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Milagre da capela: A sobrevivência de Rubem e sua esposa durante as forte chuvas

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São João do Polêsine 04/06/2024
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Com o passar dos dias, diversas histórias e relatos surgiram em função das fortes chuvas que atingiram a região e o Estado no final de abril e início de maio. Nesta edição, o Jornal Cidades do Vale traz um pouco dos momentos de tensão vividos pelo Rubem Sérgio Denardin Fuchs, tenente coronel reformado do Corpo de Bombeiros do Rio Grande do Sul que atuava na sua última função como comandante do 4º Grupamento de incêndio de Santa Maria e sua esposa, Deocilda Brondani Fuchs. Moradores da localidade de Linha da Glória, distrito de Vale Vêneto, em São João do Polêsine, desde 2000, encontraram na capela de Nossa Senhora das Dores o milagre da sobrevivência.

Rubem conta que o volume de chuva, ainda no dia 30 de abril, primeiro dia do pesadelo, já chamava a atenção. “Era muita chuva, não parava, entrou noite adentro com aquele volume de água, isso já nos despertou um alerta de que teríamos alguns problemas, mas nunca passou pela cabeça o tamanho que seriam”, lembrou ele.

A chuva persistiu. No outro dia, Rubem disse que percebeu o barulho e viu árvores, galhos e terras no morro acima da sua residência vindo abaixo. “Percebemos o barulho, e aquilo tudo vinha descendo. Pensei que não conseguiríamos escapar. Minha mulher preparou uma mala com o básico e pegamos uma barraca; íamos nos abrigar longe dali. Naquele momento, sem entender direito o que estava acontecendo, até pensei que sairia com o carro, mas logo vi que a estrada ficou sem passagem, e aí o desespero tomou conta. A chuva não parava, e nossos olhos estavam atentos no morro, para ver o que vinha de cima”, contou ele.

Rubem, emocionado, lembra que a capela de Nossa Senhora das Dores, que fica em sua propriedade e da qual ele cuida, salvou sua vida e a da esposa. “Aquela água que descia com galhos e troncos de árvores parou na capela e desviou da nossa casa. Foi Deus, não tenho como entender diferente. A estrutura da capela, que ficou intacta, mudou o curso do deslizamento e evitou que chegasse à nossa residência. Foi a capela que nos salvou. Além dessa, uma outra que fica na Linha da Glória também não teve danos na estrutura, mas ao redor ficou tudo destruido”, contou ele com lágrimas nos olhos.

De acordo com ele, ao redor dos vizinhos a situação também era apavorante. “Perdeu-se tudo. Olhava para os lados e via aqueles morros destruindo tudo. Na propriedade do Moacir, no café Recanto do Vale, tudo foi levado. Muito triste ver a destruição que isso tudo causou”, relatou Rubem.

Bombeiro aposentado, Rubem disse que já havia visto muitas coisas na vida e se arriscado por várias vezes, mas nunca imaginou viver o que passou nesses dias. “Eu estava acostumado a presenciar diversas situações na minha profissão, foram 30 anos atuando, mas igual a isso que vivi, nunca. Não dormimos à noite, com uma lanterna apontada para o morro para ver se vinha mais terra. Foram três dias sem comer e dormir, vivendo aquele pesadelo. Não sabíamos o que ia acontecer. Não conseguimos sair sozinhos dali, ficamos isolados, sem luz, internet e sinal de celular”.

O pesadelo acabou quando eles foram resgatados por amigos e parentes. “Agradeço muito ao Augusto Pivetta e ao meu cunhado Mauro Brondani, que vieram de caminhão e nos resgataram. Ficamos na casa do Mauro por 15 dias. Sou muito grato à família dele que nos acolheu. Minha sogra, Gema Noal Brondani, e mais quatro pessoas também foram socorridas. Ela é acamada, mora na localidade São Valentim, em Vale Vêneto. Colocamos ela na cadeira de rodas, amarramos na plataforma do trator e a tiramos, senão ela teria morrido”, lembrou ele.

Agora Rubem salienta que o trabalho é de recomeço. “Perdemos algumas coisas na propriedade, mas agora é recomeçar, agradecer pela vida e esperar dias melhores. E valorizar a vida sempre, agradecendo a Deus, à nossa santa que nos protegeu, e rezar por todos que estão passando por dificuldades também”, concluiu ele.

 



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