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Agricultor aposta na canola como alternativa no campo

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Faxinal Do Soturno 19/09/2025
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O agricultor e empresário Ivanio Piovesan Zanon, 45 anos, de Faxinal do Soturno, decidiu inovar neste ano. Ele substituiu parte da lavoura de trigo pela canola, cultura de inverno que vem ganhando espaço no Rio Grande do Sul.

A escolha foi motivada principalmente pela queda da rentabilidade do trigo. “Sempre cultivei trigo. Só que, em virtude da baixa rentabilidade, acabei optando por outra cultura de inverno. Foi aí que me veio a ideia de plantar canola”, explica Zanon.

Ivanio plantou 60 hectares e, apesar das dificuldades enfrentadas, com excesso de chuvas, principalmente durante o plantio e desenvolvimento inicial, ele estima uma produtividade entre 25 e 30 sacos por hectare. “A produtividade pode chegar a 45 ou 50 sacos por hectare em condições ideais. Mas, neste ano, acredito que a média fique em torno de 30 sacos. Mesmo assim, diante do clima, já considero um resultado interessante”, avalia.

Zanon explica que a canola é uma cultura que exige mais precisão em relação a equipamentos e insumos, especialmente na fase de plantio. “O plantio dela é bem complicado, diferente de trigo ou aveia. A população de sementes é muito baixa, entre 2,4 e 2,8 quilos por hectare. Por isso, o equipamento precisa estar muito bem regulado. Qualquer falha faz diferença”, detalha.

A colheita e o transporte também pedem atenção redobrada. “A semente da canola é muito fininha. Se tiver um pequeno furo na carroceria do caminhão, você pode descarregar o caminhão inteiro antes de chegar na cooperativa. Então, precisa de maquinário regulado e bem vedado, senão a perda é grande”, exemplifica.

No manejo, a cultura se mostra mais econômica do que o trigo, já que exige menos aplicações de defensivos. “Uma lavoura de trigo hoje precisa de no mínimo três ou quatro aplicações de fungicida. Já a canola, geralmente, uma só. Ela pede insumos específicos, mas a quantidade de pulverizações é bem menor. Não precisa estar entrando na lavoura a cada duas semanas como no trigo”, compara.

Para além da técnica, Zanon ressalta que a agricultura também depende de dedicação e esperança. “Na agricultura, como em tudo na vida, a gente precisa, primeiramente,gostar do que faz, fazer bem feito e ter fé. Fé de que a natureza vai responder, de que todo o esforço vai ser recompensado. Em primeiro lugar, é isso: capricho no que se faz, fé em Deus e no que plantou”.

Em termos de retorno financeiro, o agricultor prefere aguardar o resultado da safra para avaliar. “Não dá para saber ainda, porque é o meu primeiro ano nessa cultura. Mas, conversando com outros produtores da região Noroeste, que já produzem há bastante tempo, todos afirmam que sim, a canola é uma alternativa viável em comparação ao trigo”, afirma. Além de ser proporcionar uma beleza única, na sua fase de florescimento.

Zanon garante que pretende seguir apostando na canola nos próximos anos. “Não tenho como expandir porque já planto praticamente toda a área destinada para cultura de inverno. Mas pretendo continuar, sim. Este ano foi péssimo para implantação da lavoura e, mesmo assim, a canola se mostrou resistente e com bom desenvolvimento. Isso me dá confiança de que, em condições melhores, ela pode render muito mais”, projeta. 

Ele ainda enfatiza o acompanhamento técnico da Camnpal, que presta todo apoio para o cultivo, bem como o recebimento dos grãos.

Sobre a canola

A canola é uma cultura de inverno cada vez mais presente no cenário agrícola brasileiro, especialmente no Rio Grande do Sul. Pertencente à família das brassicáceas, a planta é cultivada principalmente para a produção de óleo vegetal, considerado um dos mais saudáveis para consumo humano por conter baixo teor de gordura saturada e ser rico em ômega 3 e 6. Além disso, seus grãos também dão origem ao farelo de canola, utilizado como fonte de proteína na alimentação animal.



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