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Os impactos das redes sociais no cotidiano: Uma entrevista com a psicóloga Fabiane Schott

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Região 08/08/2024
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As redes sociais são uma realidade, e as consequências delas também. Para entender mais sobre os impactos, a reportagem do Jornal Cidades do Vale entrevistou a psicóloga que atende em Agudo e Faxinal do Soturno, Fabiane Schott. Confira a entrevista completa:

 

JCV - Qual o impacto das redes sociais no cotidiano das pessoas?

Fabiane - As redes sociais, se usadas de maneira consciente, apresentam vários aspectos bons, como interação, socialização entre as pessoas, divulgação de conhecimento, meio de informação sobre trabalhos de profissionais, e promoção de oportunidades de trabalho, etc. Enfim, quando usadas para tais finalidades que servem para algo bom, são saudáveis. Porém, nem tudo é bom. A exemplo disso, destaco as fake news, notícias falsas que disseminam, inclusive, ódio por ideologias políticas e partidárias, entre outros, que geram angústia e sofrimento na população, pela incerteza sobre tais fatos divulgados em massa. É claro que não podemos generalizar que somente as redes sociais causam prejuízos emocionais. Os problemas de saúde mental são multicausais.

 

JCV - Como afeta a vida das pessoas que acabam ficando reféns de postar apenas o lado bom de tudo?

Fabiane - As redes sociais expõem apenas recortes da realidade. O que se vive hoje seria a idealização de uma vida perfeita. Logo, deseja-se mostrar exatamente o que mais se aproxima dessa ilusão. Já observei várias pessoas simulando estar em lugares que não estão, fazendo montagens, por exemplo. O ideal é muito diferente do real, e as pessoas têm dificuldade de aceitar que a vida não tem somente momentos bons, e posso dizer que rejeitam a ideia de que a felicidade é composta de momentos. Então, o que se mostra não é o que se observa na realidade. E por que as pessoas chegam a esse ponto? Bem, todas as pessoas sentem a necessidade de serem aceitas, amadas e queridas. Sendo assim, elas querem mostrar isso, entendendo que, se postarem algo triste sobre sua vida pessoal, possa gerar afastamento e rejeição. Então, o medo faz com que criem um personagem agradável, que possa ser admirado, e que, se postar algo assim, não estará sozinha, supostamente! Ninguém quer se sentir excluído; é desagradável, e as pessoas tentam evitar isso, agindo assim.

 

JCV - Como é para quem absorve? 

Fabiane - Tanto para quem só posta fotos legais, em cenários charmosos e luxuosos, quanto para quem observa, gera sofrimento. Quem posta sente uma necessidade de ser aceito, de ser suficiente, de ser querido. Quem observa sente a necessidade de também atingir esse ideal imaginário, por vezes. Mas nem todas as pessoas reagem da mesma forma. Há, por exemplo, pessoas que não se importam; já há outras que se comparam e sentem-se extremamente frustradas por não conseguir atingir esse padrão, seja de corpo, seja de vida, seja financeiro, enfim! As comparações podem levar a pessoa a sentir-se triste, diminuindo a sua autoestima, pode gerar sintomas ansiosos, transtornos de autoimagem e até, por vezes, levar à depressão.

 

JCV - A geração dos filtros. As pessoas têm perdido a identidade?

Fabiane - Os filtros surgiram para otimizar as imagens, principalmente os efeitos visuais faciais. Tão rápidos e tão perfeitos, ninguém precisa mais usar maquiagem, está tudo ali. Tão perfeitos e tão irreais, mas é mais uma forma de influenciar para que as pessoas demonstrem uma boa aparência visual, que seja aceitável, que seja aprovada. O envelhecimento, as mudanças corporais, faciais, parecem ainda representar uma ameaça ao ciclo de vida. A vida onde tudo é belo não existe, é uma ilusão sim! Vamos todos mudar com o passar do tempo, e é preciso ter consciência disso. Apesar das evoluções estéticas, o tempo ainda passa da mesma forma para todo mundo!

 

JCV - Quais são os benefícios e os malefícios do uso de redes sociais para a vida social das pessoas?

Fabiane - Destaco vários benefícios, como ser um meio de compartilhar informações, talvez o mais rápido, de informar as pessoas, como por exemplo, no caso da pandemia e, recentemente, sobre a catástrofe da enchente no RS. É usado também como fonte de aproximação entre as pessoas e para manter os vínculos com entes queridos distantes. Usado também como meio educativo e informativo. Malefícios, quando usados para buscar seguir um padrão inatingível. Fotos de rostos, corpos, rotinas, trabalhos, viagens e relacionamentos perfeitos, como mostram nas postagens, aumentam a sensação de desvalorização. Isso colabora com autocobranças em excesso, que podem somar quadros de estresse, desmotivação e autodepreciação. Logo, tem-se a impressão de que todo mundo tem uma vida melhor que a sua. Além disso, há vários estudos que indicam que o tempo de exposição às telas reduz as interações pessoais, pode causar prejuízos no sono e, dependendo do tempo gasto com o uso, pode causar alterações cerebrais, especialmente nos neurotransmissores do bem-estar. Além disso, as redes sociais também permitem uma maior liberdade para opinar e comentar, gerando prejuízos a terceiros. As redes são um terreno fértil para o cyberbullying, que é a violência psicológica e a perseguição de pessoas por meio da internet, o que é ainda mais delicado no caso de crianças e adolescentes.

 

JCV - Quais estratégias podem ser adotadas para minimizar os impactos negativos das redes sociais no cotidiano?

Fabiane - As redes sociais devem ser usadas com segurança, evitando, por exemplo, expor aspectos de intimidade, enviando fotos íntimas, ou até compartilhando muitos dados pessoais. Para minimizar os efeitos negativos, o ideal é que cada um saiba o real motivo pelo qual usa essas ferramentas. Estabeleça tempo de uso das redes sociais, priorizando suas interações reais e presenciais. E, principalmente, lembre-se de que nem tudo que aparenta de fato é. Por trás de toda mídia influente, existe um planejamento e um objetivo claro, que é impressionar. Viver mais a sua realidade e aceitar que na sua vida também há coisas boas é interessante, basta você perceber isso. A verdade é que não podemos viver nos enganando. Não é porque você não vê que não é mostrado, que não existe. Ou seja, os fatos ruins por trás daqueles perfis existem também. Evite se comparar, cada um tem sua própria história, cada um sabe as dores e delícias de ser quem é, e isso é único. Se for se comparar, baseie-se no seu antes e na sua própria evolução, é isso que importa.

 

JCV - Onde você realiza os atendimentos:

Fabiane Schott - Psicóloga CRP 07/29245. Consultório em Agudo, na Avenida Borges de Medeiros, 905 - (55) 99132-8643.  Atendimentos na Pró-Vida em Faxinal do Soturno. 

 



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