulo: a autenticidade”. Entre seus grandes êxitos estão as composições Domingueiro, Se Houver Cavalo Crioulo, Barulho de Campo, Corcoveando e Recuerdos da 28, entre outras.

 



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