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Apelidos que viraram nomes: A história por trás das alcunhas

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Região 11/06/2024
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Ao longo da história, os apelidos sempre estiveram presentes. Carinhosamente, algumas pessoas da nossa região são conhecidas por seus apelidos. Muitas delas não têm seus nomes de registro conhecidos pelo público. O Jornal Cidades do Vale listou algumas figuras e elas compartilharam como adquiriram seus apelidos, revelando seus nomes verdadeiros.

Começando pela casa, o diretor da Rede Jauru de Comunicação é carinhosamente chamado de "Melão". Ele conta que quando era jovem e jogava futebol na região, recebeu esse apelido devido à cor de seus cabelos, loiros. A partir daí, o apelido ganhou notoriedade, e as pessoas passaram a se referir a ele dessa maneira. Roberto Cervo, seu nome de registro, raramente é utilizado na região. 

É importante ressaltar que existe um limite em relação à forma como os apelidos são usados. A psicóloga Fabiane Schott orienta que é fundamental ter bom senso. "Os apelidos surgem com algum propósito, que por vezes tendem a destacar uma característica física ou comportamental da pessoa que o recebe. Por vezes, gera sofrimento a pessoa, pois você passa a ser visto e chamado pelo apelido, como se o apelido te definisse, e se reduzisse àquela única característica,desconsiderando todas as suas qualidades. As pessoas lidam de maneira diferente com os apelidos, algumas não se importam e até gostam, mas para outras é um desconfortável e causa prejuízos emocionais, que podem afetar a autoestima da pessoa que passa a considerar a percepção dos outros como verdadeira, em relação ao apelido”.

Por fim, ela reforça que é preciso respeitar como as pessoas se sentem com a nomenclatura. “Os apelidos podem incomodar e ofender quem é alvo, pois podem ser utilizados para rir e magoar os outros. Quando feito de forma contínua, isso pode acabar se transformando em bullying, levando por vezes a quadros de transtornos mentais, como ansiedade, e depressão. Portanto, é importante considerarmos como cada pessoa se sente em relação ao apelido, e ter respeito e empatia se a pessoa manifestar-se incomodada ao ser chamada assim”, explicou Fabiane.

Maçarico, ou Massa

O morador de Agudo, Euclides Cardoso Santos, o Maçarico, conta que ficou conhecido devido ao gosto pela pescaria desde cedo. “Morávamos em Dona Francisca, quando eu era pequeno, e eu adorava ir pescar, meu tio dizia que eu era o Maçarico, uma ave. E a partir daí passei a ser Maçarico, no quartel, o meu nome de guerra era Maçarico. Aqui em Agudo se perguntarem pelo meu nome de registro ninguém sabe, já o apelido, sabem direitinho. Nunca achei ruim, levo numa boa, faz parte da minha história”. 

Maçarico é uma espécie de aves pertencentes à família Scolopacidae. A designação agrupa aves de médio porte, de patas altas e bico longo, com plumagem geralmente acastanhada e branca. Os maçaricos vivem em regiões costeiras e muitas espécies são migratórias. Eles possuem ainda um bico longo e curvo, próprio para “pescar” os moluscos de que se alimenta.

Polenta

Natural de Dona Francisca e hoje residente em São João do Polêsine, Polenta conta que pouquíssimas pessoas sabem o nome dele. Francisco Fenker Filho foi totalmente substituído pelo apelido. Ao ser questionado sobre a origem de sua alcunha, Francisco brincou que a história é bastante curiosa. 

“Eu tinha um ano de idade mais ou menos, morava em Dona Francisca, e sempre perto do meio-dia quando as crianças saiam da escola, um vizinho meu que tinha uns 13 ou 14 anos passava ali em casa pra brincar comigo. E eu era muito gordinho, e o cara começou a dizer que eu parecia uma polentinha. E foi ficando. Foi me chamando de polenta, o pai dele também me chamando de polenta. E aí foi pegando. A partir daí, na escola todo mundo chamava de polenta, no futebol era polenta. Até quando fui vereador em Dona Xica, no santinho era Polenta”,  contou ele.

E isso dura até hoje, como o próprio Francisco conta: “Se tu chegar em Dona Francisca hoje e perguntar quem é o Francisco, ninguém conhece. Agora, se tu falar em Polenta, a maioria identifica quem é”, completou. 

Americano

Nascido em Nova Palma e hoje residente em Faxinal do Soturno, poucos sabem quem é Nelson Grotto. Porém, ao falar em Americano, logo é possível a identificação. A história da origem do apelido também é bastante inusitada.

“Lá em Nova Palma, a gente praticamente nem almoçava e já ia jogar futebol na praça. Meio-dia e cinco por aí, já estávamos indo pro futebol. Lá tinha um senhor, um russo, com um camionetão, que fazia pronta-entrega de mercadoria para a oficina do Piovesan. E um dia ele estava por ali com um charutão na boca e precisava de fósforo para acender o charuto. E me perguntou onde tinha, e eu falei que tinha uma venda do meu tio nas proximidades e que conseguiria fósforo. Aí me disse, então vai, me deu o dinheiro e falou que se perguntarem pra quem é, tu diz que é pra um americano. Cheguei lá, o pessoal tava almoçando e me pediram o que eu queria. Falei que queria uma caixa de fósforo. Aí já me perguntaram se eu ia fazer arte, né. Tive que explicar que era pra um americano que tava ali. Meu tio foi lá na quadra e contou pras pessoas que estavam ali e pegou o apelido de americano”, contou ele.

Bolacha

Em Faxinal do Soturno ninguém conhece Amacir Benedito Ruviaro. Agora, se perguntar pelo Bolacha, a maioria da comunidade saberá de quem se trata. Em contato com ele, a reportagem do JCV pediu que contasse como surgiu o apelido.

“Esse apelido é coisa muito antiga, cerca de 65 anos atrás. A minha mãe era dona de casa e o meu pai era ferreiro no Bozzetto. Então, os recursos não eram muitos. Éramos em cinco irmãos, então a mãe tinha que se virar de todas as formas para nos sustentar. Então, lá em casa tinha um forno, onde o pão era feito em casa. E ela tinha uma máquina de prensar e fazia muita bolacha. Assim, quando eu e o Bolachinha, meu irmão mais novo, íamos na escola, nossa merenda era bolacha. Os colegas perguntavam o que tinha levado de merenda, e era sempre bolacha... Aí ficou Bolacha e meu irmão que era menor Bolachinha. Amacir e Eliseu ninguém conhece, agora Bolacha e Bolachinha, todo mundo sabe”, contou ele.



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