Morador de Dona Francisca João Pedro Azevedo viveu as duas enchentes
Após 83 anos, o Rio Grande do Sul voltou a registrar uma grande enchente. Em 1941, a capital gaúcha enfrentou um alagamento histórico, que deixou cerca de 70 mil pessoas desabrigadas. Na ocasião, o nível do Guaíba, cuja cota de inundação é de 3 metros, chegou a uma altura entre 4,75 e 4,76 metros, segundo registros da época. Desta vez, o nível do Guaíba passou de 5,3 metros e, na quarta-feira (8), atingiu 5,07 metros.
Morador de Dona Francisca desde 1957, o senhor João Pedro Azevedo, 93 anos, tinha 10 anos quando a enchente ocorreu, ele morava na localidade de Boa Vista, em Paraíso do Sul nessa época. Em entrevista à Rádio São Roque, ele relatou que eram dias com chuva sem parar. “A água bateu no sobrado mais alto de Dona Francisca, ficou só na parte de cima de fora. Foram 12 dias e de 12 noites de chuva, lembro que muitos animais morreram, não deu tempo das pessoas tirarem. As pessoas eram resgatadas de barco, muitas pessoas se ajudavam.
Para colaborar com a história, a arquiteta Elenara Stein Leitão compartilhou uma carta de 1941 escrita por sua mãe, Helena Silva Stein, durante a tragédia. No relato, a então jovem de 16 anos conta detalhes da enchente histórica: "Os trens pararam e o telégrafo interrompeu. Estávamos simplesmente isolados do interior. Cinemas, colégios, Faculdade de Medicina e Direito ficaram cheios de flagelados e o governo sustentando todo o pessoal." A cidade esteve vários dias às escuras, sem água, sem leite, sem jornal, foi mesmo de assustar! Trecho da carta escrita por Helena Silva Stein publicada pelo jornal O Globo